“Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas.” Esta frase do escritor, psicanalista, educador e teólogo, Rubem Alves é uma das que mais sintetiza nossa escola. Uma escola que nasceu para ser asa.
É exatamente na Festa Junina que ela abre suas asas e convida a todos para uma grande viagem pela Cultura Popular Brasileira. Em nossa Festa Junina estudantes, famílias, professoras, professores, enfim toda a comunidade entra em contato com a riqueza cultural de nosso país.
A Cultura brasileira entrou na escola antes de existir o Projeto Político Pedagógico – PPP. A diretora Ana Elisa lembra que “a questão da cultura acabou acontecendo na Amorim por decorrência de uma série de fatores e ações. As coisas foram acontecendo e as ideias surgindo. Não foi uma coisa pensada diretamente – temos que inserir a cultura na escola”. Segundo a diretora, o mote era a participação. E ela aconteceu pela Cultura, porque se acreditava que isto faria a diferença. “Entrar na escola para arrumar e limpar a escola é uma coisa. Entrar na escola para brincar, dançar, cantar, para fazer teatro é outra bem diferente” completa Ana.
“A Cultura foi o elemento que costurou e interligou esta nossa maneira de desenvolver o aprendizado aqui na Amorim”, explica a diretora. A Cultura é um dos pilares de nosso PPP como diz um de seus objetivos específicos: “Ampliar as experiências culturais para a transformação das relações entre os homens em sociedade”. E nossa Festa Junina é uma das ações estratégicas, que são pensadas para colocar em prática outro objetivo específico: “Criar e organizar os espaços para o pleno desempenho do projeto”.
Em nossa Festa deste último dia 15 de junho, aconteceram apresentações de 16 diferentes manifestações culturais brasileiras, das regiões Norte, Nordeste e Sudeste, que mostram as influencias africana e portuguesa na formação do povo brasileiro.
Do Amazonas veio o Boi de Parintins. Do Pará vieram o Carimbó, a Dança das Pretinhas da Angola, o Vaqueiro do Marajó, o Boi de Pavulagem e a Cacuriá. Do interior de São Paulo o Jongo, que também tem versões no Rio de Janeiro, onde é um dos responsáveis da origem do samba e a Moçambique, que além deste dois estados ainda acontece em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e em Goiás. De vários estados do Nordeste vieram o Coco, o Boi-bumbá, o Xote e o Forró que reúne uma série de ritmos.
Tudo com música ao vivo, com a participação de familiares, professoras, professores e pessoal do quadro de apoio, que tocam e cantam, muitos até profissionalmente e compartilham sua arte com toda a escola. Como por exemplo, aconteceu com o Grupo Babado de Chita, que acompanhou a apresentação do Jongo.
Além disso, a Capoeira e o Maracatu, que além de estarem sempre em nossa Festa Junina estão no dia a dia da escola, como parte do aprendizado nas oficinas culturais do Projeto da Amorim Lima.
Mariana, mãe da Luiza do 4º da tarde, que está na Amorim desde o primeiro ano, sentiu uma nova emoção este ano: “achei as danças maravilhosas. Acho que este ano a escola se superou na criatividade, na beleza e na mostra de danças regionais. Sempre lindo ver a participação da comunidade Amorim se empenhando para realizar está festa. Aprendemos com a escola que é possível conviver com base no respeito, no amor e na alegria em compartilhar a cultura popular do nosso país”.
Estas manifestações culturais não são apenas para que os estudantes ensaiem e se apresentem para que seus familiares assistam, fotografem e filmem. Elas são parte integrante do aprendizado e desenvolvimento de todos. Tudo é pesquisado e trabalhado dentro das Tutorias e Oficinas, que são dois dos vários dispositivos, que permitem a realização na prática dos Objetivos Específicos do Projeto Político Pedagógico da Amorim Lima.
São muitos os exemplos. Helena do 4º da tarde, enquanto ensaiava em casa os passos do Jongo, explicava para seus pais a origem da dança e para que eles prestassem atenção no começo da apresentação quando todos saúdam o tambor, mostrando a importância de manter uma tradição cultural e o respeito que ela demanda. Sua parceira na dança, Luiza, também do 4º ano da tarde, sentiu a mesma força da tradição cultural na saudação do tambor e o quanto o Jongo é coletivo e do grupo.
Raul do 6º ano da tarde estava feliz depois de ter participado e três atividades: capoeira, samba e forró, assim como Ramiro do 4º ano da manhã, que dançou o Boi de Parintins. Vicente, do 4º ano da tarde dançou o Jongo e disse que antes de começar estava com um pouco de vergonha, mas que bastou começar para gostar muito de ter participado.
Este é outro ponto importante destas manifestações culturais, pois as danças não são “coisa de menina” ou “coisa de menino” todos participam e descobrem novas formas de se expressar.
As atividades Culturais trazem outros desafios para as crianças. Ana Elisa ressalta que “também existem desafios na Cultura, no entanto, são desafios diferentes, porque fazem sentido para as crianças, pois muitas vezes dentro do pedagógico eles não percebem o sentido de alguns desafios e com a Cultura eles começam a fazer”.
Participação e Ação – Estudantes, famílias, mães, pais, professoras, professores, tutores, gestão, quadro de apoio, enfim toda a Comunidade Escolar se envolve nos trabalhos e funções para que a Festa Junina possa ser ao mesmo tempo aprendizado, diversão, integração e principalmente um espaço de Ação e Participação de todos.
Isso se sente na Festa quando se caminha e olha dentro das barracas. Todas estas pessoas trabalhando em conjunto, cada um dando um pouco de seu tempo e carinho, para que todos possam compartilhar este dia.
Jandira e Paulo, pais do Vicente, do 4° ano da tarde, expressaram este sentimento: “2019 é a nossa primeira festa junina na Amorim. Ficamos muito felizes de nos sentir parte desta comunidade e festejar esse encontro e essa convivência que nos alimentam e fazem tudo ganhar sentido. Decoração linda, comidas deliciosas feitas e servidas por muitas mãos, música ao vivo e de excelente qualidade. Tudo construído junto. Que alegria estar aqui! Ficamos especialmente emocionados com o ritual das lanternas, o cortejo do maracatu e os tambores. Nossas crianças e nossos corações caminhando juntos. Que coisa linda!”.
Pedro, pai do Benjamin, do 2º ano da tarde está em sua segunda festa. Para ele “essa não é só uma festa junina. Além de churrasquinho, milho, pamonha e cural, é maravilhoso notar a força do processo colaborativo que a Amorim construiu. Desde as prendas e brincadeiras até a arrumação no final, tudo envolve muita dedicação e amor. E isso também é educação”.
Um grupo de voluntários faz a montagem das barracas um dia antes e sua desmontagem no final da festa, pois na segunda-feira tudo precisa estar no lugar para receber os estudantes. Além disso, uma semana antes da Festa a Comissão de Projetos e Manutenção realizou uma série de reparos na área da churrasqueira para que o churrasco e a pizza da festa ficassem ainda mais gostosos.
Outro grupo se dedica a cuidar da cozinha, preparando as comidas, e que comidas sempre temos em nossa festa! Cada Tutoria cuida de uma barraca de comida ou de uma brincadeira. As famílias se revezam no cuidado de cada uma delas.
No encerramento tivemos dois rituais especiais e que são tradição aqui na Amorim Lima. O Ritual Fogo e o Cortejo das Lanternas. No Ritual do Fogo, a turma do 9º ano que deixará a escola, passa aos pequenos do 1º ano, o fogo que simboliza o conhecimento que mantém nossa escola viva e projeta a sua continuidade. Com isso, a comunidade sai a rua em cortejo, levando a luz deste conhecimento para todos.
Fonte de renda – A Festa Junina da Amorim é a maior fonte de renda para a nossa APM – Associação de Pais e Mestres, que é a grande responsável para manter funcionando as Oficinas Culturais que estão na grade curricular e as que estão nos contraturnos. Capoeira, música, teatro, violino entre tantas outras outras atividades que nossos estudantes participam continuam acontecendo graças as ações da APM. Por isso, a nossa contribuição é muito importante. Saiba como contribuir com a APM neste link.
Veja abaixo galerias de imagens da Festa.
Galeria 1
Galeria 2
Galeria 3
Galeria 4