Festa do Pijama e Acantonamento na escola

As turmas do primeiro e segundo ano da tarde se uniram para uma Festa do Pijama e acantonamento na escola. Cerca de 40 crianças passaram à noite de sexta, 30 de junho, para o sábado na Amorim Lima acompanhadas das tutoras do primeiro e do segundo ano, com o apoio da coordenadora pedagógica e de dois estagiários.

A turminha participou de “baladinha”, gincana, contação de histórias e música em volta da fogueira, lanche coletivo, assistiu a filmes e claro participou de muita brincadeira.

Este evento é mais um do resultado da integração entre as duas turmas. A ideia partiu do segundo ano, como um ponto de finalização de um processo do Projeto da Oficina de Leitura e Escrita da turma Alfabetização da tarde. A professora Isabel tutora do segundo ano, explica que neste primeiro semestre o objetivo do projeto é de estimular de forma adequada o processo de leitura e de escrita, apostando nos caminhos essenciais para o despertar do educando para o mundo leitor e para a sua realização pessoal.

A tutora do segundo ano contou que na oficina foi promovido um encontro com alguns gêneros textuais, como por exemplo, bilhete, convite e carta “e o contato com a leitura, escrita e oralidade de maneira prazerosa, além de atitudes reflexivas desenvolvidas para facilitar a aprendizagem”.

Segundo Isabel para culminar a construção de conhecimento deste semestre foi produzido pelos educandos, por intermédio da escrita coletiva, um convite para a turma do Primeiro Ano “para uma grande Festa do Pijama, tendo como objetivo divertir e comemorar o progresso dos educandos”, completou.

Além de ser o ponto máximo do projeto da Oficina de Leitura e Escrita, Isabel explicou que “o objetivo da noite foi quebrar os paradigmas e salientar umas das diversas formas que podemos trabalhar autonomia e vivenciar o quanto somos diferentes e que temos necessidades diferentes. É um paninho, um ursinho, uma foto, um cheirinho, enfim, isto também nós faz diferentes e diz quem somos e de onde viemos. Que somos todos diferentes e esta diferença deve ser respeitada e aceita por todos”, completou.

O convite foi prontamente aceito pela turma do primeiro ano e isto deu a partida para toda a organização da noite e iniciou um processo muito enriquecedor entre as crianças. A euforia e a empolgação misturadas com a apreensão, para algumas das crianças que não estão acostumadas a isso, com o fato de não dormir em casa.

Construção da Autoestima – A professora Cica contou que os dias que antecederam a festa do pijama já criaram nas crianças muitas expectativas e que foi preciso muitas rodas de conversa para sanar questionamentos sobre o evento: “Prô, e se eu fizer xixi e não perceber?”; “Posso trazer meu paninho de dormir?”; “Prô, posso trazer três pijamas para emprestar para quem não tem?”; “Prô, eu não tenho colchonete posso vir assim mesmo?”. Cica lembra que foram tantas questões, nas entrelinhas das perguntas e das dúvidas, que “estava implícito o quanto eles queriam esse acontecimento e que não queriam que nada fosse empecilho para tudo dar certo”, completou.

As famílias também perceberam esta inquietação e euforia. Marcelo, pai da Helena do segundo contou que desde a proposta da professora para o grupo, sua filha começou a trabalhar a questão. “Ela não está acostumada a dormir fora de casa, a não ser nas vezes que ficou na casa da avó”, explicou Marcelo. Ele contou que foi muito interessante vê-la construir a confiança, levantar a autoestima para participar do processo por ela mesma, “ela oscilou entre a euforia e o medo de dormir na escola e percebeu que é ela que decide os caminhos. Que pode participar ou não de algo por decisão dela”, completou.

Will pai da Cecília, também do segundo ano, contou que o processo com sua filha foi na mesma linha, “apesar de estar acostumada a ficar na casa dos avós, tios e alguns amigos muito próximos, ela também teve dúvidas se conseguiria, no entanto, conquistou a confiança e foi em frente”.

Como o Projeto da Amorim Lima sempre leva em consideração a integração e o envolvimento das famílias, mães e pais também participaram do processo. As famílias receberam indicações de uma lista para levar alimentos para o lanche coletivo e foram convidadas, ao levar as crianças para a escola, a arrumar a cama e “participar de um ritual de passagem” de entrega das crianças para as tutoras. Matias, pai da Luna do segundo ano, deixou as madeiras para fogueira arrumadas de uma maneira que bastava acender o fogo e não dar trabalho para as tutoras, nem trazer riscos ara a turminha.

Denise, mãe da Sara do primeiro ano conta que ela e o marido “adoraram” o evento como um todo. “A organização que antecedeu a festa já causou um impacto, com todas as recomendações da professora, sobre a possibilidade de levar paninho, naninha, bichinhos, deixaram a Sara bem a vontade e segura para dormir na escola e fez ela  perceber que cada hábito foi levado em consideração”, completou.

A tutora Cica destacou que “a chegada delas na escola foi mágica. As crianças foram chegando e quando viram as educadoras e os estagiários de pijamas mostraram-se surpresos e muito felizes de ver que havíamos embarcado em um momento feito para eles e com eles. O momento do acolhimento das famílias foi muito significativo, porque as famílias puderam preparar a despedida com muito afeto, arrumando as camas de suas filhas e filhos, e de uma maneira muito tranquila foram deixando a escola”, completou.

Isabel contou que a festa foi organizada com o objetivo de integrar ainda mais a turminha e incentivá-los a passar uma noite diferente, “divertida e prazerosa com atividade de cunho recreativo e educacional, pois acredito que toda ação traz um aprendizado”. Assim as atividades foram pensadas da seguinte forma:

– Arrumação das Camas – União e ponto importante de entrega da família.
– Baladinha – As músicas da balada foram pensadas de acordo com o gosto particular de cada educando, com o intuito de contemplar o gosto de cada um.
– Gincana – Buscar explorar o espaço rotineiro em uma noite de brincadeira.
– Lanche – Foi pensada uma alimentação saudável, mas também contou com guloseimas para alegrar a noite da turma.
– Fogueira – Aquecimento e vínculo “olho no olho” em um momento de aquecer e se divertir com “historinhas de terror” narradas pelos próprios educandos. Além da música regada de muito estilo pelos parceiros Flor e Tomas (estagiários de psicologia) que alegraram o sarau.
– Café da Manhã – Agradecimento e socialização das famílias com os seus pequenos. Afinal, foi um grande salto para o grupo como ressaltaram as tutoras.

Tranquilidade e confiança – Tanto Isabel como Cica ressaltaram como a noite foi tranquila em relação às crianças, pelo fato de muitas delas não terem nunca dormido fora de casa nestas condições sem ninguém da família. A tutora do primeiro ano disse ainda que chegou a pensar que alguma delas pediria para telefonar para os pais para buscá-la. “Isto não aconteceu. Em nenhum momento as crianças falavam de seus pais ou responsáveis, elas estavam tão felizes e queriam muito vivenciar tudo isso” completou.

Cica também contou que conforme a noite ia acabando e a madrugada chegando, gradativamente as crianças foram cada uma no seu tempo se aquietando e dormindo, “e nós educadoras ali atentas a cada uma, seja acalentando aquelas que falam dormindo, cobrindo aquelas que se descobriam. Ficamos ali zelando para que os pequenos pudessem ter uma noite de sono tranquila após uma sexta de muita diversão”. Ela contou que quando o dia amanheceu foi quando que ela ficou mais emocionada. “Foi no amanhecer das crianças, ao lado dos familiares e na expressão de felicidade das crianças que ficou explícito que valeu a pena!”, ressaltou.

Isabel destacou que foi notória a alegria da turma durante todo o processo, principalmente o amanhecer com o grupo inteiramente alegre relatando o quanto gostou e já questionando as tutoras quando seria a próxima festa.

“Constatamos o quanto a festa do pijama (com o acantonamento para concluir a diversão) deu oportunidade a interação e autonomia. Autonomia esta que trabalhamos tanto no ambiente escolar e julgamos ser uma ferramenta importantíssima”, comentou Isabel.

Além disso, a tutora do segundo ano atestou também que a Festa do Pijama foi uma aventura que ficará marcada no imaginário da turma. “Tenho certeza que foi uma experiência que contribuiu, ainda mais, para a aquisição da autonomia e crescente independência. Além, do fortalecimento dos laços afetivos, tanto com seus amigos da turma como com as educadoras”, completou.

Cica também viu, após a Festa do Pijama, uma mudança ainda maior nos familiares. “Eles nos deram um voto de confiança, afinal confiaram a nós a guarda de suas filhas e filhos e quando chegaram no dia seguinte ficou nítido do quanto valeu a pena confiar e que foi um passo importante e delicado, no entanto que era possível e positivo para o desenvolvimento da autonomia das crianças”, finalizou.

Integração primeiro e segundo ano – Isabel explica que a turma do Salão de Alfabetização desde o primeiro dia de aula, se comprometeu a ser parceiro da turminha do Primeiro Ano, parceria esta, que não ficaria apenas na ação de apresentar a Unidade Escolar e pronto.

“Estabelecemos uma parceria de ajudá-los a compreender a rotina e dar oportunidade de passarmos momentos juntos como Sessão de Cinema, Roda de Conversa, Contação de Histórias, Oficinas Recreativas, Descobertas, enfim o que pudessem compartilhar”, finalizou Isabel.

Cica também destacou a importância e a força desta integração dos grupos como foi antes da Festa do Pijama com a apresentação de dança na Festa Junina. “Na festa do pijama, as crianças interagiam como se fosse um mesmo grupo, brincando e conversando. É uma relação que não é pautada entre os mais velhos e mais novos, e essa integração é perceptível até mesmo na relação deles com as Educadoras”, completou.

Veja abaixo uma Galeria de Imagens da Festa do Pijama.