A prática do Projeto Pedagógico sob o ponto de vista dos alunos

_Mas você não sente falta das aulas expositivas?
_Para falar a verdade, não. Nenhuma falta.

A pergunta foi feita por uma mãe. E a resposta é de um aluno, o Lucas, que ingressou em abril deste ano no Amorim Lima. Ele está na sexta série e veio de uma escola tradicional particular. Como Lucas, outros estudantes toparam contar, no microfone, diante de cerca de 100 pessoas, como é o seu dia-a-dia na escola. Seus depoimentos foram o ponto alto da grande Roda de Conversa sobre a Prática do Projeto Pedagógico do Amorim.

A diretora Ana Elisa Siqueira abre a Roda de Conversa que discutiu a Prática do Projeto Pedagógico em 14/08/2012

Mas, afinal o que é esse projeto?

Se você quiser uma visão bastante aprofundada do projeto, pode clicar aí em cima, no Menu Principal deste site, em Projeto. Na Roda de Conversa, as professoras fizeram uma explanação geral dos pontos básicos. Resumindo:

O que é o Roteiro? No começo do ano, os alunos recebem apostilas com roteiros de pesquisas. Olha o exemplo de um roteiro neste link. Embora tenha esse nome “cinematográfico”, na verdade, o roteiro é algo bem simples: um conjunto de objetivos, relacionado a atividades que o aluno deverá executar para cumpri-los, com indicação de onde pesquisar (normalmente os seus próprios livros didáticos, mas também livros paradidáticos ou filmes; no exemplo do link acima, o roteiro sobre personalidades tem objetivos com atividades a serem desempenhadas com a ajuda dos livros de Português, Geografia, História e Ciências, além de textos extras anexados). O aluno lê o objetivo, desenvolve as atividades pesquisando nas fontes recomendadas e responde em um caderno. Cumprido um objetivo passa para o próximo, até finalizar o roteiro.

Os alunos do Ciclo I e do Ciclo II apresentaram seu dia-a-dia e responderam as perguntas de pais

O que é Portfólio? Assim que terminar de cumprir todos os objetivos do roteiro, o aluno deve preencher uma folha com um grande resumo de tudo que aprendeu naquele roteiro (com todos aqueles objetivos e atividades). Não é uma prova, mas é como se fosse – pois ele coloca ali tudo o que sabe sobre o determinado tema. Se o tutor avaliar que ele teve bom aproveitamento, o estudante passa para o próximo roteiro.

Mas em que momento o aluno responde esses objetivos dos roteiros? Em casa ou na escola? Em casa e na escola. Na escola, normalmente, isso acontece no Salão. Salas de aula do primeiro e segundo andar tiveram suas paredes derrubadas e hoje são enormes salões. Ali, os alunos ficam reunidos em mesas respondendo a seus objetivos. Enquanto os alunos lêem e escrevem, os professores se revezam entre as mesas para checar o que está sendo feito e para responder as dúvidas dos alunos.

A Roda de Conversa teve cerca de 100 pessoas

Além dos roteiros o que mais os alunos fazem na escola? MUITA coisa. Eles têm Oficinas de Matemática, Texto (Leitura e Escrita), Cultura Brasileira, Dança Étnicas, Educação Física, Artes e Brinquedos e Brincadeiras. Estas Oficinas são o que mais se aproximam das aulas em métodos tradicionais. Normalmente, grupos de 25 alunos recebem as orientações dos professores de cada conhecimento e desenvolvem com eles as atividades pertinentes.

Mas se não tem aula expositiva de Geografia, História, etc…como os alunos tiram as suas dúvidas? Mais uma vez, os alunos presentes na Roda de Conversa ajudaram muito neste esclarecimento: segundo José, aluno da sexta série, o aluno é orientado a se esforçar bastante para responder os objetivos do roteiro. Mas se ele não conseguir resolver alguma questão ou encontrar a resposta de alguma das perguntas, ele deve perguntar aos colegas que estão compartilhando com ele a mesa no Salão (de maneira geral, os alunos sentam-se em grupos de quatro estudantes nas mesas – é importante salientar que, embor compartilhando as mesas, esses alunos não necessariamente estão fazendo o mesmo roteiro). Se nenhum colega souber a resposta, então, o aluno deve levantar a mão e pedir a orientação dos professores que ficam circulando pelo Salão fazendo as correções. Este professor, ainda segundo José, vai explicar o conceito que levará o aluno a achar a resposta (nunca o professor responderá pelo aluno).

Os professores da manhã e da tarde revezaram-se para contar qual é o seu papel dentro de um projeto pedagógico como o do Amorim

– Mas e se o colega de mesa ajudar com algum conceito errado? O professor que passa nas mesas corrige os roteiros prontos. Além disso, o tutor, que acompanha mais de perto cada uma das crianças e lê seus portfólios, também ajuda a corrigir os conceitos equivocados. O interessante é que para o Projeto Pedagógico do Amorim, esse tipo de troca entre colegas de classe é fundamental, mesmo quando um aluno passa um conceito de forma imprecisa para o colega. A construção do conhecimento não se dá apenas na relação entre estudante e aluno, mas na relação entre os pares e na relação entre os alunos e o mundo. Para entender um pouco melhor o que isso significa, leia o depoimento do pai Júlio Henrique sobre o desenvolvimento do seu filho, Vinícius.

– O que fazer quando um aluno não encontra motivação para fazer os roteiros? No mundo ideal, todos os alunos deveriam sentir uma auto-motivação para cumprir os seus objetivos e, assim, completar os roteiros. Mas na prática, isso não acontece. Há, sim, alunos que precisam de uma interferência maior dos tutores e dos professores do Salão para desenvolver suas atividades. Reconhecida uma dificuldade, os professores entram em contato com os pais. E, no caso de deficiências ainda maiores (ligadas a problemas de aprendizado), os alunos são encaminhados para a Recuperação Paralela (feita no contraturno, isto é, fora do horário de aula).

Pais com mais tempo de Amorim deram seu depoimento salientando que o maior ganho que um aluno da escola pode ter é a relação com o conteúdo (o mesmo que será dado em qualquer outra escola) mas sem a divisão em disciplinas. Uma criança do Amorim nunca pensará de maneira fragmentada ou dirá “aprendi isso em geografia, ou aprendi isso em história, ou aprendi isso em ciência…”. Ele dirá simplesmente “aprendi isso”. E, pela maneira como se expressa, mostrará que aprendeu efetivamente. Sem necessidade de provas – pois ele é estimulado a saber que a única pessoa para quem ele precisa provar algo é ele mesmo.

A reunião, que durou três horas, ainda deixou pontos a serem discutidos. O Projeto, como ficou evidente para todos, está e estará sempre em construção. Uma nova data para outras discussões será agendada. Pais, alunos e professores receberão o convite.

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