Passeata no dia do Meio Ambiente – Finalização do trabalho do Instituto Romã

No dia 6 de junho comemoramos o dia do Meio Ambiente com uma passeata pelo bairro, evento que encerrou o ciclo de atividades do Instituto Romã na escola.
Primeiramente houve um aquecimento no pátio da escola onde aquecemos os tambores e aprendemos a cantar “Salve as Folhas” de Maria Bethânia. A passeata seguiu pela Corifeu em direção à fonte do Morro do Querosene, onde fizemos uma foto do grupo. Depois do retorno muito animado, ajudado por integrantes do Treme Terra, houve um delicioso lanche na escola.

Escola desenvolve projeto modelo de resgate cultural

Na Escola Municipal Desembargador Amorim Lima, em São Paulo, pais e professores se uniram com a proposta de cuidar da infância e preservar a cultura do País.
Com uma dose de boa vontade e seguindo a fórmula que soma carinho, organização, presença e participação da comunidade, a arte e a educação puderam caminhar juntas e fizeram da Escola Municipal Desembargador Amorim Lima, no bairro do Butantã, na zona oeste de São Paulo, um exemplo a ser seguido.
Tudo começou quando a Associação de Pais e Mestres da escola resolveu atuar de maneira mais ativa na vida escolar. Em um primeiro momento, as mães receberam a incumbência de inventar atividades para a hora do recreio. “Elas resgataram brincadeiras simples e populares que já fizeram parte da infância e hoje em dia ficaram de lado, como roda, pular corda, amarelinha”, lembra a diretora Ana Siqueira. A bagunça do recreio cresceu, integrou crianças e mães e ganhou o status de Oficina de Brincadeiras. “As crianças, hoje, vivem isoladas em casa, a rua é uma ameaça e todo o lado lúdico que o ato de brincar na rua oferecia se perdeu. A idéia é a de que a escola seja um espaço para brincadeiras, um local onde a criança exercite o direito de ser criança”, explica Conceição Acioli, coordenadora do projeto. Conceição é uma das mães da escola, com formação em teatro de bonecos e uma das mentoras de série de atividades que ocorrem no
colégio.
A proposta da direção da escola sempre foi clara: preservar a infância e a cultura do País. De que maneira? Mantendo viva a tradição. As festas juninas do Amorim contam com quadrilha e música caipira de raiz. “Aqui não tem Tchan ou popozudas, tomamos cuidado na escolha das músicas, daquilo que transmitimos aos alunos”, diz a diretora. “Outro aspecto importante é fazer com que as mães participem do desenvolvimento de seus filhos, que a mãe assuma o papel de mãe e também o de educadora”, observa Conceição. O segundo passo foi a criação da Cia. das Mães para teatro de bonecos. Elas foram as responsáveis pela confecção dos bonecos e roteiro das histórias apresentadas aos alunos na sala de leitura. Os
textos debatem temas como cooperação entre as pessoas, integração, respeito às diferenças e tópicos presentes no Estatuto da Criança e do Adolescente. Por meio das peças e brincadeiras, são mostrados conceitos e valores, um campo fértil para o aprendizado. “As crianças estão receptivas e aprendem com mais facilidade, de maneira divertida”, cometa Ana. A idéia cresceu e tomou forma de projeto que foi enviado à Fundação Abrinq. “Mandamos em 1999, o projeto voltou, fizemos ajustes e então passamos a participar do programa Crer para Ver”, conta Ana. O Crer para Ver tem como objetivo apoiar iniciativas e dar meios para a criatividade florescer dentro das escolas públicas. Uma contribuição da fundação à construção da cidadania. “Esticamos a verba que recebemos para o trabalho de um ano, para dois”, afirma a diretora. Atualmente, o projeto conta com apoio do Núcleo de Ação Educativa (NAE) e da Secretaria Municipal de Educação. Na prática – O Amorim Lima transformou-se em Oficina de Cultura Brasileira. Além da Oficina de Brincadeiras, os alunos das 3.ª e 4.ª séries ganharam aulas de dança popular, uma seqüência às brincadeiras de roda dos primeiros anos, acrescida de música ao vivo e movimentos coreográficos ligados às letras das canções. As aulas ocorrem às sextas-feiras, sempre no horário de aula. A coordenação dessa área é feita por Graça Reis e seu filho Téo, do Grupo Cupuaçu. O Cupuaçu é importante representante da cultura nordestina em São Paulo. Localizado no Morro do Querosene, onde os artistas se reúnem para preservar a memória das festas do bumba-meu-boi, o grupo tornou-se um núcleo de resistência e preservação cultural. “Ensinamos uma série de danças regionais como a cacuria, a ciranda, dança do caroço de Tutóia, entre outras. As crianças também têm a oportunidade de conhecer e aprender a tocar instrumentos regionais”, comenta Graça.
Mas não foi fácil vencer o preconceito de alguns pais. “Enfrentamos certa barreira criada por algumas pessoas que não entendem o significado da cultura brasileira. Então, tivemos de explicar claramente para familiares qual era a nossa proposta”, explica Ana.Nessa mesma linha, um jogo que certamente é um dos maiores expoentes da cultura do País: as aulas de capoeira oferecidas por Mestre
Alcides de Lima. A capoeira além de ser uma atividade física, exige muita atenção e disciplina por parte dos participantes, elementos que são assimilados pelos alunos. “Trabalho com a coordenação motora, sociabilidade, auto-estima e também com outras disciplinas, como história e geografia. Posso explicar o ciclo da cana-de-açúcar a partir da história da capoeira, por exemplo”, avalia Mestre Alcides. Para desenvolver a disciplina corporal, incentivar o respeito ao outro e estimular a concentração, os meninos recebem aulas de técnicas circenses fora do horário de aula. A coordenação fica por conta dos profissionais do Circo Nosotros. E, por fim, o músico Marcio Miele introduz aulas de musicalização. A escola já conta com um coral composto por 30 crianças da 1.ª à 3.ª série, que são acompanhadas, nas apresentações, por flauta doce. “Esse projeto pôde ser posto em prática por contarmos com o apoio da comunidade, que se dispôs a colaborar com a direção da escola”, elogia Ana. “Acredito que outras escolas possuem uma vizinhança interessada e talentosa como a nossa, é importante multiplicarmos essa proposta de reflexão e cidadania”, comenta Conceição. Todas essas atividades já fazem parte da vida da Escola Municipal Desembargador Amorim Lima, que deixou de lado a cara sisuda dos colégios tradicionais para ser um espaço de vivência. “Esse projeto já faz parte do currículo, quem quiser estudar ou trabalhar aqui sabe como funciona a escola e para nós todas essas ações têm sabor de conquista”, orgulha-se Ana.

Karla Dunder

Fonte: Agência Estado