No final do mês de agosto e início de setembro aconteceu no Salão de Alfabetização um mutirão de revitalização. No mutirão foram reformadas as estantes, as paredes foram restauradas e pintadas, as cortinas lavadas e enfeitadas com fuxicos e o maior trabalho foi o de restauração dos livros utilizados pela turma do segundo ano.
Este mutirão foi o fechamento de um ciclo de um processo que teve início no primeiro semestre deste ano, em uma atividade durante a reunião das famílias dos estudantes do segundo ano com as tutoras.
A professora Lia propôs às famílias presentes na reunião que se reunissem, e como já haviam feito as crianças, pensassem em como seria a sala dos sonhos. Desta atividade surgiu um embrião de um projeto e principalmente de um trabalho em conjunto dos estudantes, suas famílias e tutores para a renovação da sala e de fortalecimento do sentimento de pertencimento ao local, aquele salão, no qual elas passam a maior parte do dia por todo este ano letivo.
Dos pedidos, e claro, dos sonhos e “viagens” de cada um, surgiu um projeto real e possível de ser executado. Lia explica que “Esse processo visava constituir um mutirão de transformação do ambiente com os recursos e disponibilidade do grupo envolvido concentrando as intervenções em um final de semana que surpreendesse as crianças que frequentam diariamente o salão”.
Foram 26 horas de trabalho das pessoas no mutirão de transformação, distribuídas entre os dias 25, 26 e 27 de agosto. Muitos pontos e fuxicos já haviam sido tecidos e bordados até então. Cada objeto da estante recebeu um reparo de cuidado e conservação. Lia destaca para o “mutirão de higienização dos livros trabalhou muitas horas para devolver às prateleiras os livros em ótimo estado para o manuseio. A organização de todo o processo de diálogo entre todos os envolvidos e os grupos de manutenção da escola marcaram a pontualidade e sucesso dessa ação”.
Trocando habilidades – Algumas mães e pais trouxeram para o mutirão sua expertise profissional para o processo e compartilharam seus saberes e habilidades com os outros. Raimundo, avô da Cecília da turma da tarde, marceneiro, ensinou e orientou todo o processo de restauração da estante, indicando os materiais necessários para o trabalho e nos dias do mutirão estava lá executando e orientando seus “aprendizes” de marceneiro.
Para ele foi muito gratificante “poder fazer algo efetivamente que auxilia diretamente na melhoria do aprendizado de minha neta e de todas as crianças. Também é muito pensar que este trabalho ficará para quando o pessoal que está no primeiro ano chegar para utilizar o salão”.
Renata Idargo, mãe do Uerá do período da manhã também trouxe sua experiência profissional na arrumação de espaços para atividades para as crianças. “Ao participar deste mutirão senti que alguns de nós já começamos a entender que lamentar sobre a realidade não tem o mesmo poder que celebrar a união e fazer o que precisa ser feito”.
Ela ressalta que no mutirão, todos fizeram aquilo que mais gostariam de fazer e se sentiram muito fortalecidos com esta ação. “Sou muito grata por ter feito parte disso, saí confiante e alimentada de que há algo mágico acontecendo no mundo e somos parte desta transformação”, completou.
Livros bem cuidados – A revitalização dos livros trouxe outra experiência de atuação profissional. Michele ofereceu seus conhecimentos no trabalho como auxiliar de biblioteca e sua formação técnica que inclui higienização e reparos em acervos bibliográficos. Ela também atuou e orientou seus “auxiliares” durante todo o processo.
“Foi muito bom, porque no início achei que eu ia chegar e só higienizar os livros, no entanto, acabou acontecendo uma oficina com os estudantes, na qual eles puderam participar desse processo também. Muitos diziam que iam ensinar os pais a limpar os livros em casa”, explicou Michele.
Os livros estavam com muito pó e isso impedia as crianças de os manipularem, causava desconforto, desinteresse, sem contar que essa poeira é prejudicial à saúde. A ideia da oficina, que aconteceu em três dias diferentes, durante todo o período de aula foi fazer com que as crianças recuperassem o interesse no acervo da sala e pudessem usufruir dele sem colocar em risco sua saúde.
Michele destaca que este processo é algo muito importante “porque pode se tornar contínuo e acontecer em outras turmas também. O interesse que as professoras e as crianças demonstraram foi gratificante, assim como a postura das crianças em relação aos cuidados com a sala de modo geral”, completou.
Os pais e mães mais experientes no trabalho de pintura e restauração das paredes cuidaram de deixar a sala bem mais bonita e aconchegante. Outro grupo cuidou das cortinas que foram inclusive lavadas e receberam enfeites de fuxico feitos por outro grupo de familiares. Um grande trabalho coletivo.
As professoras Lia, Gisele e Isabel, tutoras do segundo ano, trabalharam com as crianças durante o tempo do processo o estímulo à autonomia das crianças para cuidarem do espaço de convivência e aprendizado. Tudo embasado pelo o Projeto Político Pedagógico da Amorim Lima. Todo o trabalho foi feito em consonância com a gestão da escola.
Para Lia o objetivo de todo este trabalho foi plenamente alcançado. “O engajamento das famílias em construir um espaço pedagógico mais acolhedor e estimulante para os estudantes conversa com o objetivo do Projeto Pedagógico da escola, em seus valores fundamentais de solidariedade e democracia, como apoio para uma intenção educacional que soma os saberes de todos os envolvidos no grupo, que frequente este espaço: estudantes, educadores, famílias e comunidade”, completou Lia.
“A paisagem do salão enche os olhos de quem o visita ou frequenta. Ao entrarem na sala, na segunda-feira após o mutirão, as crianças balbuciavam “uau!”, “hum, entrei na sala errada!” e o dia começou com uma roda de inauguração do novo salão com as crianças e as famílias, pela manhã e tarde” finalizou Lia.
No mês de outubro, o trabalho do mutirão continuou com as crianças e as tutoras com o apoio de algumas mães. Juntos organizaram os livros, cortaram e prepararam capas para as mesas e estante de livros e colocaram nas paredes os quadros novos.
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