Dia de Aprender Brincando

Escola promoveu no dia 17 de maio o Dia de Aprender Brincando. Atividade envolveu todos os estudantes da Amorim Lima.

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O Dia de Aprender Brincando aconteceu em várias escolas pelo Brasil, inspirado no Dia Fora da Sala de Aula que acontece no Reino Unido desde 2016, como parte de um projeto global que reúne experiências de aprendizagem de crianças ao ar livre, a campanha ressalta os benefícios da brincadeira para o desenvolvimento integral de meninas e meninos.

As ações buscam resgatar a importância do brincar, chamando a atenção da sociedade para os momentos destinados a essas atividades no cotidiano das crianças. Afastando-se da ideia de que a brincadeira corresponde a um tempo ocioso e sem utilidade. Além de divertidas, as brincadeiras também desenvolvem habilidades fundamentais, como resiliência, trabalho em grupo, criatividade e habilidades motoras.

Aqui na Amorim, coordenação, professoras e professores em conjunto com os estudantes preparam uma série de atividades para este dia. A coordenadora pedagógica da escola, Lis, explicou que “as crianças indicaram quais brincadeiras gostariam de brincar, os educadores resgataram as brincadeiras que nós brincávamos quando éramos crianças e assim fomos construindo este dia”.

Lis destacou que a ideia foi ocupar a praça, a rua, ocupar os espaços e todos se tornarem locais de brincadeiras. Além disso, discutiu-se o que é esta brincadeira e a importância que ela tem. Segundo a coordenadora, o grupo utilizou como base um texto do poeta Manoel de Barros (1916-2014) – Achadouros: encontros com a vida – ele foi o mote de que a brincadeira é o “achadouro” da infância e “este tesouro, que tem a infância, ensina. Ele ensina não didatizando. Não tem uma didática, por exemplo, isto é para o português e isto é para matemática. Neste dia, a corda esta ensinando, a bola está ensinando, vir à escola e não trazer mochila, cadernos e ainda assim aprender é o que torna este dia especial”, completou Lis.

As turmas da manhã e da tarde contaram com brincadeiras diferentes, de acordo com os combinados feitos pelos grupos. No período da manhã dentro da escola os estudantes jogaram tênis de mesa, futebol de botão, jogos de tabuleiro como, por exemplo: jogo da onça e Mancala Awelé, bolinha de gude, pega-pega com muitas variações, jogos de cartas, quebra-cabeças entre tantas outras atividades.

Já na rua em frente à escola aconteceu um circuito que tinha, entre outras estações, caminhada sobre pneus e túnel das cadeiras. Quem completava o circuito podia deixar suas impressões em cartazes. Além disso, várias brincadeiras de chão como amarelinha, caracol, labirinto. Nas quadras e na rua também se jogou futebol e vôlei.

No período da tarde, os estudantes foram divididos em dois grupos: o primeiro e segundo ano foram para a Praça Elis Regina, enquanto os outros anos foram para a Praça Rizzo. Nos dois a ideia era a mesma: liberdade de ação e escolha do que quiser fazer.

Depois de um tempo na praça, todos voltaram para a escola para um lanche e em seguida foram para as atividades da rua. Bolinhas e bolas gigantes de sabão, pular corda, corrida de saco e de ovo na colher, bambolê, amarelinhas, caracol, sete pedrinhas, polícia e ladrão, batatinha frita 1,2,3 além de quem escolheu jogar futebol ou simplesmente desenhar no chão.

Dentro da escola tinha jogo de taco e bolinha de gude. Na sala vazada o jogo da onça despertava a curiosidade das crianças. A quadra coberta recebeu jogo de vôlei.

Segundo a coordenadora a nossa sociedade hoje em dia distingue  brincar, aprender, trabalho, lazer. No entanto, as coisas estão muito mais juntas, basta nos lembrarmos da sociedade indígena e dos cantos de trabalho de tantos povos. “O Dia de Aprender Brincando ajuda a quebrar este paradigma de que estudar é só com caderno, lápis, livro. Com as brincadeiras a gente está estudando e brincando e podemos aprender muito”, completou.

Veja abaixo uma série de Galerias de Imagens do Dia de Aprender Brincando.
(Fotos cedidas por Simone Ezaki mãe aqui na Amorim)

Galeria 1

Galeria 2

Galeria 3

Galeria 4


Achadouros: encontros com a vida

Acho que o quintal onde a gente brincou é maior que a cidade.
A gente só descobre isso depois de grande.
A gente descobre que o tamanho das coisas há que ser medido pela intimidade
que temos com as coisas.
Há de ser como acontece com o amor.
Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores do que as outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade.
Mas o que eu queria dizer sobre o nosso quintal é outra coisa. Aquilo que a negra Pombada, remanescente dos escravos do Recife, nos contava. Pombada contava aos meninos de Corumbá sobre achadouros. Que eram buracos que os holandeses, na fuga apressada do Brasil, faziam nos seus quintais para esconder suas moedas de ouro, dentro de grandes baús de couro. Os baús ficavam cheios de moedas dentro daqueles buracos.
Mas eu estava a pensar em achadouros da infância.
Se a gente cavar um buraco ao pé da goiabeira do quintal, lá estará um guri ensaiando subir na goiabeira.
Se a gente cavar um buraco ao pé do galinheiro, lá estará um guri tentando agarrar no rabo de uma lagartixa.
Sou hoje um caçador de achadouros de infância. (…)

Manoel de Barros (2003a)