No dia 5 de maio aconteceu em nossa escola a Festa dos Povos Originários. Ela foi um dos pontos de chegada de um processo vivido, entre os estudantes, em todas as Tutorias para pensar, refletir e sentir a Cultura Indígena brasileira.
O dia foi recheado de atividades que levaram a esta reflexão sobre a situação dos indígenas em nosso país. Na abertura da festa foi compartilhado um delicioso almoço com arroz, peixe e pirão no estilo da culinária indígena. Compartilhado, como são compartilhadas as refeições nas aldeias.
Um dos pontos mais marcantes foi a pintura, em uma parede da escola, de um grande mapa do Brasil com a indicação das terras indígenas e a situação em que elas se encontram: homologada, declarada, identificada e em identificação. O mapa foi feito com informações do ISA – Instituto Socioambiental, que tem forte atuação nas questões indígenas no Brasil.
Pintura do Mapa das Terras Indígenas.
Várias pessoas, entre adultos e crianças, participaram pintando o nome das diversas etnias de nosso país formando um grande mural. Este espaço gerou muita conversa entre os participantes da festa, pois despertava o interesse pela situação de vida de nossos indígenas.
Em outro local também se podia conhecer a situação das etnias dentro do município de São Paulo, que conta com duas etnias: os Guaranis, em Parelheiros e no Jaraguá e os Pankararus no Morumbi. Entre eles, os da aldeia Tenondé Porã, de Parelheiros onde vivem cerca de 1.200 pessoas, são os mais estruturados. Os Guaranis da aldeia do Jaraguá são os que vivem nas piores condições.
Uma contação de histórias na biblioteca convidou estudantes e suas famílias para que escolhessem as histórias que gostariam de ler para os presentes. Também lá aconteceu um Sarau Poético organizado pelos estudantes do 9º ano.
Contação de histórias e lendas indígenas.
Rodas de conversa trouxeram luz sobre o debate a cerca da Cultura Indígena. Em uma delas se conversou exatamente sobre a Aldeia do Jaraguá, com base na exibição do Filme “Ara Pyau – A Primavera Guarani” de Carlos Eduardo Magalhães, que participou da roda. O filme conta sobre o evento de ocupação dos indígenas, em setembro de 2017 de uma torre de antena de comunicação que ficava no meio de suas terras recentemente reduzidas por portaria ilegítima, que pela primeira vez na história do país desmarcava terras já demarcadas e retirava direitos já concedidos. Sendo que a reserva indígena de Jaraguá foi uma das primeiras a ser demarcada no Brasil e também é até hoje a menor área de preservação de todo o país.
Ronil Baniwa conta sua experiência de São Paulo.
Outra roda de conversa falou sobre os Conflitos de Terras e contou com a participação de Claudia Guarani, da Aldeia Tenondé Porã e Simone Magalhães do MST. O indígena Ronil Baniwa conversou com as crianças do 2º ano sobre a sua experiência de vida, ele de uma etnia do Alto do Rio Negro na Amazônia, em São Paulo. Também lá no Salão de Alfabetização os estudantes do 2º ano preparam uma exposição com o resultado de suas pesquisas e fizeram uma pequena apresentação. Outra roda de conversa, no espaço que existia a nossa Opy, que estava ambientada com redes, se debateu sobre a Opy e o que aconteceu com ela.
Redes para se sentir como os indígenas no espaço da Opy.
No Laboratório de Ideias foram exibidos três curtas-metragens: “Depois da guerra, o ovo”, de Komi Panará (Etnia Panará); “Das crianças Ikpeng para o mundo”, de Kumaré Txicão e “Waapa”, de David Reeks, Paula Mendonça e Renata Meireles. Este último contou com uma roda de conversa com os indígenas Yabaiwa Juruna e Tawayku Juruna. Waapa mostra o brincar do povo Yudjá, da aldeia indígena Tuba Tuba, que habita as margens do rio Xingu, no Mato Grosso.
Completando a festa podia se passear pelos espaços e andares da escola e conhecer o resultado das pesquisas de várias Tutorias. Por exemplo: o segundo ano estudou os hábitos alimentares, a moradia, o dia a dia da cultura indígena. Já a Tutoria da Flávia trabalhou o tema “Mentiras contadas sobre os Povos Indígenas”. O intermediário da manhã estudou o significado dos nomes de locais de nossa cidade vindos diretamente do idioma indígena. Também foram trabalhadas as lendas, a alimentação, o ritual da morte e uma linha do tempo analisou como foram dizimadas muitas etnias e como elas vem se recuperando. Um painel, que foi exibido no atrium, foi pintado utilizando pigmentos à forma indígena com carvão, urucum, açafrão, terra e óleo
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Exposição dos trabalhos das Tutorias.
O processo de conversas, debates, estudos e pesquisas sobre a Cultura Indígena continuam em nossa escola apoiados pelo Projeto Político Pedagógico e sua importância na formação de nossa cultura e o que isto representa para o futuro.
Confira neste link uma Galeria de Imagens da Festa dos Povos Originário.