Proposta de Criação de Rede de Escolas Autônomas no Município de São Paulo

As sugestões aqui apresentadas foram inicialmente formuladas pelo Grupo de Estudo de Gestão da EMEF Desembargador Amorim Lima, e apresentadas ao Sr. Secretário da Educação do Município, Sr. Alexandre Alves Schneider, em 07 de julho de 2006.
A proposta inicial foi posteriormente discutida e aprimorada por um grupo de educadores das seguintes unidades escolares:
EMEF Pres. Campos Salles
EMEI Gabriel Prestes,
e por pais de alunos da EMEF Prof. Olavo Pezzotti.

1) Considerações Iniciais

Acreditamos que, para o processo de construção da escola de qualidade, são necessários três aspectos, sempre intrincados, mas que podem ser assim resumidos:

a) A comunidade escolar precisa sentir a necessidade de ter uma escola de qualidade. Precisa dar-se conta de que a educação é um bem de valor inestimável – é um direito dos nossos filhos ter acesso a esse bem, e um dever nosso – dos adultos – cuidar para que esse direito seja respeitado. Percebida esta necessidade, a comunidade precisa ascender ao nível de desejar construir a escola de qualidade.

b) A comunidade precisa, daí, formular um projeto – precisa pensar e planejar os meios que poderão transformar o desejo em realidade.

c) A comunidade precisa, tendo formulado o seu projeto, dispor dos meios – materiais e intelectuais – para implementá-lo.

Logicamente os três passos estão sempre indissoluvelmente intrincados, e estão aqui separados de forma apenas ilustrativa. Por exemplo, a comunidade em extrema carência de meios: terá uma dificuldade enorme em superar as premências do cotidiano a ponto de ascender à formulação de um projeto. Ou ainda: não há, logicamente, uma fase estanque de formulação, e outra diversa, de “implementação”, pois que o Projeto vai-se propriamente constituindo no processo de implementação. De todo o modo, do que estamos convictos e o que queremos enfatizar é: as políticas públicas, por mais bem intencionadas que possam ser, têm poder de ação sobre o terceiro ponto e, eventualmente, sobre o segundo (fornecendo uma assessoria na elaboração do projeto, por ex.) – mas são absolutamente ineficazes quanto ao primeiro. No que concerne ao desejo, a história nos mostra que o que o Estado pode, e faz, é reprimí-lo, não despertá-lo.
Nossa hipótese é que a melhor, se não a única forma de sensibilizar uma comunidade da importância da educação de qualidade, é através do contágio. Como se verá a seguir, propomos aqui a formação de uma rede de autonomia – que colabore com a construção de uma escola de qualidade – de crescimento rizomático.