Histórico

Histórico

Em 10 de agosto de 2005, Stella Maris Nicolau e Luis Braga (pais de alunos e colaboradores da escola), propuseram ao Conselho de Escola a constituição de um grupo de alunos para pensar e preparar a implantação de assembléias de alunos na EMEF Amorim Lima. A proposta foi aprovada pelo Conselho e em 11 de agosto de 2005, Stella e Luis percorreram todas as classes do ciclo II convidando à participação.

A primeira reunião com o grupo dos alunos interessados aconteceu em 17 de agosto de 2005, com a presença de 15 alunos. A partir dessa data fizemos reuniões
semanais com os seguintes objetivos:

  • entender o funcionamento do Conselho de Escola e o papel dos alunos nas instâncias de deliberação.
  • compreender o que é uma assembléia e como esta se organiza.
  • discutir o papel do aluno na vida escolar.

As reuniões foram conduzidas com jogos de integração, técnicas de dinâmica de grupo e simulações de assembléias.
Este grupo decidiu, e o Conselho de Escola aprovou, a realização das primeiras assembléias de alunos em 25 de novembro de 2005. Foi enviada carta aos educadores da escola a fim de esclarecê-los sobre a importância destes acompanharem e apoiarem as assembléias, deixando todavia a coordenação a cargo dos alunos.
O grupo de preparação elencou 12 temas que julgou de interesse do conjunto dos alunos da escola. Organizou-se uma eleição a fim de escolher, entre esses temas, os 2 que seriam pontos de pauta das assembléias.
Os dois temas mais votados pelos alunos e que seriam pontos de pauta das assembléias foram:

  • Uso dos computadores no salão.
  • O modo de formação dos grupos dos alunos no salão.

No dia 25 de novembro de 2005, os alunos do grupo de preparação, agora com 9 integrantes, dividiram-se em trios e coordenaram simultaneamente três assembléias pela manhã e três assembléias à tarde. A escola disponibilizou equipamento de som (microfones) nas salas, e cada assembléia contou com cerca de 100 alunos e com a presença dos professores que se prontificaram a apoiar os coordenadores caso houvesse necessidade, mas mantiveram a postura de observadores, deixando a cargo dos alunos a condução do processo.
Em todas as assembléias foram discutidos os dois pontos de pauta mais votados pelos alunos e também outros assuntos relativos à vida escolar foram levantados por estes. Alguns em tom de queixa, outros em forma de sugestão. O clima nas assembléias oscilou entre momentos de maior agitação e tumulto, para momentos onde se respeitavam as inscrições e a palavra era pedida com respeito. O grupo de preparação avaliou que o saldo fôra positivo, e que os alunos coordenadores conseguiram conduzir com segurança as assembléias, e esclarecer aos presentes que as deliberações das assembléias só poderiam efetivar-se depois de discutidas e aprovadas pelo Conselho de Escola, instância máxima de decisão da escola.
Em 30 de novembro de 2005, em reunião de Conselho de Escola, os coordenadores
das assembléias apresentaram uma avaliação das seis assembléias que ocorreram na escola e apresentaram uma série de queixas e reivindicações dos alunos, tais como, o pedido de estes escolherem seus grupos de estudo no salão, a instalação de armários para guarda de pertences, a melhor organização do uso dos computadores no salão, a realização de campeonatos esportivos na escola, a confecção de carteirinhas para identificação dos alunos e outros. O Conselho avaliou a experiência como positiva e o grupo de preparação se disponibiliza a continuar o trabalho em 2006.
Em Março de 2006, retomam-se as reuniões do grupo de preparação, mas o mesmo encontra-se esvaziado, com três alunas atuantes. Discute-se a necessidade de nova estratégia de trabalho e, juntamente com o Conselho Pedagógico discutiu-se a necessidade de revitalizar os Grupos de Responsabilidades.
Cada tutoria deveria constituir um grupo de responsabilidades e enviar um representante para reuniões com o grupo de preparação de assembléias. Foram feitas três reuniões que agregaram os representantes de todas as tutorias a fim de discutir as tarefas dos grupos de responsabilidade. Nessas reuniões os alunos se queixavam de dificuldades na esfera dos relacionamentos na escola, onde os problemas ocorriam devido a falta de respeito e de compromisso de alunos, educadores e funcionários. Nesse sentido o grupo de preparação sugeriu que se criasse uma Carta de Princípios de Convivência, onde todas as tutorias se comprometessem a discutir e sugerir pontos para compor essa carta, e assim o fizeram.
Mais de 40 grupos apresentaram sugestões à Carta dos Princípios de Convivência
e o grupo de preparação as compilou, buscando contemplar todas as sugestões, sendo os pontos polêmicos levados ao Conselho de Escola.

A redação final da carta foi aprovada na reunião extraordinária do Conselho
de Escola de 17 de novembro de 2006.

Regulamento Interno para Escolas em Regime de Autonomia

Regulamento Interno para Escolas em Regime de Autonomia

I – Objetivos e âmbito de aplicação

O presente Regulamento, após aprovado pelo Conselho de Escola, passará a ser parte integrante do Projeto Político Pedagógico, visando:

1) Explicitar as diversas instâncias de poder que compõem o coletivo da escola, organizando-as no sentido da melhor implantação do Projeto Pedagógico e do mais harmônico e eficaz funcionamento da escola. Apesar de propor instâncias e uma particular relação entre elas, o propugnado neste Regulamento coaduna-se absolutamente com as normativas que regem a educação brasileira, tanto a nível federal quanto a nível municipal, cabendo destacar:
1.1) O Estatuto da Criança e do Adolescente
1.2) As Leis de Diretrizes e Bases da Educação
1.3) O Regimento Geral das Escolas Municipais de São Paulo

2) Favorecer a tomada compartilhada de decisões procurando, todavia, não incorrer em excesso de burocracia que venha a prejudicar a agilidade necessária ao atendimento das demandas do funcionamento diário.

II – Dos Órgãos da Escola e de suas atribuições

De acordo com este Regulamento, e a despeito de outras considerações, será o coletivo da escola organizado através das seguintes instâncias:

1) O Conselho de Escola

De caráter paritário, o Conselho de Escola, caracterizado no Regimento Geral das Escolas Municipais, é o órgão deliberativo máximo da escola. Conforme estabelecido no Regimento Geral, o Conselho de Escola será composto:

a) No caso das EMEF’s, de acordo com o número de salas da unidade escolar:
• Por até 10 representantes dos alunos.
• Por até 10 representantes dos pais / responsáveis pela educação.
• Por até 10 representantes dos professores.
• Por até 10 representantes da equipe técnica da escola, incluindo sua diretora, que tem no Conselho assento garantido.

b) No caso das EMEI’s, a paridade se dará entre os pais e a equipe escolar, com 50% dos representantes advindos de cada um desses segmentos.

Em ambos os casos os representantes são eleitos por seus pares, com mandato anual.

Caberá ao Conselho de Escola, além das atribuições já definidas na legislação vigente:
1.1) Definir as grandes linhas educacionais da Escola.
1.2) Discutir, sugerir modificações e aprovar o Projeto Pedagógico, zelando por sua implantação.
1.3) Discutir, sugerir modificações e aprovar o Regulamento Interno, ratificando a formação do Conselho Pedagógico e outorgando-lhe poder para a elaboração e condução das práticas pedagógicas que julgar adequadas, sempre de acordo com o Projeto Pedagógico.
1.4) Referendar o preenchimento de cargos e funções, conforme o proposto pelo Conselho de Escola.

2) O Conselho Pedagógico

Ao Conselho Pedagógico caberá a coordenação e orientação pedagógica da escola, em consonância com o determinado e aprovado no Projeto Pedagógico. Serão atribuições do Conselho Pedagógico:
2.1) A elaboração e coordenação das bases curriculares da escola.
2.2) A aprovação dos contratos de parceria que interfiram no funcionamento da escola, devendo todavia tal aprovação ser apreciada e ratificada pelo Conselho de Escola anteriormente à sua implementação.
2.3) A gestão dos dispositivos de formação continuada da equipe educativa, escolhendo as estratégias e aprovando os profissionais que irão desenvolvê-las.
2.4) A seleção e coordenação da equipe de educadores voluntários e contratados esporádica ou especialmente.
2.5) No que tange aos educadores da Rede Municipal, a serem alocados na unidade escolar através do Regime Especial de Acomodação de Cargos, caberá ao Conselho Pedagógico: a) pronunciar-se quanto às necessidades e às prioridades das funções e cargos; b) avaliar os candidatos aos cargos e funções através dos métodos que julgar adequados, de forma clara e transparente; e c) submeter, tanto as sugestões de cargo quanto as dos candidatos, ao exame do Conselho de Escola, que irá, ou não, referendá-los.
2.6) Pronunciar-se acerca da utilização dos recursos financeiros, estabelecendo as prioridades no sentido da melhor implantação do Projeto Pedagógico.

O Conselho Pedagógico será formado:
• Pelo Coordenador Geral do Projeto, cargo exercido pela diretora regimental da Escola, que o presidirá.
• Pelos Coordenadores Pedagógicos regimentais da escola.
• Por 3 professores, escolhidos democraticamente por seus pares, com mandato anual.
• Por 2 representantes da comunidade, comprometidos com a escola pública de forma geral e com o Projeto Pedagógico da unidade escolar específicamente – mas sem necessidade de manterem com ela qualquer vínculo formal. Tais representantes serão escolhidos e referendados pelo Conselho de Escola a partir de sugestões do coletivo da unidade escolar.
• Por 2 representantes do segmento dos pais, escolhidos por eles e referendados pelo Conselho de Escola.

3) Conselho de Gestão Financeira

O Conselho de Gestão Financeira será o órgão responsável pela administração dos recursos financeiros da escola.

O Conselho de Gestão Financeira será composto:

a) Pelo diretor da unidade escolar ou outro profissional por ele designado.
b) Por dois representantes da Associação de Pais e Mestres, sendo um titular e um suplente.
c) Por dois 2 representantes dos pais, escolhidos por seus pares, com mandato anual renovável.
d) Propõe-se a contratação, pela Secretaria Municipal de Educação, de profissional da área de Ciências Contábeis que, lotado em uma ou mais unidades escolares em regime de autonomia, encarregue-se dos trâmites necessários ao correto cumprimento das exigências legais relativas à administração financeira destas unidades.

A gestão financeira deverá ser bimestralmente aprovada por um Conselho Fiscal, formado por 2 representantes dos pais e 2 representantes dos professores, escolhidos por seus pares, com mandato anual renovável.

São atribuições do Conselho de Gestão Financeira.

3.1) Elaborar, em consonância com o Conselho Pedagógico, o Orçamento Financeiro Anual, apresentando-o para aprovação ao Conselho de Escola. Do Orçamento deverá constar:
3.1.1) As previsões de gastos mensais, discriminados por rubricas específicas determinadas pelo Conselho de Escola.
3.1.2) A determinação dos graus de prioridade das despesas, estabelecidos através de níveis de 0 a 4, onde o grau 0 é o grau máximo de prioridade.

3.2) Acompanhar a execução do orçamento financeiro aprovado pelo Conselho de Escola. Nesta execução:
3.2.1) Os compromissos financeiros deverão obedecer aos graus de prioridade constantes do orçamento e aprovados pelo Conselho de Escola.
3.2.2) Será permitido ao Conselho de Gestão Financeira um remanejamento de até 20% da verba prevista para cada rubrica aprovada no Orçamento, desde que o gasto suplementar não prejudique a verba alocada em outras rubricas. Qualquer desvio superior a 20% deverá ser submetido à nova aprovação pelo Conselho de Escola, independentemente de haver recurso disponível.

3.3) Caberá ao CGF divulgar bimestralmente um Relatório de Gestão, explicitando a detalhada utilização dos recursos.

3.4) O Relatório de Gestão deverá ser bimestralmente submetido à apreciação do Conselho Fiscal, para sua conferência e aprovação unânime. Eventual ressalva de quaisquer dos Conselheiros deverá ser encaminhada ao Conselho de Escola.

Por uma imprensa responsável

 

Por uma imprensa responsável

Em 19 de abril de 2007, após decisão tomada na reunião do Conselho de Escola do dia anterior, apresentamos à Promotoria de Justiça de Defesa dos Interesses Difusos e Coletivos da Infância e da Juventude da Capital uma Representação contra a Rádio Jovem Pan. Em vinhetas veiculadas entre 09 e 16 de abril, houvera sido entrevistada aluna da escola com supostas dificuldades de leitura – e eram veiculados tanto o nome da criança quanto da escola. Nós entendemos à época, como ainda entendemos hoje, que havia falha grave da emissora em nominar a criança e a escola onde estuda, de maneira a permitir fosse identificada, visto que a vinheta a tratava, no nosso entender, de forma altamente desabonadora. A Representação virou Inquérito Civil, a Rádio foi instada a se manifestar, e nós fomos convidados a melhor esclarecer nossas ponderações iniciais. Finalmente, em 09 de agosto de 2007 a Promotoria comunica-nos que houvera entendido que a veiculação das vinhetas não configurava crime de imprensa, arquivando o inquérito.
Acesse:

Transcriçaõ da vinheta Rádio Jovem Pan

Locutor 1: Um progresso na educação precisa ser reconhecido. É muito difícil encontrar uma criança fora da escola.

Repórter: E você estuda também?
Mulher 1: Estuda, mas não sabe ler.

Locutor 1: Estuda, mas não sabe ler. A frase é repetida pelas mães com uma freqüência assustadora nos bairros próximos do centro de São Paulo.

Repórter: N., 9 anos, onde que você estuda?
N.: No Amorim Lima.
Repórter: Amorim Lima. Pra que ano você passou agora?
N.: Quarto.
Repórter: Cê sabe lê o que está escrito aqui na porta do carro?
N.: Sei. Rá-pi … rapidinho.
Repórter: Rádio.
N.: Ah. É.

Menino: A tem-pe-ra-tu-ra do pra-pra… pra-neta es- estão supindo… supindo ao..alémdo universo.
Repórter: E isso que você leu você consegue explicar o que que é?
Menino: Não.
Repórter: Cê já vai fazer a quarta de novo agora!
Menino: Ahã.
Locutor 1: Quando uma criança chega à quarta série lendo desse jeito, os livros didáticos se transformam num verdadeiro enigma.

Repórter: E livro, assim. Que livro que cê já leu?
Menino: Eu não gosto ler livro, não. Só de escola quando a professora dá pa lê.
Repórter: Mas ela dá pra lê, por exemplo, livro de historinha ou só é o livro da aula?
Menino: É livro da aula. De historinha, só a professora de Artes dá.

Repórter: Essas letras grandes, você sabe qual é uma letra daí?
Menina: Eu não consigo lê assim.

Repórter: E como você faz pra estudar geografia, ciências?
Menina: A professora dá… é… dá um negócio assim tipo da primeira série.
Repórter: Quantos anos você têm? E em que série você está?
Menina: Eu tenho nove. Eu tô na quarta.

Locutor 1: Há quatro anos essa aluna estuda as matérias da primeira série, só que está na quarta, e sem nenhuma esperança de recuperar o que perdeu até agora. Nossas crianças não podem ser condenadas a esse tipo de educação. Semente do amanhã, alicerce da pátria.

 

Ao Ministério Público do Estado de São Paulo

A/C Procuradoria de Interesses Difusos e Coletivos

Prezados senhores

O Conselho de Escola da Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima, situada no bairro do Butantã, em São Paulo, vem, através de seu presidente Luis Gonzaga Braga Filho, RG 8.657.029-8 e CPF 006.216.398-18, e após deliberação em Assembléia Extraordinária realizada em 18/04/07, respeitosamente apresentar-lhes a seguinte representação:

1) A Rádio Jovem Pan AM vem realizando, há alguns meses, uma série de reportagens sobre o ensino nas redes públicas de ensino em São Paulo (disponíveis no endereço www.jovempan.com.br), em que são entrevistados alunos de diversas instituições. Nessas entrevistas não são, normalmente, identificados nem a escola nem o aluno.
2) Durante a semana de 09 a 16 de abril corrente a Rádio veiculou, várias vezes por dia, matéria montada com diversos trechos de supostas entrevistas em que são apresentados o nome da menina N., de 9 anos, aluna da escola (transcrição aproximada anexa) e o nome da escola. A matéria é altamente depreciativa tanto no que se refere à escola quanto no que se refere à aluna.
3) O Conselho de Escola entende que, além dos prejuízos que a matéria pode causar à aluna, especificamente, a reportagem é irresponsável e leviana, e altamente perniciosa à totalidade dos alunos da EMEF Desembargador Amorim Lima. Outras crianças são entrevistadas – sendo ressaltadas suas supostas dificuldades de leitura – sem identificação, fazendo crer que estudam também na EMEF Amorim Lima. Tendo a escola cerca de 860 alunos, não fica absolutamente transparente na matéria qual o critério que levou a reportagem a buscar essa estudante especificamente.
A EMEF Desembargador Amorim Lima é uma escola absolutamente aberta à comunidade. O esforço de melhoria da escola, empreendido já há alguns anos pelos corpos técnico e docente, pelos pais e pelos alunos –além de dezenas de profissionais voluntários das mais diversas áreas – tem suscitado visitas numa freqüência inusual, que nos fizeram, inclusive, criar um Grupo de Responsabilidade exclusivamente para recebê-las. A escola já foi visitada por grupos de estudantes e professores de pedagogia de vários estados brasileiros e inclusive do exterior. Foi objeto de dezenas de matérias na imprensa diária e especializada, foi bloco do programa Globo Repórter de novembro de 2005 e, nesta semana em que estamos, foi detalhadamente filmada para programa da Rede Futura, que irá ao ar no próximo sábado. Houvesse interesse da Rádio Jovem Pan em conhecer o trabalho da escola e a reportagem seria recebida por um grupo de estudantes que lhes haveria de mostrar a escola como ela é: com problemas, mas imersa num enorme, contínuo e coletivo esforço de melhoria.

Nesse sentido, o Conselho de Escola vem solicitar a esse Ministério que empreenda seus melhores esforços no sentido de esclarecer:

a) Quais os critérios utilizados para a escolha da aluna a ser entrevistado, e como a reportagem chegou até ela.
b) Se os outros alunos entrevistados na mesma reportagem são também alunos da EMEF Amorim Lima. Não sendo, por que motivo a reportagem não deixa isso claro, e faz parecer tratar-se de alunos da Amorim Lima, única escola citada na reportagem.
c) Se, em outras reportagens, não são citados nem os alunos nem a escola, qual a motivação que fez a produção da rádio explicitar nesta reportagem tanto um quanto outro. Cabe aqui ressaltar que na quarta-feira, 11/04, o Sr. Gilberto Frachetta, ex-presidente do Conselho de Escola da EMEF, entrou em contato com a produtora do programa, Sra. Renata Peribelli – que lhe disse que “o nome escapou”, mas que não tomou providências e permitiu que a reportagem continuasse sendo veiculada até 15/04.

Assim, considerando que a reportagem – mais uma vez: leviana, maldosa, irresponsável – desrespeitou e ofendeu a totalidade dos alunos da escola; desconsiderou o esforço e o trabalho empreendido por toda uma comunidade; manipulou as entrevistas e declarações no sentido de fazer parecer tratar-se de alunos da EMEF Desembargador Amorim Lima crianças que não o são; e ainda no sentido de defender a escola pública, de forma geral, de interesses subalternos travestidos de reportagens supostamente de cunho social, vimos solicitar a esse Ministério que nos auxilie na promoção das seguintes reparações:

a) Que, ao se confirmar que a reportagem em questão deixou transparecer tratar-se de alunos da EMEF Desembargador Amorim Lima crianças que não o são, seja da Rádio Jovem Pan exigido um pedido formal de desculpas aos alunos da escola, com a mesma freqüência, nos mesmos horários e na mesma duração das reportagens veiculadas.
b) Que a Rádio Jovem Pan seja intimada a mostrar, além das mazelas, os variados esforços coletivos que estão sendo empreendidos no sentido de melhorar a escola pública em São Paulo, realizando uma série de reportagens – longas e honestamente pautadas – sobre elas. A reportagem na EMEF Desembargador Amorim Lima deveria minimamente acompanhar:
• Uma reunião completa do Conselho Pedagógico – em que se reunem semanalmente, fora do horário de trabalho, a diretora da escola, três professores, a coordenadora pedagógica, dois intelectuais voluntários, o mestre de capoeira e dois representantes dos pais, a fim de pensar e coordenar a implantação das linhas pedagógicas da EMEF.
• Uma reunião dos representantes dos Grupos de Responsabilidade da escola, em que as crianças, a partir da segunda série, fazem-se cargo de responsabilidades específicas tais como Recreio Legal, Boa Vizinhança, Visitas, etc. Caberia também acompanhar uma reunião dos coordenadores desse grupo – alunos das 7as. e 8as. séries da escola que, fora de seu horário de aula, coordenam o trabalho dos representantes.
• Uma reunião do Conselho de Escola.
• O enorme trabalho de concepção e construção dos Roteiros Temáticos de Pesquisa, elaborados pelo professor Geraldo Tadeu Souza, doutor em lingüística pela Universidade de São Paulo, contratado pela escola em regime de dedicação exclusiva e para quem se está tentando obter uma bolsa de pesquisador residente. Além das atividades de pesquisa que são o cerne do nosso Projeto Pedagógico, deveria a reportagem acompanhar as variadas atividades do dia-a-dia da escola: as oficinas de artes; a oficina de capoeira; a oficina Estação Butantã, que no ano passado realizou com os alunos das 1as. séries 17 passeios pelo bairro; a oficina Vigilantes da Natureza.
• Caberia ainda destacar as melhorias conseguidas através de parcerias e do esforço da comunidade: a biblioteca, em ambiente agradável, com seu acervo em processo de total informatização graças ao esforço de mães e voluntárias; a Casa de Cultura Guarani / Opy Guasu– provavelmente o único espaço consagrado pelo povo guarani numa escola pública em todo o país; o forno caipira e Espaço Cora Coralina; a sala de informática, funcionando em parceria com empresa privada; o laboratório de fotografia, em construção graças ao esforço de pais; as aulas de educação física, sendo ministradas por faculdade privada numa parceira com a escola; a parceria com o Centro de Saúde Escola do Butantã; a parceria com o Parque Zoológico de São Paulo, que fez da Amorim Lima a escola-piloto num projeto de aproximação do Zoológico com as escolas públicas de São Paulo; a parceria com Centro de Atenção Psico-Social? do Butantã e com o Instituto Moreira Sales, que envolverá pacientes do Caps e pais de alunos da escola; o trabalho do Grupo de Estratégias Especiais em Educação, empreendido por 5 psicólogas voluntárias. Caberia ainda à reportagem da rádio deslindar os motivos que levaram a EMEF Desembargador Amorim Lima ser considerada Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura, e ser agraciada com a Salva de Prata, conferida pela Câmara Municipal de São Paulo.

Agradecendo muitíssimo sua atenção, subscrevo-me,

Atenciosamente

Luis Braga
Presidente do Conselho de Escola
EMEF Desembargador Amorim Lima

À Promotoria de Justiça de Defesa dos Interesses

Difusos e Coletivos da Infância e da Juventude da Capital

A/C Excelentíssimo Sr. Dr. Motauri Ciocchetti de Souza

Ref. Of. No. 3947/2007
IC No. 219/2007

Prezado Senhor

Concernentemente às alegações da Rádio Panamericana S.A. que nos foram encaminhadas através do Ofício em epígrafe, gostaríamos de respeitosamente ponderar-lhe que em nada contradizem as afirmações de nossa Representação inicial – bastante pelo contrário: reforçam-nas. Se não, vejamos:

1) A defesa da emissora centra-se na afirmação de que seria a vinheta objeto da Representação uma prestação de serviço, cujo interesse público haveria de justificar tanto a citação do nome de crianças quanto de escolas. Não obstante o evidente equívoco da asserção, pois, como se verá a seguir, não há como admitir que a pretexto de prestar serviço vulnerem-se garantias fundamentais e direitos indisponíveis, parecem oportunas algumas reflexões preliminares. Em primeiro lugar, cabe refletir que, fossem as vinhetas algo a que se poderia definir como matéria jornalística, delas haveria de se poder esperar: ou um conteúdo predominantemente informativo; ou um trabalho investigativo sério; ou finalmente um esforço de análise que relacionasse dados concretos e contextualizados, à luz de um mínimo de racionalidade. Nenhuma dessas vertentes foi minimamente resvalada pela emissora – nem na vinheta 5, objeto da Representação, nem nas outras tantas que a Emissora veiculou.

Quanto à vertente da informação: não há, nas vinhetas veiculadas, a apresentação de uma única informação concreta que pudesse oferecer ao ouvinte a possibilidade de formar um quadro mais claro e mais preciso da Educação nem na cidade nem no país. Não são apresentados quaisquer dados relevantes; não é feito nenhum esforço comparativo; as reportagens/vinhetas não são iluminadas por nenhuma informação relativa aos sistemas ou às políticas de educação; não são ao menos diferenciados os sistemas municipal e estadual de ensino – naturalmente coordenados por políticas e submetidos a legislação diferentes. Não se fala de número de alunos, de verba, de salário – em suma, há de se concordar que a preocupação e a ênfase das vinhetas não são, absolutamente, informar.

Quanto a serem as vinhetas fruto de jornalismo investigativo: não há uma única busca de causa primária, um único esforço de avançar para além de observações pueris. Não há o mínimo compromisso não só com a Educação, mas com a racionalidade. Nesse sentido a Vinheta 10 é emblemática. Afirmações do tipo: “Na capital paulista é comum encontrar alunos da quarta série com dificuldades para entender a cartilha…”; ou, referindo-se a Brasília: “Uma aluna que chega à quinta série lendo assim é um caso grave, mas não é comum em Brasília…O mais comum é que as crianças só passem para a segunda série depois de aprender a ler e a escrever…”. “Em Recanto das Emas e Estrutural, cidades satélites de Brasília, o mais comum é que alunos da quarta série saibam ler textos adequados à idade. Na capital paulista, é comum que os alunos da mesma quarta série leiam com dificuldade a cartilha da primeira série.” Tratar a Educação nesses termos é um escárnio. O que a emissora quer dizer com termos como comum, e mais comum? Depreende-se inequivocamente que em São Paulo a reportagem saiu do estúdio convencida de que a Educação é ruim, e foi à cata da matéria que atestasse essa convicção. Em Brasília, sabe-se lá por que, saiu convencida de que a Educação é de qualidade e, ao deparar-se com aluna que apresenta a mesma suposta dificuldade de leitura que os alunos de São Paulo, diz que isso não é comum… Então cita, para desqualificar, que o MEC dá notas parecidas às duas cidades – ou seja, o único dado que foi obtido com um mínimo de racionalidade, com critérios minimamente científicos, é desqualificado para reafirmar a convicção que em Brasília a educação é de qualidade, e em São Paulo não é. A reportagem não busca absolutamente algo que já não soubesse – ou julgava saber. O ato investigativo requer que, a partir de uma hipótese previamente formulada, se vá a campo com a possibilidade tanto de comprová-la quanto de refutá-la. Tratar a questão com a displicência e com o descaso expressos em comum, mais comum, é obviamente acomodar o dado à hipótese – ou seja, um método, digamos, pré-científico. Comum, para a Emissora, o que seria, numa escala mensurável: 50%? Mais comum seria, digamos, 60%? Não sabemos. Talvez seja uma terminologia interna da Emissora – de todo o modo, não é forma de investigação aceita pelo menos desde a Idade Média.

Verifiquemos, finalmente, se as tais vinhetas poderiam ser consideradas fruto de um esforço analítico – ou seja, um ato não de investigação, não de informação, mas de pensamento. Mas, haveria pensamento embasando as vinhetas? Pensamento é faculdade de concatenar idéias, de formular conceitos, de estabelecer relações. Nenhum pensamento, nem num sentido bastante largo do termo, haverá de ser encontrado na vinheta 5, objeto da Representação – assim como nas demais. As afirmações e as falas esparsas veiculadas em nenhum momento dialogam com a vasta bibliografia e a vasta pesquisa referentes à Educação no Brasil. Das várias linhas, das várias interpretações, dos variados esforços de superação e de construção de uma Educação de qualidade no Brasil, nenhum é citado. Nem um único autor; nenhuma hipótese de causa; nenhuma sugestão de caminho a ser seguido: definitivamente, as vinhetas objetos da Representação não são, nem de longe, frutos de um esforço de pensamento.

Se não informou, se não investigou, se não analisou, como pode a Emissora alegar que presta serviço de interesse social? Que interesse social pode haver no gosto – convenhamos que um tanto perverso – de submeter crianças e adolescentes a situação de constrangimento?

2) A Representação apresentada a esta Promotoria foi concebida e preparada no âmbito do Conselho de Escola da EMEF – que a Emissora possivelmente não sabe o que seja, e que pois convém relembrar: a instância deliberativa máxima da escola, amparada pela lei e formada paritariamente por professores, pais, alunos e equipe técnica, democraticamente eleitos por seus pares. O Conselho de Escola é hoje, inclusive, presidido por pai de aluno. A afirmação da Emissora – empresa privada – de que a escola estaria “pretendendo utilizar a Nobre Instituição do Ministério Público de São Paulo para seus interesses privados de promoção.” é, pois, além de uma tentativa canhestra e torpe de desviar o foco da questão, uma afronta não só à comunidade da escola, mas à inteligência de quem lê. Como admitir que uma escola pública, absolutamente PÚBLICA, que se apóia e é orientada por políticas públicas, absolutamente aberta à comunidade, com seu pensamento, sua trajetória, suas reuniões e suas atas abertas e públicas, possa utilizar o que quer que seja em interesse privado – quanto mais de promoção? Estaríamos querendo nos promover com qual intuito privado? A emissora poderia precisar? Quereríamos obter mais alunos? Ou alguns de nós estaríamos buscando auferir lucro pessoal? É isso uma denúncia ou mais uma afirmação retórica, vazia e sem nexo, como as que compõem as resenhas? O que a Emissora não concebe é que uma entidade pública – uma escola de um dos bairros modestos da Capital, como a chama – venha solicitar a proteção do Ministério Público para fazer cessar as agressões a seus alunos e a toda sua comunidade, e determinar as reparações cabíveis. A falta de cuidado e de compromisso adotada pela Emissora no caso faz denotar claramente que julgava tratar-se de gente incapaz de um esforço de reparação. A Emissora em nenhum momento cita de forma desabonadora um político, um secretário, um membro de governo – uma pessoa, enfim, com poder. A reportagem busca crianças – e ainda mais: dos Bairros mais modestos da Capital. Tivesse a Emissora o interesse – e a coragem – de fazer reportagens sobre o ensino privado e, caso entrevistasse algum de seus alunos, haveria de cercar-se de todo o cuidado, de todo o esmero. O que a Emissora não admite é que pode haver defesa de interesse que não seja privado: que a comunidade de uma entidade pública pode – e se tem compromisso deve – exigir ser tratada, e trabalhar para que seus membros sejam tratados, com dignidade. O fato de a Emissora afirmar que não houve discriminação quanto à escola reclamante não a exime da obrigação de tratar a EMEF Desembargador Amorim Lima, bem como todas as outras, com seriedade e respeito. É um escárnio afirmar que “In casu, ocorreu a citação ocasional da escola, ora reclamante”. A produção foi alertada na quarta-feira da semana da veiculação, mas a vinheta prosseguiu sendo divulgada até o domingo. A questão, séria, importantíssima, que está em jogo é: a comunidade de uma escola pública tem o direito de orgulhar-se dela, de defendê-la, de entendê-la digna? Por que uma mãe que leva seu filho a uma escola pública – ou por tê-la escolhido ou por ser a única que lhe pode oferecer – e que se esforça por melhorá-la, tem que aceitar que seu filho ouça na Rádio Panamericana que “está sendo condenado a esse tipo de educação”? Se, como admite textualmente a Emissora, a escola não foi objeto de uma pesquisa jornalística de grande fôlego, com que direito veicula matéria que a cita? O direito à seriedade de modos e métodos devem ser reservados a uma certa classe, a uma certa clientela?

Aqueles que nos esforçamos por construir uma escola pública de qualidade sabemos que esse esforço deve contemplar duas vertentes: a melhoria da escola propriamente dita, e a melhoria da representação que a sociedade, os alunos, os pais, têm dela. O aluno que se dirige à escola convencido de dirigir-se à cloaca do mundo está prejudicado, estabelece um vínculo negativo com o aprendizado e com a escola e, naturalmente, tem mais dificuldades para aprender. Não se trata de esconder os problemas que a escola tenha e tem – os alunos, os pais, sabemos naturalmente bastante bem dos problemas e das dificuldades, pois que os vivemos – trata-se de criar a capacidade de reconhecer e utilizar os recursos que se tem, e de se criar a consciência de que as dificuldades são superáveis. A Rádio Panamericana por acaso julga que as vinhetas servem de informação sobre a qualidade de ensino para nós que justamente freqüentamos a escola pública? Não há cabimento nessa suposição. Quem freqüenta a escola a conhece, sabe de seus problemas e de suas dificuldades. Às autoridades, então, as vinhetas seriam dedicadas? Bem menos, hipótese absurda – as autoridades que não sabem do estado da Educação não o saberão ouvindo a Rádio Jovem Pan, ou qualquer outra. A quem as vinhetas se destinam e a que servem, pode-se constatar lendo, por exemplo, Educação: Temas Polêmicos, do Prof. José Mário Pires Azanha, entre tantos outros. As vinhetas da Rádio Panamericana são mais algumas pérolas que vêm inserir-se no longo colar de um movimento que começa no Brasil nas décadas de 1960 e 1970 e que perdura até hoje como resistência ao esforço de universalização do ensino – ou seja, como crítica à expansão do ensino público à totalidade da população brasileira. O movimento – bastante consciente para uns, menos consciente para outros – é o de desqualificação e desmantelamento do ensino público . As vinhetas, sejamos francos, se não são informação, não são investigação, não são análise, então chamêmo-las pelo nome: são propaganda. A ligeireza, a ausência de análise e de dados mensuráveis, a inexatidão de termos, a que se empenham é a reforçar uma sensação, uma doxa, um consenso, (assim como o define o pensador Noam Chomsky): “A escola pública é ruim, a escola pública é ruim, na escola pública não se aprende, na escola pública não se aprende” – são frases repetidas como um mantra. Por que é ruim, no quê está ruim, como pode melhorar, não são, obviamente, preocupações da Rádio Panamericana S.A. O interesse público da rádio é repetir o mantra. É criar e difundir um consenso que, por não buscar causa ou motivo, por não distinguir nuance, por não responsabilizar ninguém em especial, tenta equiparar o estado da Educação Pública a um ato da Natureza. O consenso cria fatos – que, por sua própria essência, são incontestáveis. A Escola Pública é ruim, chove, amanhece, a semana tem sete dias – são “fatos” da mesma ordem, da mesma natureza. Depois, criado o consenso, incitar à indignação contra algum desses fatos pode render audiência ou outros dividendos, mas não fará chover, assim como não melhorará em nada a Educação Pública da cidade ou do país.

Não obstante tudo o quanto até aqui apresentado, não se pode perder de vista o real objeto desta Representação, que visa única e exclusivamente a preservação de direitos fundamentais e indisponíveis dos alunos da EMEF Desembargador Amorim Lima. Isso porque, não se pode permitir que, a título de informar ou apontar possíveis deficiências dos sistemas educacionais, sejam estigmatizadas as crianças e adolescentes que de forma maliciosa ou desleixada foram indevidamente identificadas nas reportagens, ou que sejam indiretamente identificáveis pelas informações nelas reproduzidas. Não há como permitir que se condenem as crianças identificáveis nas vinhetas à baixa auto-estima e ao conformismo que insistem em lhes impingir. Aliás, mesmo que não houvesse sido identificada nenhuma das crianças abordadas pela reportagem, ainda assim não se poderia permitir que toda a coletividade dos alunos matriculados nas escolas públicas de São Paulo sofram pecha ou rotulação negativa de qualquer espécie, nem mesmo sejam expostos ao ridículo e ao escárnio. Ora, o próprio Ministério da Educação propugna, nos seus Parâmetros Curriculares Nacionais, como um dos objetivos a se esperar dos alunos no ensino fundamental: “compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito”. Como, então, permitir que os esforços que todos nós empreendemos pela construção da cidadania sejam solapados pela veiculação de matéria jornalística leviana e irresponsável?

Assim, firme na convicção de que não é justa, razoável ou constitucional a agressão a direitos indisponíveis de crianças e adolescentes matriculados em escolas públicas de São Paulo, especialmente os da EMEF Desembargador Amorim Lima, é que o Conselho de Escola reafirma sua confiança de que esse Órgão Ministerial possa coibir a prática das irregularidades constatadas e estabelecer a reparação dos direitos lesados, determinando:

• Que a Rádio Panamericana S.A. admita (como aliás sua advogada já o fez) – na mesma freqüência e nos mesmos horários das veiculações em que estivemos envolvidos – que, ao permitir que a EMEF Desembargador Amorim Lima fosse citada em vinhetas que a Emissora levou ao ar de 9 a 16 de abril do corrente ano, o fez sem ter avaliado detidamente o trabalho da escola.
• Que, na mesma veiculação, a Rádio Jovem Pan admita que as vinhetas eram observações genéricas, e que não teve a pretensão, nem tem competência técnica, para avaliar o desempenho de alunos, nem bem menos de instituições de ensino. Que as matérias foram feitas sem critério estatístico e sem cuidados metodológicos, e não servem de elemento para se avaliar nem as crianças e instituições citadas, nem os Sistemas Públicos de ensino em São Paulo.
• Finalmente, entendemos que seria desejável que a Emissora fizesse um pedido formal de desculpas às crianças que se expuseram nas vinhetas.

É o quanto tínhamos a ponderar.

Reiterando nossos protestos de estima e respeito, subscrevêmo-nos,

Atenciosamente

 
Luis Braga
Presidente do Conselho de Escola da
EMEF Desembargador Amorim Lima
Redação aprovada em Reunião Ordinária do CE de 01/08/2007

Sobre o tema, leia o excelente Escola Pública e Imprensa Neoliberal, de Loraci Hofmann Tonus, HD Livros Editora, Curitiba, 2001.


Memória

A realização de um projeto coletivo não é linear, e por isso o resgate de sua memória é tarefa complexa. Esforços empreendidos em determinado momento renderão frutos muito tempo depois – e nem sempre tangíveis e mensuráveis. Os atos e as vontades se somam, sendo a posteriori impossível identificar quem fez o quê e qual a importância singular de cada ato – em dado momento mudanças e conquistas se consolidam, e nem sempre temos a clareza de reconhecer que foram fruto de um longo processo, que envolveu muita gente, que custou muito esforço. Pequenos gestos, contribuições esporádicas, vêm somar-se ao esforço diário de alguns que, por longos períodos, abraçam o projeto como a extensão de suas próprias vidas e dão a ele o melhor de si.
Além de pretender resgatar a memória fatual de alguns acontecimentos que nos foram marcantes, esse espaço se destina a prestar um singelo tributo a essas pessoas cujo empenho, nesses anos, nos abriram o caminho e prepararam o terreno para as conquistas que estamos conseguindo hoje.

Oficinas e Projetos Especiais do ano de 2008

Jornal “Assunto: África”

Jornal Assunto África 2a. edição

Estação Butantã

O Projeto Estação Butantã é coordenado pelos educadores voluntários Florência Chapuis e Nuno de Azevedo Fonseca.


Proposta de Criação de Rede de Escolas Autônomas no Município de São Paulo

As sugestões aqui apresentadas foram inicialmente formuladas pelo Grupo de Estudo de Gestão da EMEF Desembargador Amorim Lima, e apresentadas ao Sr. Secretário da Educação do Município, Sr. Alexandre Alves Schneider, em 07 de julho de 2006.
A proposta inicial foi posteriormente discutida e aprimorada por um grupo de educadores das seguintes unidades escolares:
EMEF Pres. Campos Salles
EMEI Gabriel Prestes,
e por pais de alunos da EMEF Prof. Olavo Pezzotti.

1) Considerações Iniciais

Acreditamos que, para o processo de construção da escola de qualidade, são necessários três aspectos, sempre intrincados, mas que podem ser assim resumidos:

a) A comunidade escolar precisa sentir a necessidade de ter uma escola de qualidade. Precisa dar-se conta de que a educação é um bem de valor inestimável – é um direito dos nossos filhos ter acesso a esse bem, e um dever nosso – dos adultos – cuidar para que esse direito seja respeitado. Percebida esta necessidade, a comunidade precisa ascender ao nível de desejar construir a escola de qualidade.

b) A comunidade precisa, daí, formular um projeto – precisa pensar e planejar os meios que poderão transformar o desejo em realidade.

c) A comunidade precisa, tendo formulado o seu projeto, dispor dos meios – materiais e intelectuais – para implementá-lo.

Logicamente os três passos estão sempre indissoluvelmente intrincados, e estão aqui separados de forma apenas ilustrativa. Por exemplo, a comunidade em extrema carência de meios: terá uma dificuldade enorme em superar as premências do cotidiano a ponto de ascender à formulação de um projeto. Ou ainda: não há, logicamente, uma fase estanque de formulação, e outra diversa, de “implementação”, pois que o Projeto vai-se propriamente constituindo no processo de implementação. De todo o modo, do que estamos convictos e o que queremos enfatizar é: as políticas públicas, por mais bem intencionadas que possam ser, têm poder de ação sobre o terceiro ponto e, eventualmente, sobre o segundo (fornecendo uma assessoria na elaboração do projeto, por ex.) – mas são absolutamente ineficazes quanto ao primeiro. No que concerne ao desejo, a história nos mostra que o que o Estado pode, e faz, é reprimí-lo, não despertá-lo.
Nossa hipótese é que a melhor, se não a única forma de sensibilizar uma comunidade da importância da educação de qualidade, é através do contágio. Como se verá a seguir, propomos aqui a formação de uma rede de autonomia – que colabore com a construção de uma escola de qualidade – de crescimento rizomático.

A escola em seu duplo_a aquisição das ferramentas do teatro pela educação para a construção de uma escola democrática

A escola em seu duplo _ a aquisição das ferramentas do teatro pela educação para a construção de uma escola democrática

Dissertação de mestrado de Marcel Iucef Hamed

Unidade Faculdade de Educação (FE)

Área de concentração Educação

Orientador:

  • Mate, Cecilia Hanna

Banca Examinadora:

  • Ghanem Junior, Elie George Guimaraes
  • Mate, Cecilia Hanna
  • Singer, Helena

Data da Defesa: 03/04/2007

Palavras-chave:

  • Didática
  • Escolas democráticas
  • Jogos teatrais
  • Teatro
  • Teorias de ensino

Resumo Original
Este estudo trata de uma discussão teórica e empírica, no campo da didática e prática do ensino: teórica, na medida em que põe em cena determinados autores do teatro e da educação (Edgard Morin, Zygmunt Bauman, Paulo Freire, Bertolt Brecht, Jean-François? Lyotard, Pierre Levy, Michael Foucault, Stuart Hall) com destaque para determinados conceitos que mais se aproximam de uma discussão específica do momento histórico pelo qual passamos atualmente, caracterizado por mudanças sensíveis, velozes e, por vezes, desordenadas. Empírica porque: a) parte dos resultados obtidos por meio da observação da dinâmica em uma escola pública; b) desenvolveu atividades que tiveram como objetivo discutir a possibilidade do teatro – mais especificamente os jogos teatrais; c) concentrou-se nas peças didáticas (lehrstück) de Bertolt Brecht; d) trabalho do teatro contemporâneo – como elemento colaborador na construção de uma escola democrática, nesse caso a EMEF Desembargador Amorim Lima, no bairro do Butantã, São Paulo. Utilizando-me da produção de, principalmente, Bertolt Brecht e Viola Spolin, tratei mais diretamente da incorporação da prática metodológica de alguns pensadores do teatro no âmbito escolar e não da incorporação da teatralização de conteúdos programáticos ou da encenação de peças teatrais. O objetivo foi a utilização da concepção que tais autores possuíam para teatro em um universo escolar e, mais do que isso, a incorporação dessas propostas metodológicas como capazes de elucidar e ampliar a compreensão do conceito de escola democrática pelos alunos e as práticas aí implicadas, realizando um deslocamento da produção do teatro para os fins da educação. Assim, buscou-se proporcionar uma maior compreensão e aceitação do projeto e exercício de democracia nas escolas. Conjuntamente o projeto busca discutir o conceito de escola democrática ou libertária, no qual os educandos são respeitados em suas escolhas para que possam desenvolver essa capacidade no seu próprio ritmo, sendo respeitados em seus interesses; busca quebrar as barreiras das obrigações compulsórias que normalmente se observa em grande parte das escolas (públicas ou privadas); estimular a participação em assembléias escolares (com direito a voto); construir a definição de regras claras (estipuladas em assembléias). Dentre as propostas em construção na EMEF Desembargador Amorim Lima, a do projeto de teatro, com as características apresentadas, foi capaz de dar significado mais amplo ao projeto de uma escola democrática, propiciando ao aluno o entendimento e a participação efetiva nesse modelo escolar.

Título em Inglês: The school and its double – the acquisition of theatrical tools by education for the construction of a democratic scholl.

Palavras-chave em Inglês:

  • Democratic schools
  • Didatics
  • Educational teories
  • Leaning plays
  • Theater

Resumo em Inglês
The present study aims a discussion within didactical and teaching practice fields, both theoretically and empirically. Its theoretical aspects are laid on the fact that it singles out some playwriters and educators (Edgard Morin, Zygmunt Bauman, Paulo Freire, Bertold Brecht, Jean-François? Lyotard, Pierre Levy, Michel Foucault, Stuart Hall) who place emphasys upon certain concepts which contributes to understand the current historical moment, characterized by deep, randomic and swift changes. It is also empirical, having on its base: a) part of results obtained by observing the dynamics inside a public school; b) developed activities that had purpose of discussing the feasibility of learning plays; c) focused in the Bertold Brecht?s didatic dramas and d) worked with a contemporary theather, all considered as a means of colaborating for the construction of a democratic school EMEF Desembargador Amorin Lima located in the district of Butantã, São Paulo. Employing mainly the ideas of Bertold Brecht and Viola Spolin, the incorporation of the methodological pratice of some researchers of the theater inside the educational field has been analysed, instead of the acting of school subjects or plays. The objective was not only the application of the concepts of such authors to the theater inside the school environment, but also to incorporate those methodological proposals in order to elucidate and broaden the concept of democratic school by the students, moving the theatrical production towards educacional purposes. Therefore, it has been sought to provide a better understanding and a larger acceptance of the project and the practice of democracy in schools. At the same time, the project aims to discussing the concept of democratic school, in which students have their decisions and interests respected so that they are able to develop such aptitudes at their own pace. It also attempts to eliminate the obstacles ? so common in both public and private schools estimulating the participation in school assemblies, by voting and setting rules. The theatrical project proposal, as presented above, was, among others under development at EMEF Desembargador Amorin Lima, able to provide a more extensive meaning to the project of a democratic school, offering to the students a more effective comprehension and participation in this type of school.

Para ter acesso à íntegra da dissertação, acesse:

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-25042007-110524/

Título em português:
A escola em seu duplo – a aquisição das ferramentas do teatro pela educação para a construção de uma escola democrática.
Palavras-chave em português:
Didática
Escolas democráticas
Jogos teatrais
Teatro
Teorias de ensino
Resumo em português:
Este estudo trata de uma discussão teórica e empírica, no campo da didática e prática do ensino: teórica, na medida em que põe em cena determinados autores do teatro e da educação (Edgard Morin, Zygmunt Bauman, Paulo Freire, Bertolt Brecht, Jean-François Lyotard, Pierre Levy, Michael Foucault, Stuart Hall) com destaque para determinados conceitos que mais se aproximam de uma discussão específica do momento histórico pelo qual passamos atualmente, caracterizado por mudanças sensíveis, velozes e, por vezes, desordenadas. Empírica porque: a) parte dos resultados obtidos por meio da observação da dinâmica em uma escola pública; b) desenvolveu atividades que tiveram como objetivo discutir a possibilidade do teatro – mais especificamente os jogos teatrais; c) concentrou-se nas peças didáticas (lehrstück) de Bertolt Brecht; d) trabalho do teatro contemporâneo – como elemento colaborador na construção de uma escola democrática, nesse caso a EMEF Desembargador Amorim Lima, no bairro do Butantã, São Paulo. Utilizando-me da produção de, principalmente, Bertolt Brecht e Viola Spolin, tratei mais diretamente da incorporação da prática metodológica de alguns pensadores do teatro no âmbito escolar e não da incorporação da teatralização de conteúdos programáticos ou da encenação de peças teatrais. O objetivo foi a utilização da concepção que tais autores possuíam para teatro em um universo escolar e, mais do que isso, a incorporação dessas propostas metodológicas como capazes de elucidar e ampliar a compreensão do conceito de escola democrática pelos alunos e as práticas aí implicadas, realizando um deslocamento da produção do teatro para os fins da educação. Assim, buscou-se proporcionar uma maior compreensão e aceitação do projeto e exercício de democracia nas escolas. Conjuntamente o projeto busca discutir o conceito de escola democrática ou libertária, no qual os educandos são respeitados em suas escolhas para que possam desenvolver essa capacidade no seu próprio ritmo, sendo respeitados em seus interesses; busca quebrar as barreiras das obrigações compulsórias que normalmente se observa em grande parte das escolas (públicas ou privadas); estimular a participação em assembléias escolares (com direito a voto); construir a definição de regras claras (estipuladas em assembléias). Dentre as propostas em construção na EMEF Desembargador Amorim Lima, a do projeto de teatro, com as características apresentadas, foi capaz de dar significado mais amplo ao projeto de uma escola democrática, propiciando ao aluno o entendimento e a participação efetiva nesse modelo escolar.
Título em inglês:
The school and its double – the acquisition of theatrical tools by education for the construction of a democratic scholl.

Palavras-chave em inglês:
Democratic schools
Didatics
Educational teories
Leaning plays
Theater
Resumo em inglês:
The present study aims a discussion within didactical and teaching practice fields, both theoretically and empirically. Its theoretical aspects are laid on the fact that it singles out some playwriters and educators (Edgard Morin, Zygmunt Bauman, Paulo Freire, Bertold Brecht, Jean-François Lyotard, Pierre Levy, Michel Foucault, Stuart Hall) who place emphasys upon certain concepts which contributes to understand the current historical moment, characterized by deep, randomic and swift changes. It is also empirical, having on its base: a) part of results obtained by observing the dynamics inside a public school; b) developed activities that had purpose of discussing the feasibility of learning plays; c) focused in the Bertold Brecht?s didatic dramas and d) worked with a contemporary theather, all considered as a means of colaborating for the construction of a democratic school EMEF Desembargador Amorin Lima located in the district of Butantã, São Paulo. Employing mainly the ideas of Bertold Brecht and Viola Spolin, the incorporation of the methodological pratice of some researchers of the theater inside the educational field has been analysed, instead of the acting of school subjects or plays. The objective was not only the application of the concepts of such authors to the theater inside the school environment, but also to incorporate those methodological proposals in order to elucidate and broaden the concept of democratic school by the students, moving the theatrical production towards educacional purposes. Therefore, it has been sought to provide a better understanding and a larger acceptance of the project and the practice of democracy in schools. At the same time, the project aims to discussing the concept of democratic school, in which students have their decisions and interests respected so that they are able to develop such aptitudes at their own pace. It also attempts to eliminate the obstacles ? so common in both public and private schools estimulating the participation in school assemblies, by voting and setting rules. The theatrical project proposal, as presented above, was, among others under development at EMEF Desembargador Amorin Lima, able to provide a more extensive meaning to the project of a democratic school, offering to the students a more effective comprehension and participation in this type of school.
 

A nau dos insensatos

  De autoria de Luis Braga, o texto/depoimento A nau dos insensatos foi originalmente publicado nos Cadernos Cenpec n. 2 – Educação Integral, 2006.

A nau dos insensatos

Luis Braga

(Texto/depoimento publicado originalmente no Cadernos Cenpec n. 2 – Educação Integral)

Em dezembro de 2005, depois de dois anos viajando como clandestinos, matriculamos nosso filho na Escola. . Não que estivéssemos, nesses dois anos, escondidos no porão. Não. A nau é de insensatos generosos. Viajamos no convés, junto com todos, a brisa e um ou outro tempo ruim. O relato que se vai ler, então, tem esse caráter de quase clandestinidade também: no mesmo barco, mas por ali, sem função específica nenhuma, sem responsabilidade (quase) nenhuma.
Portanto é bom, desde aqui, deixar claro o que não se deve esperar deste pequeno relato: objetividade; análise crítica; isenção; imparcialidade. Um relato pessoal, somente.

Mas existe outra forma de se falar de uma experiência fundante?

Conheci um lugar

A primeira vez que entrei na Escola foi em abril de 2004. Ana Elisa Siqueira
caminhou comigo pelo pátio, pelas salas, foi me mostrando as paredes que já tinha derrubado. Claro que, de cara, simpatizei: no meio de tanta arrogância teorizada, de tanta hegemonia do pedagogês, não é brinquedo encontrar, assim, sem mais nem menos, uma adepta do demolicionismo. Então Ana Elisa me contou do tempo ainda em que derrubava grades, assim: “a escola precisa ser bonita, precisa ser aberta, precisa mostrar que confia”.

Fui pra casa contagiado, feliz da vida: daqui não saio, daqui ninguém me tira. Puxa, eu pensava, como são raros hoje os lugares que nos infundem leveza, essa sensação assim de êxtase jubiloso… Em casa, os meninos se espantavam: como assim, uma escola totalmente sem paredes? Nem telhado tem? Não, vejam bem, derrubaram as paredes de algumas salas, que se juntaram, cresceram, claro que tem telhado, e algumas paredes também…O mais novo (na época), cinco anos (na época), entre duas garfadas e desde o alto de sua simplicidade: mas isso não tem nada de mais, é assim mesmo que toda escola deveria ser, é assim mesmo que a minha escola é .

E eu pensava, mas não dizia (repare-se que estamos jantando, e eu temia fazê-lo engasgar com um tamanho excesso de realidade): tudo bem, meu chapinha, mas logo logo você vai ver o moedor de carne em que vai ser gentilmente inserido. Aos amigos doutos, eu punha uma pitadinha de erudição: aquilo é um platô, verdadeiro território desejante, essa Ana Elisa é a esquizoanalista dos sonhos de qualquer Deleuze e Guattari (mesmo que a dupla nem sonhasse), a paranóia ali é zero, uma profunda esquizoidice produtiva. E saravá. Fosse como fosse, era só uma justificativa, que a decisão já me tinha tomado: preparei minha trouxinha e fui pôr meu desejo ao abrigo daquele povo. O homem é um ser de necessidades que só se satisfazem socialmente, dizia Enrique Pichón-Rivière?.

Isso vem e não é de hoje

Você vê um barco assim, vento em popa, velas estufadas e, se já fez algum esforço em fazer andar um projeto, percebe que o trabalho não é de ontem, e que a coisa vem de longe. Se a Escola está em pé, mesmo depois de lhe tirarem as paredes, é porque tem alguma outra coisa sustentando. Você decida, mas eu sou de um tempo em que se acreditava em sustentações simbólicas. O esforço, hoje, de retomar o espaço público para o uso popular e público (Paulo Freire) exige caminhar no terreno frágil da utopia: de um lado, o ensino privado, bastante eficaz no ensinamento da realidade que vivemos, mas tristemente sucumbido a ela – em que falar de cidadania virou moda e é, portanto, tema de atenção numa aula por semana; de outro, o espaço público como espaço da degradação e do abandono consentidos (pela sociedade toda) – se o povo tem medo de sair à rua, a rua deixou de ser espaço público.

Na Escola (antes que saiam por aí derrubando paredes), uma pequena história de dez anos de retomada:

a. Tirar as grades do pátio, primeiro. Uma corzinha nas paredes (a estética como índice civilizatório); um mural de azulejos pintados (pelos alunos); flores. Na medida do possível, a Escola se quer bonita. A professora Adelina e os Vigilantes da Natureza.

b. Cultura Brasileira. Conceição Accioly (foi fazer ciranda no céu – vai virar nome da nova sala de artes: presença que engendrou tanta boa mudança e lembrança que sustenta). Graça e o pessoal do Querosene. Mestre Alcides e o pessoal da capoeira. Lydia Hortélio.

c. Envolvimento da Comunidade. Grupo de Teatro de Bonecos de Mães. Voluntariado. Abertura da Escola para atividades extraclasse. Sem o apoio das mães, pais, comunidade, a escola não se transforma. O Conselho de Escola como centro primordial do exercício da democracia e da participação.

d. Oficinas. Teatro. Circo. Dança. Artes Plásticas. Rádio. Horta. Capoeira. Cinema.

e. Interlocuções: convidar gente pensante, de fora, para vir açodar o acomodamento. Instituto Veredas. Instituto Pichón-Rivière?. Yanina Stasevskas. Lenina Pomeranz. Ana Guerra. Rosely Sayão.

f. Festas. A Escola como palco de celebração. Festa Junina. Festa da Cultura Brasileira. Festa do Auto de Natal. Festa. A alegria compartilhada como índice civilizatório. O saber não é cinza.

g. Busca de apoios. Institucionais; individuais; estatal. Parcerias. Projeto Crer para Ver (por dois anos). Instituto Camargo Correia (por um ano). Contribuição sem ingerência – para isso existe o Conselho de Escola, para isso existe o Conselho Pedagógico: zelar pelas diretrizes, defender as linhas, entrincheirar cada palmo de terreno conquistado .

Era muito, mas era pouco. O diabo é que essa gente, quando se põe a desejar, desencontra qualquer limite…

O Projeto

Ou seja: já naquele passado (a escola ainda tinha suas paredes todas) estava bem inscrito o nosso futuro de hoje.

Num passado mais recente: em 2003, foi apresentado à Secretaria Municipal de Educação um projeto de assessoria externa. Reformulando profundamente o funcionamento da Escola, o Projeto (aprovado pela SME Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e sendo implementado desde o começo de 2004) tem como objetivos :

• proporcionar a formação global de todos os envolvidos;
• construir a autonomia moral e intelectual dos estudantes;
• garantir direitos: educação de qualidade, com período completo de aulas;
• incentivar o compromisso com o conhecimento;
• estimular e orientar o trabalho em grupo;
• promover a convivência com responsabilidade;
• assegurar o respeito aos tempos e processos individuais

Ou seja: uns bons hectares de terreno frágil da utopia. Escandindo:

a. A utopia da construção da autonomia. A rima é pobre, mas o conceito é rico. A história é mais ou menos a seguinte, meu rapaz: você, pequeno aluno da Escola, tem ao entrar um bom punhado de roteiros te esperando (eles são hoje 115). Encare-os como preciosos mapas, elaborados por um pesquisador ao mesmo tempo sonhador e criterioso . À diferença dos mapas dos piratas em que no final você encontra um tesouro, nestes, a aventura não tem fim e você, em toda a parte, encontra tesouros cintilantes.

Nós estamos falando, meu filho, do Universo da Cultura do Homem, um universo fantástico de descobertas, aventuras, heroísmo e covardia, acertos e erros, alegria e dor. Esse universo nem sempre é bonito (você é tão jovem mas já percebe isso, bem sei), mas sempre merece o esforço de se tentar compreendê-lo. O mapa não é a aventura, assim como o roteiro não é a viagem. É tão somente um guia, uma pequena mostra das ilhas e praias que você poderá conhecer e algumas sugestões de bons caminhos que você pode trilhar para chegar até elas.

Nosso esforço (da Escola), vai ser todo no sentido de você não se ater somente ao guia, como o turista preguiçoso que somente olha e fotografa fachadas. Não. O convite é para você percorrer o caminho com calma, urgente sem pressa, como João Guimarães Rosa dizia de Deus (você vai poder conhecer Guimarães Rosa, meu rapaz, Manuelzão e Miguelim, Riobaldo Tatarana – há roteiros que te levarão às veredas e aos sertões todos das Gerais, tenha calma). Vai haver tempo para você parar e conhecer as pessoas: aprender sua música, sua dança, sua comida. Nestes oito, nove anos fundamentais, você vai conhecer um pouco do povo que habitava ancestralmente estas terras , e dos povos que a vieram depois habitar.

Como nem tudo são flores, você, muitas vezes, vai ter de atravessar desertos, vai se lanhar em muito espinho agudo e seco. Aprender requer também muito esforço, mas é muito bom ver como esse esforço deixa vocês bem felizes (você diz muito orgulhoso que já estava mesmo meio cansado da escola só de brincar). Outro dia perguntei para o Matheus, teu amigo da 1a. série, do que ele mais gostava e do que ele menos gostava na Escola. Sabe o que ele me respondeu? – O que eu mais gosto é de aprender e fazer lição, com essas palavras, eu juro. O que ele menos gosta, sabe o que respondeu? De quando você, meu chapinha, briga no recreio com o Ian – o outro grande amigo dele (precisamos ter uma boa conversa). Ou seja, bom amigo esse que você tem, muito esperto: com sete anos, colocar o conhecimento e a amizade como as coisas importantes da vida, não é mole não – se não atrapalharem muito, o rapazinho vai longe.

Porque eu quero te dizer mais uma coisa: você vai notar que nós, adultos, somos dúbios, ambíguos, nós dizemos muito que queremos que você aprenda, mas agimos muito no sentido de mantê-lo ignorante e dependente (assim os espertos seremos sempre nós).

b. A utopia da inclusão. O nome não é bom, bem sei. Falar em inclusão já aventa um universo de exclusão que, ele sim, precisa ser erradicado. Mas o que se quer é só contar de um certo esforço consciente e que se pretende seja de toda a Escola: alargar os umbrais da convivência à largura de qualquer diferença. Claro que isso, sendo um direito, só é possível de acontecer na escola pública, tão infensas estão algumas privadas ao reconhecimento de certos direitos bastante elementares (e é por isso, acima de tudo, que a boa escola, a melhor escola há de continuar sendo, e voltar a ser, a escola pública). Quatro psicólogas auxiliam a Escola neste esforço.

c. A utopia da participação da comunidade. Há quem pense que a participação da comunidade (muitas vezes voluntária) é um produto dos liberalismos, um esforço que acaba por incorrer num pretexto de desobrigação do Estado. Dos vários modos de defesa do imobilismo esse é o mais canhestro: tem certo apelo ideológico, e é muitas vezes defendido por pessoas de bem. Nós vivemos uma guerra – é bom que percebamos de uma vez. Já bem o disse o professor Paulo Freire: talvez até possa acontecer que uma mudança da escola não implique numa transformação social – nenhuma transformação social é no entanto possível se não passar por uma transformação da escola. A Escola é nossa trincheira, e como diz Paulo Leminski: “En la lucha de classes, todas las armas son buenas: piedras, noches, poemas”.

Porque o descaso com a educação não é questão só de Estado, esse ou aquele governo – um milhão de alunos do ensino municipal de São Paulo sem aula é notícia de quarta página do caderno local dos principais jornais. De tão banal e evidente, a verdade dá vergonha de ser dita: a sociedade (não só a constituída enquanto Estado), não quer, não tem o menor interesse em termos uma escola pública de qualidade.

Não entra no rol das preocupações das pessoas que têm seus filhos nas escolas privadas que a escola pública seja ruim – isso é da Natureza, isso está posto como o dia que nasce e se põe. A escola pública é ruim é verdade tão aceita e incontestada como: anoitece. A preocupação crescerá, aí sim, à medida que tivermos uma escola pública de qualidade. O verdadeiro ato revolucionário no Brasil de hoje é termos um ensino público, popular, universal, de qualidade – e isso não se consegue flanando nas teorias, nem nas ideologias.

Tente não pensar a Escola como uma ilha, mas como uma trincheira – abaixe a cabeça e proteja-se, e tente, por favor, não acertar tiro no próprio pé (inimigos não nos faltam). Hoje, vários projetos, já implementados ou em fase de implementação, são coordenados total ou parcialmente por pais ou voluntários:

• jornal, coordenado por pai de aluno;
• portal, coordenado por grupo formado por pais, funcionários, empresa parceira;
• Estação Butantã – vasto projeto estudando a história, geografia, ocupação e urbanismo do Bairro do Butantã, coordenado por pais e moradora do bairro;
• Meus pais leram para mim – projeto de empréstimo de acervo e incentivo a pais lerem para seus filhos, coordenado por professora e mãe;
• Grupo de preparação das Assembléias de Alunos, coordenado por pai e mãe;
• Grupo de Cinema, coordenado por educadora voluntária;
• educadora Thereza Pagani, a Therezita, uma vez por semana na Escola;
• professor José Pacheco – membro do Conselho Pedagógico da Escola;
• professora Lenina Pomeranz – auxiliando na formatação de projetos e na ONG;
• forno caipira construído por pais e funcionários (aos sábados e domingos).

d. A utopia da construção da cidadania através da prática democrática. Em primeiro lugar, é preciso destacar o Conselho de Escola. De formação paritária – sete representantes dos professores; sete, dos pais; sete, dos funcionários; e sete, dos alunos – é o palco preferencial da construção democrática. É vital por vários motivos:

• Ensina-nos a todos – professores, pais, funcionários e alunos – a vivência democrática: a necessidade de defender lógica e coerentemente nossos pontos de vista; a necessidade de construir consensos que permitam avançar em meio às divergências.

• Ensina-nos a pensar na e a escola que queremos. Aproxima o horizonte do desejo a uma distância tangível, e nos faz sentir agentes de transformação, e não meros objetos de políticas e ações que nos são transcendentes. Por outro lado, depara-nos com os limites sempre presentes (em nós mesmos e na realidade), exorta-nos o esforço de superá-los e, finalmente, desarticula o discurso fácil de culpabilizar somente entes externos (mesmo que também culpados).

• Principalmente: obriga a nos defrontarmos. Criados que somos no discurso da complacência, da polidez e da subalternidade, desacostumamos de nos dizer verdades. O Conselho de Escola pode, e deve, se tornar então o instrumento de encarnação e materialização do discurso: por favor, diga-me verdades inscritas em sua própria carne; por favor, ao falar-me, olhe-me nos olhos; por favor, não me venha com o discurso da autoridade do saber (estudei e portanto sei), da autoridade do poder (aqui mando eu), da autoridade do privilégio travestido em direito (falto porque a lei me permite). Por favor. A escola, como tantos outros lugares, desencontrou e desconstruiu a possibilidade de diálogo (uma conversa entre iguais): o professor principalmente (enquanto categoria) cerrou fileiras na defesa de seus direitos e somente consegue articular (enquanto categoria) o discurso do corporativismo .

Além disso, não é só o direito a faltar que faz com que o professor que lecione nas redes pública e privada falte naquela e não falte nesta, mas um preconceito: a convicção de que ao aluno da rede pública está de bastante bom tamanho o pouco que se lhe dê (pois se é dado…). Não há diálogo: o professor, identificado não se sabe exatamente com o quê, trata a clientela da escola pública com a empáfia e o descaso com que as elites tratam as classes subalternas: estão convictas de que não lhes devem explicações.

Aos pais cabe-nos então o aprendizado (também longo e custoso, porque também nós somos vítimas de preconceito) de que a escola de qualidade é um direito não nosso, mas principalmente dos nossos filhos – é então um dever nosso lutarmos por um ensino de qualidade, e exigirmos dos professores compromisso e seriedade .

Cabe, pois, ao Conselho de Escola, ser o palco da requalificação do diálogo, da construção de um discurso forte de cobrança mútua, constante e implacável – cobrança da ação encarnada, da prática comprometida – e de repúdio aos discursos e práticas escamoteadoras, enganatórias, sabotadoras. Cabe ao CE ser o palco de uma tarefa hercúlea, importantíssima, sem a qual malogrará qualquer política que vise melhorar o ensino público: construir pontes sobre o imenso desvão que se formou entre os pais e os agentes de educação, cuja relação se foi tornando hostil e agressiva, de ambos os lados.

As grandes transformações da Escola foram muitíssimo discutidas no Conselho de Escola, e consolidadas na aprovação do Projeto Político Pedagógico , e do Regulamento Interno – que cria novos e importantes instrumentos de gestão democrática, e dos quais cabe destacar:

1. O Conselho Pedagógico. Formado pela diretora da EMEF, pelos dois coordenadores pedagógicos regimentais, por três professores escolhidos por seus pares, dois educadores convidados e por um representante dos arte-educadores, e tendo a participação de duas mães na condição de ouvintes. O Conselho Pedagógico é o responsável pela criação e implementação dos dispositivos e práticas pedagógicos, no sentido da melhor implementação do Projeto. Favorece enormemente que cada segmento venha a ter uma visão mais global e abrangente da Escola, e que se implique, e a seus pares, com o Projeto de forma integral;

2. O Conselho de Gestão Financeira. O coletivo da EMEF aprender a gerir e administrar seus recursos de forma democrática e transparente não é tarefa desimportante. O problema do ensino também é um problema de gestão – financeira, inclusive. O aprendizado e a experiência darão confiança na luta por uma crescente autonomia.

e. A utopia do conhecimento solidário. Você já se senta em grupos de cinco alunos, ainda na sala pequena e ainda com uma única professora, a Cleide (você é um cara de sorte), e uma estagiária – afora, é claro, as oficinas que você faz em outros espaços. Logo que você estiver lendo mais fluentemente, entendendo melhor como funciona a barafunda toda, vai para o salão grande trabalhar com os tais roteiros (isso é logo, não se preocupe, você cresce bem mais rapidamente do que imagina…).

O grupo, você já sabe para que serve – a Cleide deve falar bastante disso, eu acho – pois outro dia você me falou que ia pedir para o Caio, que já sabe, te ensinar letra cursiva. Você diz que vai ensinar matemática para ele – em matemática eu sou muito bom, você falou. Então, é bem isso, eu penso que o começo de quase tudo está aí: uma auto-avaliação espantosamente consciente (isso eu sei, isso eu não sei), e uma crença no poder da solidariedade (isso eu sei e posso ensinar; isso eu não sei e preciso encontrar quem me ensine).

Mas o conhecimento solidário não é só isso. Há também o que alguns meninos, que estudam e estudaram em outras escolas, estão vindo fazer, o que alguns pais e outros adultos, estão vindo fazer.

E há, ainda, o que o Geraldo Souza chama de Educador Público – a mais importante, e utópica, de nossas utopias:

f. A utopia do advento do Educador Público.
O método de pesquisa em grupos nos salões, que a Escola utiliza, é uma prática que não garante, por si, nenhuma melhora do ensino – evidentemente. Poderão alguns argumentar que o método é, na escola, o que menos importa – e estarão, sem dúvida, cobertos de razão. Há bons, excelentes professores, com métodos que se poderia chamar antiquados, assim como é comum travestir-se o descompromisso e o desinteresse com roupagens ditas modernas – o trabalho em grupo e o incentivo à pesquisa sendo algumas delas. Se isso é verdade, também é bastante verdade que, na Escola, o método não é aleatório, nem bem menos fruto de uma qualquer inconseqüência, sendo fundamental no processo de construção da escola que queremos.

O método de trabalho na Escola favorece o advento do Educador Público das seguintes maneiras:
• O professor, hoje, por mais capaz que possa ser, viu sua função distanciar-se a tal ponto do papel de Educador, que já quase não o vislumbra. E isso por vários motivos:

1. em primeiro lugar, pelo advento das especializações psicopedagógicas: não é mais função do professor orientar (há um orientador para isso), falar de questões relativas à subjetividade (há um psicólogo para isso), ou falar de uma dificuldade qualquer frente ao aprendizado (há a psicopedagoga para isso);

2. em segundo lugar, a própria forma como a escola se organiza obriga o professor a se ater, e se preocupar, com uma turma, uma aula, uma matéria. Está o professor dando sua aula e pouco se lhe dá se a classe vizinha vagueia no pátio pela falta de um seu colega: isso não lhe diz respeito, absolutamente. O convite que a escola faz ao professor não é para olhar o aluno, para se preocupar com ele, mas para ater-se a um conteúdo e a um compromisso específicos – a escola de hoje é um espelho despedaçado em que o professor, por melhor que seja sua boa vontade, não se pode enxergar, pois não enxerga o aluno em sua totalidade. O professor é hoje um fragmento, e um fragmento nunca vai ser um Educador;

3. o professor trabalha sozinho entre díspares, dentro de sua sala, e essa é uma função (no sentido teatral mesmo do termo) pobre: os palhaços, que são sábios, só muito raramente atuam sozinhos. A solidão amesquinha a alma mais nobre – perde-se em elã o que se ganha em soberba;

4. então, o professor vai se agarrar à sua moldura e exigir respeito – porque sabe mais, porque pode mais – mas terá com esse fragmento de aluno um diálogo impossível: o aluno que ontem vagava sem aula pelo pátio sabe que esse professor viu e nada fez; o aluno, que está sem aula de outra disciplina, vê que esse professor nada faz: o aluno, que não é bobo (e ainda não aprendeu a ser cínico), sabe que o professor se preocupa com o silêncio da sua aula, com a disciplina na sua aula – o professor não se preocupa com ele – então, por que respeitá-lo?

• A diretora, os orientadores pedagógicos, os auxiliares de período, os agentes escolares, têm na Escola o estatuto de educadores. Isso significa um reconhecimento formal, mas isso significa também a imersão em práticas de ensinança mesmo – tutoria inclusive. Muitos estranhamos essa posição: tanto mais quanto mais nos prendemos às formalidades. Um agente escolar tem formação para dar oficina de matemática? Um agente escolar que conhece as quatro operações, teria? Um que pesquise, ouse aprender, experimente? Essa é a dádiva do processo: você conhece pessoas – que sempre são mais (e às vezes menos) que suas supostas qualificações.

• Os pais e mães, zelosos que somos, aprendemos a amar nossos filhos, mas temos naturalmente nossas dificuldades em amar a criança, em sua totalidade. Daí a importância do grupo, e do coletivo da Escola: há pessoas, nele, com grande sentimento do mundo, com as quais aprender. Cada um tem suas dificuldades específicas, seus pontos cegos, que outros haverão de poder iluminar. O pai ou a mãe, tendo adentrado o espaço da escola, precisa aprender a se tornar Educador, e não de seu filho somente. A amizade e o respeito aos nossos grandes amigos só se materializa quando temos liberdade para dar, em seus filhos, a bronca que daríamos no nosso; para dar a seus filhos o incentivo e o reconhecimento que daríamos ao nosso. Isso um dia na escola – e isso um dia fora da escola também.

• O aluno, à medida que se torna agente, à medida que se apossa da Escola como sua, torna-se, também ele, Educador. O aluno cada vez mais aprenderá que a cidadania é a exigência de respeito: para com sua história, para com seu corpo, para com os seus direitos – a escola entre os mais preciosos. O aluno cada vez mais saberá dizer ao outro aluno: não estrague a minha escola; cada vez mais saberá nos dizer aos adultos: respeite a minha escola.

E, por que não?, um tutor.

E aqui caberia destacar o espaço da tutoria como um dos instrumentos fundamentais para o advento do Educador Público integral, e do aluno integral – adventos simultâneos e inseparáveis, pois que não se vai nunca atingir a integralidade na formação do aluno, não tendo atingido também a do educador. Atendo-se semanalmente, durante todo um período, a um pequeno grupo de alunos (quinze no máximo), o educador pode acurar sua escuta, aprofundar seu olhar, reenquadrar sua conduta.

O tutor – como na botânica, em que o tutor apóia e esteia o novo broto e o novo ramo – vai semanalmente verificar o trabalho realizado, propor reparos e aprofundamentos, sugerir os novos passos para a semana que se vai começar. Vão poder estabelecer, tutor e aluno, uma relação que ultrapasse o mero verniz das conveniências e das aparências.

Em suma: se a metodologia aplicada na Escola não é a garantia, é uma engenhosa e poderosa contribuição à construção da escola democrática e cidadã que almejamos. Se, como bem sabemos, a distância até ela é ainda bastante longa (…tanto mar, quanto mar…), pois que demos somente umas poucas braçadas, cada vez vai-nos ficando mais claro o para onde remar – o que, retomando a alegoria do título, faz da Escola uma nave bastante distinta da stultifera nave medieval, que vagava sem rumo, perdida nos mares.

Ong Educação Cidadã

A Educação Cidadã é uma iniciativa educacional complementar ao ensino regular. Seu foco está voltado para a sustentabilidade de experiências inovadoras da prática pedagógica de ensino fundamental. Com isso buscamos valores como estímulo de raciocínio independente do estudante e a implantação de uma educação de qualidade que promova as melhores condições de desenvolvimento do indivíduo para sua inserção solidária no meio sócio-ambiental.
A ONG Educação Cidadã não tem nenhum vínculo específico com a EMEF Desembargador Amorim Lima, e apoia essa e outras iniciativas educacionais.

Diretoria

 

  • Gilberto Frachetta – Presidente
  • Carlos Luiz Pavão – Vice-Presidente?
  • Solange Maria Pereira Martins – Primeira-Secretária?
  • Maria Angélica Correia Oliveira – Segunda-Secretária?
  • Fátima D’Áuria – Primeira-Tesoureira?
  • Ana Maria Guerra Pires – Segunda-Tesoureira?.


Conselho fiscal

 

  • Lenina Pomeranz
  • Regina Carmen Chaves
  • Rosângela Braz da Silva

Visita do Prof. Bernd Fichtner

No dia 12 de novembro de 2007 tivemos a satisfação de receber na escola o Prof. Bernd Fichtner, da Universidade de Siegen, Alemanha. Especialista em Vygotskij, o Prof. Bernd ofereceu aos educadores e pais um diálogo cheio de conteúdo e encantamento. Havia trazido sua palestra escrita, mas acabou optando, na noite, por uma fala pessoal, que entremeou histórias vividas ao lado do avô com temas e conceitos da educação das crianças – além de uma aguda análise da educação na Alemanha de hoje.
Generosamente concordou em abrir o acesso ao texto que seria sua fala da noite.

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Aprender e ensinar como dialogo com o futuro

Bernd Fichtner

Gostaria apresentar brevemente três exemplos de uma pratica pedagógica e um conceito teórico.

1. Escola e Violência

No ano passado nos foram enfrentados numa primeira seria de uma escola de minha cidade com este problema:
um aluno sem pai e com uma mãe que trabalha vivendo em um bairro extremamente violento deve aprender a defender-se, porém chegado na escola ele é obrigado a aprender que a violência e uma falta grave. Para tanto a escola assume com todo o rigor seu papel pedagógico, chamando a mãe, advertindo à criança de mil formas possíveis. A criança nesse caso sente que por um lado a escola é mentirosa, pois ela sabe na sua prática que se no se defende da violência dos outros ela corre sérios riscos, por outro lado a valorização social da escola faz com que sua mãe aceite ao principio da nao-violencia deixando seu filho a mercê da violência do bairro, e ao mesmo tempo mudando o seu orgulho perante seu filho forte por uma certa vergonha por seu filho violento. O aluno neste duplo-vinculo tem como alternativas
a): a hipocrisia, na escola ele não é violento, porém na rua continua sendo violento, sem dizer nada nem a sua mãe, nem aos professores da escola,
b) o aluno aceita a ideologia da não violência e passa a ser um mártir do bairro
c) a criança fica esquizofrênica.
Este pequeno exemplo nos mostra que na verdade o tema violência dentro da escola tem uma perversão. É também uma violência fazer com que uma criança abandone uma linguagem de sobrevivência. É para mim o mesmo caso de fazer que uma criança aprenda a que ter fome é uma vergonha.

2. O ladrão da primeira série

Esta anedota me foi narrada exatamente assim por uma professora alemã das séries iniciais de uma escola pública.
“Uma dia um lápis e um apontador se extraviaram e exigi que as crianças os procurassem. Todas as crianças procuraram. Eles engatinhavam no chão, olhavam nas mochilas e gavetas. De repente descobri que Geraldinho tinha escondido o lápis e o apontador no bolso traseiro de seu jeans.
O que deveria fazer um professor quando descobre um ladrão em sala de aula?
Eu nem julguei seu comportamento, mas mandei parar com a procura.
E disse: “Eu já sei onde estão as coisas”. Geraldinho agarrou rapidamente o bolso com os objetos. “Não, não… não é verdade… ninguém sabe onde estão as coisas.”
“Eu sei”, disse eu, “e você também”.
Geraldinho não disse nenhuma palavra, colocou os objetos na minha mão e andou furtivamente para o seu lugar.
Eu me senti de repente muito mal. Geraldinho tinha desmascarado a minha própria indiferença, ele me envergonhou profundamente, com a sua resignação para entregar os objetos.
Geraldinho não tinha nada. Ele foi deixado num orfanato porque sua mãe não podia sustentá-lo. A sua roupa usada era ou muito grande ou muito pequena, mas nunca limpa, raramente inteira. No verão ele usava botas. Eu via seu rosto pálido, seu olhos profundos e tristes. Eu sabia que ele raramente tinha algo com que escrever. Seu estojo estava sempre vazio. Eu sabia que ele tinha que mendigar para que lhe dessem coisas, e que raramente alguém lhe dava.
O que eu deveria fazer neste momento? Então mostrei às crianças o estojo vazio de Geraldinho sem palavras.
“Geraldinho não tem nada”, disseram as crianças em voz baixa e surpresas.
Lentamente algumas da turma foram levantando-se e colocavam no estojo algumas das coisas que ele precisava.
Geraldinho as olhava enquanto seu rosto ficava encandecido. “Se vocês me dão algo então vou ter algo” disse ele.
O estojo vazio tinha obrigado as crianças. Graças a isto elas tinham entendido algo sobre este acontecimento.
Geraldinho não era o ladrão da turma, mas sim o orfanato que não tinha nada. Nós não somos anjinhos, mas sim possuidores em relação a Geraldinho.
Esta experiência, onde puderam compreender-se relações, criou uma nova consciência para cada um e constituiu assim uma nova realidade.”

3. Quatro anos dar aulas sem ensinar – o Projeto do Professor Falko Peschel

Um projeto concreto de 4 anos que consistiu na práxis numa escola elementar, onde um professor deixou nas mãos dos alunos da primeira a quarta serie a organização do processo de ensino-aprendizagem.

Neste projeto não existiam livros didáticos, nem currículo, nem material didático, nem jogos pedagógicos, etc. etc. etc.

Existiam só folhas em branco que as crianças deveriam preencher com suas idéias, seus conceitos, suas necessidades e seus desejos. Claro que existiam auxiliares neste processo mais eram os instrumentos mais simples, o básico: listas de letras, de números, de posições para sistema numérico, etc.

Eram 32 alunos que começaram com seis ou sete anos uma primeira serie muito diferente das outras, eles deveriam organizar seu dia de escola: conteúdos, organização, disciplina, horário e sobre tudo relações com o conhecimento. As diferenças existentes entre as crianças, respeitadas e aceitas, foram as bases para esta forma de auto-organização e auto-regulação. A abertura foi o principio fundamental de este aprendizagem onde todos os alunos aprenderam a ler e escrever, foi um processo de aprender e ensinar ao mesmo tempo entre eles. Quando os alunos queriam aprender elas mesmos só ocuparam esclarecendo o conteúdo organizar os materiais necessários.

Eles se aprenderam a escrever e através do escrever aprenderam a ler. A ortografia não foi aprendida por leis gramaticais ou exercícios repetitivos e cansativos, mas pela prática de escrever e ler e olhar. Ao final de 4 anos o professor pediu uma avaliação externa, muito rígida e severa de acordo com os padrões da educação formal na Alemanha e o resultado de todas as crianças com respeito a capacidade de escrever, compreensão de texto, ciências naturais e exatas foi 30 por cento melhor do que a media nacional e o mais importante foi que todas as crianças entraram na segunda etapa do ensino médio com uma bagagem de segurança e auto–estima não contabilizada na avaliação externa.

Muito mais surpreendente do que os resultados obtidos no currículo foram os resultados da integração social destas crianças, que em vez de apresentar padrões e regras comportamentais, cada minuto da convivência era determinada pelo direito de opinar e decidir e por um respeito verdadeiro pela decisão da maioria, sem demagogia.

Neste exemplo o que nos surpreendeu verdadeiramente foi a veracidade das relações existentes entre aluno e professor, este conjunto de indivíduos se debruçou num problema real, como aprender o que a sociedade manda sem ferir a originalidade, a univocidade, o tempo individual e a necessidade social de cada um de seus membros, sem usar essa pedagogia arrogante que se outorga o direito de definir o que é bom para o outro.

4 . Carlos Maldonado, Secretário da Educação de Cuiabá

nos informou, que povos indígenas no Estado de Mato Grosso cultivam uma representação bidimensional do tempo. O tempo aqui é constituído apenas de passado e futuro. O passado é o que está na frente e o futuro é o que está na gente.

Por que o passado na frente? O passado, o experimentado, o vivido, é a experiência, imagem ou sensação que já conhecemos, o único que podemos enxergar. É a vida já vivida que nos dá a visão da existência, das suas possibilidades, limites e fronteiras. É o acúmulo das vivências, processos, interações e trocas com os outros e com as coisas que nos possibilita a invenção da cultura, em sua dinâmica de destruição e criação permanentes, e a nossa identidade dentro dela.

O que é o futuro que está na gente? O futuro não está ao lado, nem atrás, nem na frente. Ele está na gente. O futuro guarda um compromisso em sua possibilidade e existência: criar mais passado. Significa dizer, renovar a tradição, superar o já andado. transformando tudo que está na frente (a arvore; o colher; o conhecimento) em algo do futuro, em algo que está dentro de mim, transformando–o num sentido pessoal.

Assim, o futuro impregna a ação com a necessidade de sentido pessoal. Como o futuro está em nós, podemos ou não realizá-lo, mas ele não depende do outro, senão para as utopias coletivizadas. Passamos a ser depositários dos nossos sonhos, senhores dos nossos desejos, responsáveis únicos pelo que somos e pelo que viermos a ser. Passamos a ser seres humanos.

Nos três exemplos apresentados de culturas completamente diferente a lógica da pedagogia vigente é questionada fundamentalmente. E aparece aqui uma outra lógica alem de uma perspectiva de métodos novos. Em todos os três exemplos se encontra o direito de aprender a ser um ser humano.
A ração lógica da Educação Publica tradicional está determinado e influenciado por a lógica do Estado e da sua sociedade. Se trata da lógica do poder, que o filosofo Espinosa descreveu na sua Ética como lógica do tirano e do escravo . Os homens livres encontram um base nos afetos e emoções de alegria e felicidade, que aumentam a capacidade de agir quer dizer de viver. Também encontramos em Espinoza uma negação muito forte de qualquer forma de um dualismo, seja o dualismo mente – corpo, individuo – sociedade, espírito – matéria.

E para concluir nos identificamos com duas frases de Agostinho Reis Monteiro
“Com que legitimidade podem as gerações mais velhas (a sociedade/ o Estado) pretender moldar as gerações mais novas á sua imagem semelhança?
Com que direito é que uns seres humanos fazem o que fazem a outros seres humanos, a titulo da educação? Com que direito educar? … O direito à educação tem o alcance de uma revolução coperniciana que pode ser resumida nestes termos metafóricos: a educação já não está centrada na terra dos adultos, nem no sol da infância, mas projetada no universo dos direitos do ser humano, onde não há maiores e menores, pais e filhos, professores e alunos, mas sujeitos iguais em dignidade e direitos. Sendo assim, a razão pedagógica já não é a razão biológica da Família, nem a razão política do Estado, mas a razão ética do educando, que limita tanto o arbítrio parental como a onipotência estatal.

A ética do direito de aprender é uma ética cujo valor especifico é o pleno desenvolvimento da personalidade humana como centro de gravidade de todo o desenvolvimento.
(2001, pp 3 e 4)

O conceito “zona de desenvolvimento proximal“ em Vygotskij

Vygotskij construí o famoso conceito de „zona de desenvolvimento proximal“ para esclarecer as relações entre ensino/aprendizagem e desenvolvimento . Vygotskij denomina a capacidade de realizar tarefas de forma independente como o nível de desenvolvimento real de uma criança. O nível de desenvolvimento potencial representa a sua capacidade de desempenhar tarefas com a ajuda de adultos ou de companheiros mais capazes. A distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível potencial Vygotskij o define como „a zona de desenvolvimento proximal“ (1984, 92).
Com esta concepção podemos medir não só o processo de desenvolvimento até o presente momento e os processos de maturação que já se aconteceram, mas também os processos que ainda estão ocorrendo, que só agora estão amadurecendo e desenvolvendo-se. A área de desenvolvimento potencial permite-nos ver o amanhã da criança, os seus futuros passos e a sua dinâmica de desenvolvimento:
.Em todas as versões desta concepção Vygotskij mostra uma orientação para algo que até agora não existia, com uma direção para o futuro que ostenta a sua dinâmica já na interação social, na colaboração com adultos ou companheiros mais capazes.
Mas para encontrar „zonas de desenvolvimento proximal“, deve-se fazer mais do que analisar a criança através de testes, se deve interagir, cooperar com eles, mostrar-lhe o pontos de referência certo, deve-se estabelecer relações múltiplas, que Vygotskij denomina como „ensino-aprendizagem“. Isto é exatamente oposto dos famosos métodos clínicos que Piaget brilhantemente domina. Piaget questiona a criança à base dos erros dela, Vygotskij questiona a criança a partir das respostas, que ele deu a ela.
Uma imagem poderia ilustrar isso: Nossas crianças aprendem a caminhar, porque nós, os adultos, caminham. Elas têm uma resposta literalmente à sua frente, que está acima de suas necessidades internas e externas. Nós adultos estamos interpretando estas necessidades internas ou/e externas da criança de aprender a caminhar como pergunta: „o quê devo fazer para caminhar“? ou „Me ajuda a caminhar?“ Cada criança transforma esta resposta, esta nossa ajuda na sua própria maneira de caminhar. Nós conhecemos também as conseqüências se esta resposta não existe ou não está disponível. Isso mostra dramaticamente o caso de um Kaspar Hauser ou da criança de Avyron.
Dar uma resposta, ser uma resposta, apresentar ou viver uma resposta para fazer possível o novo, algo que não existia, isto sempre é de fato uma coisa prática. As respostas, que nos pedagogos estamos dando às crianças e adolescentes, são para eles meios, com os quais eles construem as próprias perguntas. Esta perspectiva é exatamente oposta a uma interpretação dogmática da „zona de desenvolvimento proximal”, onde pedagogos e psicólogos pensam que podem determinar precisamente os conteúdos destas zonas. Aqui a perspectiva metodológica de Vygotskij é reduzida à uma receita que é simplesmente o ensino em grupos ou/e o trabalho em grupos na sala de aula.
A „zona de desenvolvimento proximal“ refere-se ao caminho que o indivíduo percorrerá para desenvolver novas funções. Assim a zona apresenta uma área em constante transformação, uma área de problemas, de insegurança, de perspectivas novas e, ao mesmo tempo, desconhecidas para o indivíduo. Entrar numa “zona de desenvolvimento proximal“ significa sempre entrar numa área não totalmente esclarecida nem conhecida. Conflitos, distúrbios, problemas, comportamentos problemáticos, falta de coordenações nas atividades atuais de um indivíduo, etc., podem ser compreendidos como sintomas importantes desta entrada.

A “zona do desenvolvimento proximal“ é um diálogo entre a criança e o seu futuro, nunca é um diálogo entre a criança e o passado de um adulto, de um professor ou de uma sociedade.

2º Seminário de Avaliação do Projeto

Veja a transcrição de algumas das falas de nosso 2o. Seminário de Avalição, 2006.

 

 

 

 

 


Proposta de Criação de Rede de Escolas Autônomas no Município de São Paulo

Proposta de Criação de Rede de Escolas Autônomas no Município de São Paulo

As sugestões aqui apresentadas foram inicialmente formuladas pelo Grupo de Estudo de Gestão da EMEF Desembargador Amorim Lima, e apresentadas ao Sr. Secretário da Educação do Município, Sr. Alexandre Alves Schneider, em 07 de julho de 2006.
A proposta inicial foi posteriormente discutida e aprimorada por um grupo de educadores das seguintes unidades escolares:
EMEF Pres. Campos Salles
EMEI Gabriel Prestes,
e por pais de alunos da EMEF Prof. Olavo Pezzotti.

1) Considerações Iniciais

Acreditamos que, para o processo de construção da escola de qualidade, são necessários três aspectos, sempre intrincados, mas que podem ser assim resumidos:

a) A comunidade escolar precisa sentir a necessidade de ter uma escola de qualidade. Precisa dar-se conta de que a educação é um bem de valor inestimável – é um direito dos nossos filhos ter acesso a esse bem, e um dever nosso – dos adultos – cuidar para que esse direito seja respeitado. Percebida esta necessidade, a comunidade precisa ascender ao nível de desejar construir a escola de qualidade.

b) A comunidade precisa, daí, formular um projeto – precisa pensar e planejar os meios que poderão transformar o desejo em realidade.

c) A comunidade precisa, tendo formulado o seu projeto, dispor dos meios – materiais e intelectuais – para implementá-lo.

Logicamente os três passos estão sempre indissoluvelmente intrincados, e estão aqui separados de forma apenas ilustrativa. Por exemplo, a comunidade em extrema carência de meios: terá uma dificuldade enorme em superar as premências do cotidiano a ponto de ascender à formulação de um projeto. Ou ainda: não há, logicamente, uma fase estanque de formulação, e outra diversa, de “implementação”, pois que o Projeto vai-se propriamente constituindo no processo de implementação. De todo o modo, do que estamos convictos e o que queremos enfatizar é: as políticas públicas, por mais bem intencionadas que possam ser, têm poder de ação sobre o terceiro ponto e, eventualmente, sobre o segundo (fornecendo uma assessoria na elaboração do projeto, por ex.) – mas são absolutamente ineficazes quanto ao primeiro. No que concerne ao desejo, a história nos mostra que o que o Estado pode, e faz, é reprimí-lo, não despertá-lo.
Nossa hipótese é que a melhor, se não a única forma de sensibilizar uma comunidade da importância da educação de qualidade, é através do contágio. Como se verá a seguir, propomos aqui a formação de uma rede de autonomia – que colabore com a construção de uma escola de qualidade – de crescimento rizomático.

2) A formação da rede de escolas autônomas seria coordenada por uma Comissão formada para tal fim, composta por reconhecidos profissionais da área, a critério da Secretaria Municipal de Educação.
Seriam requisitos para escola pleitear o acesso à Rede de Autonomia:

a) Possuir Conselho de Escola – nos moldes definidos no Estatuto Geral das Escolas Municipais – ativo há pelo menos 1 (um) ano.

b) Haver elaborado Projeto Político Pedagógico em consonância com a legislação em vigor (Leis de Diretrizes e Bases da Educação, Parâmetros Curriculares Nacionais, Estatuto da Criança e do Adolescente, Regimento Geral das Escolas Municipais, etc.). O Projeto Político Pedagógico deverá, partindo da situação real e concreta da escola, propor dispositivos e ações no sentido do aprimoramento de seu ensino, e deverá ter sido discutido e aprovado pelo Conselho de Escola.

c) Haver constituído um Conselho Pedagógico, nos moldes propostos no Regulamento Interno, anexo a este documento.

d) Haver constituído Conselho de Gestão Financeira, nos moldes propostos no referido Regulamento Interno.

e) Constituir Grupo de Incubação. O Grupo de Incubação será formado por 3 educadores, 3 pais voluntários e 3 alunos voluntários. Sua função será explicitada mais abaixo.

A escola que preencha os requisitos acima poderá pleitear seu acesso à Rede de Autonomia. A Comissão Coordenadora acatará, ou não, o acesso.

3) A Escola que ascendeu à Rede de Autonomia terá as seguintes responsabilidades:

a) Apresentar anualmente à Comissão Coordenadora um relatório de avaliação do andamento do Projeto.
b) Apresentar anualmente um Relatório Financeiro, com a comprovação minuciosa dos gastos, aprovado por seu Conselho de Gestão Financeira e seu Conselho Fiscal.
c) Esforçar-se, através do Grupo de Incubação, com o crescimento rizomático da Rede de Escolas Autônomas.

4) A Rede de Incubação: Qualquer membro da comunidade de uma escola que não preencha os requisitos de acesso à Rede de Autonomia (aluno, pai, professor) poderá solicitar, à Coordenadoria de Educação de sua região, o acesso de sua escola à Rede de Incubação. A Coordenadoria de Educação definirá uma escola já pertencente à Rede de Escolas Autônomas como incubadora: essa escola deverá, através principalmente do Grupo de Incubação, mas também através do esforço de toda a sua comunidade, trabalhar para sensibilizar a escola ainda desorganizada a conseguir, no menor tempo possível, preencher os requisitos para o acesso à Rede de Autonomia. A escola pertencente à rede de autonomia deverá envidar seus melhores esforços no sentido de sensibilizar a escola em regime de acesso: a) quanto à importância da construção da escola de qualidade, e quanto à possibilidade real de a construir; b) quanto à importância da consolidação dos mecanismos democráticos de participação – principalmente o Conselho de Escola; c) quanto aos benefícios da formalização de um Projeto Político Pedagógico que contemple os anseios da comunidade. A escola já pertencente à Rede deve, pois, aproximar o desejo da construção da qualidade a um horizonte tangível, real. Dentre os itens a serem periodicamente avaliados pelo Grupo de Coordenação, na decisão da permanência, ou não, de qualquer escola na Rede de Escolas Autônomas, terá papel relevante o desempenho que a mesma venha obtendo no seu esforço de incubação. Será exigido, da comunidade da escola que se julga merecedora de autonomia, um nível de organização e de participação não só suficientes à organização da própria escola, mas que, lhe sobejando, possam contagiar uma outra comunidade – preferencialmente a cada ano.

5) A escola pertencente à Rede de Escolas Autônomas terá, do ponto de vista da gestão, as seguintes características:

a) Regime Especial de Acomodação de Cargos. Caberá ao Conselho Pedagógico, referendado pelo Conselho de Escola, selecionar – de forma clara e transparente – os profissionais que irão atuar na escola (inclusive professores), dentre os já pertencentes à Rede Municipal de Ensino, através dos critérios que julgar adequados.

b) Regime Especial de Gestão de Recursos Financeiros. A escola deverá apresentar, anualmente, um orçamento para o exercício vindouro, com previsão e justificativa de gastos (modelo anexo), bem como com índice de prioridade de cada despesa (de zero, o mais elevado, a 4, o menos elevado), conforme mais bem explicitado na proposta de Regulamento Interno anexa. A Comissão Coordenadora julgará a relevância das despesas, e disponibilizará o recurso financeiro suficiente para cobrir total ou parcialmente o orçamento. Sendo, o recurso disponibilizado, menor que o pleiteado, deverão, na efetivação dos gastos, ser respeitados os índices de prioridade determinados no orçamento.

c) Os profissionais lotados em escola pertencente à Rede de Escolas Autônomas terão, pois, responsabilidades formativas – uma vez que irão colaborar no esforço de crescimento rizomático da Rede, e no aprimoramento da qualidade de ensino nas escolas em regime de incubação. Receberão, por isso, gratificação financeira não estável e não incorporável ao salário – ou seja, deixarão de recebê-la se, e tão logo, passem a exercer função em escola não pertencente à rede de autonomia.

Caberá à SME criar dispositivos que auxiliem as escolas pertencentes à Rede de Autonomia no seu esforço de expansão da rede. Poderá ser criada, por exemplo, uma publicação regular, em que as escolas da rede relatem suas experiências, suas dificuldades maiores, as formas encontradas para superá-las – e essa publicação ser distribuída a todas as escolas do município. Poderá ser favorecida a troca de experiências entre as escolas da rede através de encontros e apresentação de trabalhos.

Temática africana

Os livros abaixo são algumas das sugestões de leitura de autores e temas africanos, e estão disponíveis na biblioteca.


Os da minha rua, de Ondjaki


Cada homem é uma raça, de Mia Couto


Histórias abensonhadas, de Mia Couto


Os príncipes do destino, de Reginaldo Prandi


Histórias de Ananse, de Adwoa Badoe e Baba Wagué Diakité


O menino marrom, de Ziraldo


O homem que não podia olhar para trás, de Nelson Salute


A escravidão no Brasil colonial, de Glória Porto Kok


A história dos escravos, de Isabel Lustosa


O pássaro-da-chuva, de Monique Bermond


Gostando mais de nós mesmos, de diversos autores


As idéias racistas, os negros e a educação, de diversos autores


O Negro da chibata, de Fernando Granato


Saruê, Zambi!, de Luiz Galdino


Racismo cordial, Folha de São Paulo


Na terra dos Orixás, de Ganymédes José


A semente que veio da África, de Heloisa Pires Lima


Zungunga, de Floro Freitas de Andrade


O beijo da palavrinha, de Mia Couto


Um safári na Tanzânia, de Laurie Krebs e Julia Cairns


O príncipe corajoso e outras histórias da Etiópia, de Praline Gay-Para?


José Moçambique e a capoeira, de Joaquim de Almeida, Laurabeatriz e Thereza Almeida


O filho do vento, de José Eduardo Agualusa


Cadê você, Jamela?, de Niki Daly


O que tem na panela, Jamela?, de Niki Daly


O chamado de Sosu, de Meshack Asare


Yemanjá, de Carolina Cunha


As aventuras de Ngunga, de Pepetela

Uma Escola Diferente.

 

Uma escola diferente

A escola pública de São Paulo que se inspirou no projeto da portuguesa Escola da Ponte conta como as mudanças afetaram o seu dia-a-dia

Cristiane Rogerio
Fotos Paula Perim

As paredes foram derrubadas e quatro salas se tornaram uma

Não há salas de aula, turmas ou séries. O conteúdo e a ordem de estudo são decididos pelos alunos, sob a orientação dos educadores. Esse lugar existe? Sim. Há 30 anos em Portugal, na chamada Escola da Ponte. Idealizada pelo educador José Pacheco, a nova forma de educar nasceu para dar às crianças mais sabor ao aprender. No Brasil, a Escola Municipal Desembargador Amorim Lima constrói uma versão brasileira, inspirada no projeto português. Localizada no Butantã, bairro da Zona Oeste de São Paulo, ela – a escola mesmo – conta como vem assistindo à revolução em seus muros.

Para ter acesso à matéria integral copie e cole o endereço abaixo:

,http://revistacrescer.globo.com/Crescer/0,19125,EFC1047381-2216,00.html

nossa escola

Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros
desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são
pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode
levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre
têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque
a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados.
O que elas amam são os pássaros em vôo.
Existem para dar aos pássaros coragem para voar.
Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque
o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser
ensinado. Só pode ser encorajado.

Rubem Alves

HISTÓRIA

Assim tudo começou…

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima surgiu de uma escola isolada, a primeira Escola Isolada da Vila Indiana, situada na Rua Corinto, s/nº, em São Paulo, tendo como sua organizadora e dirigente a professora Yolanda Limongelle, nomeada pela Portaria publicada em D.O.M. (Diário Oficial do Município) de 19/11/1956, tendo iniciado exercício no dia 20/11/1956.

Pelo Decreto nº 4.570, de 18 de janeiro de 1960, são criadas e instaladas outras classes, passando à categoria de Escolas Reunidas de Vila Indiana, Pelo Decreto nº 7.440, de 10 de abril de 1968, passou a denominação de Escola Agrupada Municipal de Vila Indiana, com 14 classes.

A partir de 15 de março de 1968, a escola passou a funcionar em prédio próprio, de alvenaria, à Rua 5, s/nº, atualmente denominada Rua Professor Vicente Peixoto, s/nº.

Pelo Decreto nº 8.984, de 27 de março de 1969, passou a denominar-se Escola de Primeiro Grau “Desembargador Amorim Lima”.

Essa última denominação foi mantida até 31 de dezembro de 1998, a partir de 1999, com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em 1996, Lei nº 9.394, passou a denominar-se Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima. Quando obteve seu próprio regimento escolar nos termos da referida lei, da indicação do Conselho Municipal de Educação nº 04/97 e da Portaria da Secretaria Municipal de Educação nº 1.971/98, o qual foi aprovado pela Portaria nº 001/99 publicada em D.O.M. do dia 02 de fevereiro de 1999.

Escola Heterogênea

A área em que o projeto se insere é compreendida pelo distrito do Butantã, situado na região oeste do município de São Paulo. Sua área é de 12,5 km2, na qual se encontra uma população estimada em 50.737 habitantes, no ano de 2004, numa densidade demográfica de 4.058,96 habitantes por km2. De acordo com informações obtidas na subprefeitura local, a atividade econômica da área em que está situado o distrito do Butantã é concentrada no setor de serviços, com 61% da população economicamente ativa. A área do distrito é bastante heterogênea, do ponto de vista sócio-econômico, abrigando, de acordo com o Censo Demográfico de 2000, além dos 16.388 domicílios permanentes regulares, também 31 domicílios improvisados e 432 domicílios coletivos, que se distribuem entre vários pontos do mesmo. Examinados os dados relativos aos rendimentos das pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, levantados no referido Censo, observa-se uma concentração na faixa de renda maior que dez salários mínimos, o que se explicaria pela grande presença de docentes da Universidade de São Paulo (USP), localizada no distrito. Há, porém, um contingente de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares de cerca de 20%, que recebem rendimentos de até três salários mínimos e 6,16% delas, sem nenhum rendimento. A clientela da EMEF Amorim Lima, que alcança 19,6% da população situada na faixa etária entre 7 e 14 anos (4.294 habitantes, segundo projeção para 1.o de julho de 2004, da Fundação SEADE), reflete essa heterogeneidade sócio-econômica, pois tem, em seu corpo discente, alunos de todas as classes sociais, com predomínio dos que são membros de famílias de menor nível de renda. Do ponto de vista da formação solidária, essa heterogeneidade é altamente enriquecedora, conforme se observa na experiência da própria escola: alunos oriundos de famílias de renda muito diferenciada entre si estabelecem vínculos de amizade que favorecem a troca de experiências de vida.

A área dispõe de espaços científico-culturais importantes, como a Universidade de São Paulo e o Instituto Butantan, com os quais a EMEF Amorim Lima mantém relações de cooperação, seja no âmbito didático strictu sensu _ apoio das faculdades de Educação, Geociências, Estação Ciência e Psicologia da USP para as atividades de ensino – , seja no âmbito cultural, através de visitas e utilização pelos alunos das instalações culturais.


História do Desembargador Amorim Lima

Alexandre Delfino de Amorim Lima era filho de José de Amorim Lima (tenente-coronel) e Georgina Delfino de Amorim Lima. Nasceu no Rio de Janeiro, no dia 3 de maio de 1896.
Neto do poeta Luiz Delfino, Amorim Lima veio para São Paulo aos 8 anos. Iniciou seus estudos no antigo Colégio João de Deus, ingressando mais tarde no Instituto de Ciências e Letras. Após o secundário, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, colando grau de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 1917. Serviu como delegado de polícia a partir de 1919, nos municípios paulistas de Batatais, Itatiba, Socorro, Ipaussú e Cerqueira César.
Em maio de 1923, ingressou na magistratura, iniciando-se como juiz de direito substituto do então Distrito Judicial com sede em Palmeira.
Em 1926, foi nomeado juiz titular da Comarca de Ubatuba; em 1927, removeu-se para Areias; em 1928, foi promovido à juiz de direito de Pirajuí; em 1933, foi promovido para a Comarca de Itápolis, onde permaneceu até 1935.
Passou a juiz da 7ª Vara Cível na Capital (S.P.) em 1935, de onde foi guindado para o Tribunal de Apelação. Durante o estado de sítio serviu como juiz comissionado para a inquirição dos presos políticos, nos termos da Constituição Federal de 16 de julho de 1934. Com o aparecimento do novo Código de Processo Civil, fez parte do grupo de juízes que publicou uma série de comentários a esse importante estatuto legal, encarregando-se dos primeiros 22 títulos do Livro IV.
Foi promovido a desembargador em 1941, ingressou na Segunda Câmara Criminal. No Tribunal de Justiça, emprestou brilho excepcional aos julgamentos por 24 anos. Ali foi também corregedor geral de junho de 1943 a dezembro de 1947.
De 1942 a 1943, atuou na 1ª Conferência de Desembargadores, quando se discutia o novo Código Penal da República, e, em 1942, participou do Primeiro Congresso Nacional do Ministério Público, em São Paulo.
Foi eleito presidente da Corte de Justiça de São Paulo, para um biênio, 55/56, após o qual passou a integrar a primeira Câmara Criminal.
Amorim Lima foi pregador notável da ordem jurídica e da soberania da lei, na disputa dos direitos. Na Magistratura Civil e Penal, com a eloqüência que difundia os seus votos que eram um primor de profundeza jurídica e elegância de forma, elevou seu prestígio a mais alta admiração, inscrevendo o seu nome dentre os maiores juízes de todos os tempos.
Aos ditames da lei penal, jamais faltou o seu coração, para que a justiça não fosse insensível ao grande drama da humanidade. Em sua carreira de juiz, deixou a lição magistral de seus excepcionais dotes, para a função que tanto dignificou.
Assim, de Amorim Lima, pode-se afirmar que foi um jurista emérito, que, além das eruditas lições contidas em suas sentenças, votos e acórdãos, enriqueceu as letras jurídicas do País com vários trabalhos doutrinários, que bem revelam seus magníficos dotes intelectuais.
Foi casado com Anna Cândida Rocha de Amorim Lima. Faleceu no dia 12 de janeiro de 1966.

Texto Retirado do livro: “Identidade”
Prefeitura Municipal de São Paulo
Secretaria Municipal de Educação.
Patronos das Escolas Municipais de São Paulo
Ensino Fundamental
Ensino Fundamental e Médio
Educação Especial
Página 32

Assembleia de Pais – Violência na Escola

Essa assembleia foi num sábado de manhã, 06/11/2010. Vários pais estiveram presentes e puderam trocar ideias interessantes. Várias dinâmicas foram feitas a fim de levar a participação de todos os presentes. O dia da assembleia foi mudado em função de pesquisa com 118 pais conduzida pela APM. Mais dados sobre essa pesquisa podem ser obtidos no Jornal da APM, edição de outubro de 2010.

Esse cartaz foi feito pelo Lúcio, pai de uma aluna da 3ª série e presidente do Conselho, além de professor de xadrez e advogado (nas horas vagas)…

ong educação cidadã

ong educação cidadã

A Educação Cidadã é uma iniciativa educacional complementar ao ensino regular. Seu foco está voltado para a sustentabilidade de experiências inovadoras da prática pedagógica de ensino fundamental. Com isso buscamos valores como estímulo de raciocínio independente do estudante e a implantação de uma educação de qualidade que promova as melhores condições de desenvolvimento do indivíduo para sua inserção solidária no meio sócio-ambiental.
A ONG Educação Cidadã não tem nenhum vínculo específico com a EMEF Desembargador Amorim Lima, e apoia essa e outras iniciativas educacionais.

Diretoria

 

  • Gilberto Frachetta – Presidente
  • Carlos Luiz Pavão – Vice-Presidente
  • Solange Maria Pereira Martins – Primeira-Secretária
  • Maria Angélica Correia Oliveira – Segunda-Secretária
  • Fátima D’Áuria – Primeira-Tesoureira
  • Ana Maria Guerra Pires – Segunda-Tesoureira.


Conselho fiscal

 

  • Lenina Pomeranz
  • Regina Carmen Chaves
  • Rosângela Braz da Silva

Projeto leva tradição oral e dança a escolas públicas.

Cultura popular é utilizada por educadores no ensino de crianças e jovens

José Maria Mayrink

De Lençóis (BA), onde nasceu como ponto de cultura de educação e tradição oral, a pedagogia do Grão de Luz e Griô espalha-se. Cinco anos após seu reconhecimento pelo Ministério da Cultura, que destina R$ 2,8 milhões por ano à rede para formar educadores, o programa mantém 130 projetos, cada um com quatro mestres e um bolsista.
A figura do griô – um velho que costuma percorrer aldeias para transmitir a tradição de seus ancestrais às novas gerações – nasceu no Mali (África). “São pelo menos 650 bolsistas e mestres que se guiam pelo conceito griô, que não é a gente, mas a comunidade que define”, comemora Márcio Caires, o Velho Griô, que em 1999 começou a percorrer a Bahia com seu violão, cantando e repetindo histórias que aprendeu com moradores da região. Lilian Pacheco, sua mulher, construiu a pedagogia griô para juntar teoria e prática nas escolas, que seria ensinar por meio da tradição oral aliada a dança e música.
Europeus se entusiasmaram com a experiência e financiaram o Grão de Luz e Griô. Um grupo espanhol que trabalha com a tradição galega manda R$ 50 mil por ano e amigos de Genebra, na Suíça, contribuem com R$ 64 mil. Essa parceria já existia em 2003, quando o projeto ganhou o Prêmio Itaú-Unicef?, destinado a entidades dedicadas à pesquisa para melhorar o ensino regular.
Caires segue em Lençóis, mas percorre Estados para animar novos projetos. “Nosso trabalho é no meio rural, mas pode ser transportado para as cidades”, diz. Formado em Administração, abandonou a área para se tornar o cantador de chapéu grande e paletó enfeitado de fitas que encanta as crianças.
Colégios como o Pedro II, no Rio, e escolas como a Desembargador Amorim Lima, em São Paulo, inscreveram pontos de cultura na Rede Ação Griô Nacional, para somar a pedagogia da tradição oral a métodos formais de ensino. A Escola de Comunicações e Artes, da USP, também aderiu ao projeto, por iniciativa do professor Sérgio Bairon Blanco de Sant?Ana, que aplica a pedagogia griô com seis mestres de cultura popular de Jequitibá (MG). Os bolsistas recebem por mês R$ 380 do MinC. A bolsa tem de ser renovada todo ano, mas pode se tornar permanente se for aprovada a Lei Griô Nacional, cuja minuta uma comissão de mestres e aprendizes discute em Salvador.

Fonte:O estado de São Paulo

visita ao amorim

Fotos de Gustavo Lourenção

“E a beleza do lugar
Pra se entender
Tem que se achar
Que a vida não é só isso que se vê
É um pouco mais
Que os olhos não conseguem perceber
E as mãos não ousam tocar
E os pés recusam pisar
Sei lá, não sei
Sei lá, não sei

Não sei se toda a beleza
De que lhes falo
Sai tão somente do meu coração”

Sei lá, Mangueira
(Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho)

Oficina de Grafite

Oficina de Grafite

As oficinas serão coordenadas por Silvio Vinícius Martucci e Wilson Cezar Bento.

Serão oferecidas duas turmas:

  • Terças-feiras, das 18 às 20 horas, a partir de 18 de agosto.

 

  • Quintas-feiras, das 18 às 20 horas, a partir de 20 de agosto.

Serão 7 encontros, e as inscrições estarão abertas a partir da primeira semana de agosto.

Oficina de Xadrez

Iniciando a Oficina de Xadrez no Amorim Lima

A ideia de montar uma oficina de xadrez foi do Luis Braga, pessoa daquelas que vive tendo ideias, decorrente do insistente hábito de pensar, tão raro hoje em dia. Na hora fiquei muito interessado! Adoro xadrez, quase tanto quanto adoro futebol, ainda que minha hérnia de disco prefira o xadrez.O detalhe é que se meu futebol sempre foi fraco, meu xadrez nunca foi digno de nota. Mesmo assim, acabei me oferecendo, na certeza de que poderia auxiliar alguém nesta oficina, e, de quebra, aprender mais um pouco deste jogo.

Abertas as inscrições aos interessados em coordenar a oficina, acabei sendo escolhido, por unanimidade, para o exercício desta função! Tudo bem, reconheço que fui o único a me inscrever, mas isto é irrelevante já que o importante é a oficina e não quem está responsável por ela.

“Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas realmente” eu queria saber qual seria o objetivo desta oficina. Ensinar o jogo, treinar para competições, ou desenvolver um trabalho que auxiliasse o desenvolvimento de competências de aprendizagem? Depois de conversar com muita gente, e isto até que faço bem, cheguei à conclusão que o ideal, num primeiro momento, seria a oficina propiciar aos estudantes situações que possibilitassem o aprendizado básico do jogo: tabuleiro, peças, movimentos, regras, alguns tipos de finalização e noçoes de abertura. Quem sabe, num segundo momento, com professores mais adequados, seja possível propiciar aos estudantes voos maiores.

Tudo definido, chegara o momento de colocar a oficina para funcionar. Neste ponto contei com o apoio de muita gente na escola, sendo que dois casos necessitam de um agradecimento especial. O primeiro é para o Alexandre Hodapp, pai de um aluno do 2o. ano da manhã, que desenvolveu um material de divulgação belíssimo, o cara é uma fera! O outro agradecimento vai para o Giovanni Moreira, pessoa da equipe de apoio do Amorim, candidato a físico e amante do xadrez, que separou e me passou um material muito legal sobre o ensino do “jogo dos reis”.

E as aulas começaram esta semana. Bem, mais ou menos, tive um problema e não pude estar na primeira aula da segunda-feira. Mas na terça-feira a coisa começou a andar, e com nove alunos tivemos uma conversa sobre o xadrez seu funcionamento o tabuleiro e algumas peças. Tudo para mostrar que o “jogo dos reis” é para todos. Semana que vem pegaremos o tabuleiro e desenvolveremos atividades relacionadas ao seu conhecimento.

Abraços,

Lúcio Ferreira


Associação de Pais e Mestres (APM)

A APM – Associação de Pais e Mestres existe para apoiar as atividades da escola, e ajudar na sua melhoria. A escola tem várias atividades complementares, não pagas pela prefeitura – são fruto do esforço de educadores, pais de alunos e colaboradores voluntários, no sentido de melhorar a escola para nossas crianças e jovens. Graças a esse esforço, foi possível construir nossa biblioteca; organizar viagens de estudo do meio para os alunos das 4as., 6as. e 8as. séries; organizar a festa junina sem cobrança de taxas, entre tantas outras atividades.

Jornal do Amorim

Todos os meses são distribuídos cerca de 500 cópias de jornais da APM, contendo o calendário com as principais datas daquele mês, além de notícias importantes que já conteceram ou virão a acontecer. Contribuem, de forma voluntária, para a elaboração do jornal diversos pais e professores. A edição fica por conta do Luiz de Campos, pai de um aluno da 4ª série. O logo do jornal foi feito pelo Fernando, pai de alunos da 2ª e 4ª séries.

Contribuição voluntária

Para manter as atividades-extra da escola, nós temos feito vários esforços de arrecadação de fundos. Um deles é a contribuição voluntária. O valor sugerido para 2009, que seria suficiente para cobrir os gastos mínimos, foi de R$ 10,00 por aluno, por mês. É a mesma contribuição sugerida para o ano de 2010. As famílias que podem, contribuem com valores maiores; famílias com dificuldade para arcar com os R$ 10,00 por mês contribuem com o que podem.
Foram também, em 2009, organizados dois bazares, com sebo e brechó, e a tutoria da professora Cleide organizou uma rifa. Vendemos algumas camisetas remanescentes do Projeto Amorim Rima, e recebemos ainda uma doação de um grupo de arquitetos.

Veja abaixo a distribuição de gastos nas viagens de estudo do meio e planilha detalhada onde constam os valores arrecadados e os gastos, referentes ao ano de 2009. O valor arrecadado foi suficiente para complementar despesas e oferecer isenções para as viagens de estudo do meio, mas não conseguimos, ainda, contratar uma bibliotecária em tempo integral – uma das prioridades definidas em reunião do Conselho de Escola.

Estamos reorganizando a forma de contribuição para 2010. Contribua na medida de suas possibilidades – a contribuição de todos é fundamental para construirmos a escola de qualidade que queremos oferecer para nossos filhos.


Viagem do 4o. ano a Santos

Custo Total: R$ 7671,00=100%

Alunos pagaram: R$ 2977,00=38%

APM pagou: R$ 4694,00=62%


Viagem do 6o. ano a Santos

Custo Total: R$ 5517,00=100%

Alunos pagaram: R$ 3238,00=59%

APM pagou: R$ 2279,00=41%



Viagens 2007

Santos

Pescadores de vida

Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para descobrir o mar.
Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar e tanto o seu fulgor,
que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
-Me ajuda a olhar!

Eduardo Galeano

Viagem dos 6os. anos


Viagens 2008

Viagem dos 4os. anos

6o. ano – 14 e 15 de novembro de 2008

Veja fotos:

Galeria 1

Galeria 2

Galeria 3

Viagens dos 8os. anos


Viagens 2009

Picinguaba – fotos do professor Paulo Birolini

Picinguaba galeria a

Picinguaba galeria b

Picinguaba galeria c

Picinguaba galeria d

História da Escola

Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros
desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são
pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode
levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre
têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque
a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados.
O que elas amam são os pássaros em vôo.
Existem para dar aos pássaros coragem para voar.
Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque
o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser
ensinado. Só pode ser encorajado.

Rubem Alves

HISTÓRIA

Assim tudo começou…

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima surgiu de uma escola isolada, a primeira Escola Isolada da Vila Indiana, situada na Rua Corinto, s/nº, em São Paulo, tendo como sua organizadora e dirigente a professora Yolanda Limongelle, nomeada pela Portaria publicada em D.O.M. (Diário Oficial do Município) de 19/11/1956, tendo iniciado exercício no dia 20/11/1956.

Pelo Decreto nº 4.570, de 18 de janeiro de 1960, são criadas e instaladas outras classes, passando à categoria de Escolas Reunidas de Vila Indiana, Pelo Decreto nº 7.440, de 10 de abril de 1968, passou a denominação de Escola Agrupada Municipal de Vila Indiana, com 14 classes.

A partir de 15 de março de 1968, a escola passou a funcionar em prédio próprio, de alvenaria, à Rua 5, s/nº, atualmente denominada Rua Professor Vicente Peixoto, s/nº.

Pelo Decreto nº 8.984, de 27 de março de 1969, passou a denominar-se Escola de Primeiro Grau “Desembargador Amorim Lima”.

Essa última denominação foi mantida até 31 de dezembro de 1998, a partir de 1999, com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em 1996, Lei nº 9.394, passou a denominar-se Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima. Quando obteve seu próprio regimento escolar nos termos da referida lei, da indicação do Conselho Municipal de Educação nº 04/97 e da Portaria da Secretaria Municipal de Educação nº 1.971/98, o qual foi aprovado pela Portaria nº 001/99 publicada em D.O.M. do dia 02 de fevereiro de 1999.

Escola Heterogênea

A área em que o projeto se insere é compreendida pelo distrito do Butantã, situado na região oeste do município de São Paulo. Sua área é de 12,5 km2, na qual se encontra uma população estimada em 50.737 habitantes, no ano de 2004, numa densidade demográfica de 4.058,96 habitantes por km2. De acordo com informações obtidas na subprefeitura local, a atividade econômica da área em que está situado o distrito do Butantã é concentrada no setor de serviços, com 61% da população economicamente ativa. A área do distrito é bastante heterogênea, do ponto de vista sócio-econômico, abrigando, de acordo com o Censo Demográfico de 2000, além dos 16.388 domicílios permanentes regulares, também 31 domicílios improvisados e 432 domicílios coletivos, que se distribuem entre vários pontos do mesmo. Examinados os dados relativos aos rendimentos das pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, levantados no referido Censo, observa-se uma concentração na faixa de renda maior que dez salários mínimos, o que se explicaria pela grande presença de docentes da Universidade de São Paulo (USP), localizada no distrito. Há, porém, um contingente de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares de cerca de 20%, que recebem rendimentos de até três salários mínimos e 6,16% delas, sem nenhum rendimento. A clientela da EMEF Amorim Lima, que alcança 19,6% da população situada na faixa etária entre 7 e 14 anos (4.294 habitantes, segundo projeção para 1.o de julho de 2004, da Fundação SEADE), reflete essa heterogeneidade sócio-econômica, pois tem, em seu corpo discente, alunos de todas as classes sociais, com predomínio dos que são membros de famílias de menor nível de renda. Do ponto de vista da formação solidária, essa heterogeneidade é altamente enriquecedora, conforme se observa na experiência da própria escola: alunos oriundos de famílias de renda muito diferenciada entre si estabelecem vínculos de amizade que favorecem a troca de experiências de vida.

A área dispõe de espaços científico-culturais importantes, como a Universidade de São Paulo e o Instituto Butantan, com os quais a EMEF Amorim Lima mantém relações de cooperação, seja no âmbito didático strictu sensu _ apoio das faculdades de Educação, Geociências, Estação Ciência e Psicologia da USP para as atividades de ensino – , seja no âmbito cultural, através de visitas e utilização pelos alunos das instalações culturais.


História do Desembargador Amorim Lima

Alexandre Delfino de Amorim Lima era filho de José de Amorim Lima (tenente-coronel) e Georgina Delfino de Amorim Lima. Nasceu no Rio de Janeiro, no dia 3 de maio de 1896.
Neto do poeta Luiz Delfino, Amorim Lima veio para São Paulo aos 8 anos. Iniciou seus estudos no antigo Colégio João de Deus, ingressando mais tarde no Instituto de Ciências e Letras. Após o secundário, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, colando grau de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 1917. Serviu como delegado de polícia a partir de 1919, nos municípios paulistas de Batatais, Itatiba, Socorro, Ipaussú e Cerqueira César.
Em maio de 1923, ingressou na magistratura, iniciando-se como juiz de direito substituto do então Distrito Judicial com sede em Palmeira.
Em 1926, foi nomeado juiz titular da Comarca de Ubatuba; em 1927, removeu-se para Areias; em 1928, foi promovido à juiz de direito de Pirajuí; em 1933, foi promovido para a Comarca de Itápolis, onde permaneceu até 1935.
Passou a juiz da 7ª Vara Cível na Capital (S.P.) em 1935, de onde foi guindado para o Tribunal de Apelação. Durante o estado de sítio serviu como juiz comissionado para a inquirição dos presos políticos, nos termos da Constituição Federal de 16 de julho de 1934. Com o aparecimento do novo Código de Processo Civil, fez parte do grupo de juízes que publicou uma série de comentários a esse importante estatuto legal, encarregando-se dos primeiros 22 títulos do Livro IV.
Foi promovido a desembargador em 1941, ingressou na Segunda Câmara Criminal. No Tribunal de Justiça, emprestou brilho excepcional aos julgamentos por 24 anos. Ali foi também corregedor geral de junho de 1943 a dezembro de 1947.
De 1942 a 1943, atuou na 1ª Conferência de Desembargadores, quando se discutia o novo Código Penal da República, e, em 1942, participou do Primeiro Congresso Nacional do Ministério Público, em São Paulo.
Foi eleito presidente da Corte de Justiça de São Paulo, para um biênio, 55/56, após o qual passou a integrar a primeira Câmara Criminal.
Amorim Lima foi pregador notável da ordem jurídica e da soberania da lei, na disputa dos direitos. Na Magistratura Civil e Penal, com a eloqüência que difundia os seus votos que eram um primor de profundeza jurídica e elegância de forma, elevou seu prestígio a mais alta admiração, inscrevendo o seu nome dentre os maiores juízes de todos os tempos.
Aos ditames da lei penal, jamais faltou o seu coração, para que a justiça não fosse insensível ao grande drama da humanidade. Em sua carreira de juiz, deixou a lição magistral de seus excepcionais dotes, para a função que tanto dignificou.
Assim, de Amorim Lima, pode-se afirmar que foi um jurista emérito, que, além das eruditas lições contidas em suas sentenças, votos e acórdãos, enriqueceu as letras jurídicas do País com vários trabalhos doutrinários, que bem revelam seus magníficos dotes intelectuais.
Foi casado com Anna Cândida Rocha de Amorim Lima. Faleceu no dia 12 de janeiro de 1966.

A casa da Palavra

A Casa da Palavra

Esta iniciativa integra o Prêmio de Interações Estéticas – Residências Artísticas em Pontos de
Cultura

Projeto coordenado por Priscilla Ermel

Objetivo:
Desenvolver junto ao Ponto de Cultura “Oficinas Culturais Amorim Lima” um trabalho de criação lítero-musical contemporâneo, tendo por fundamento os procedimentos e valores oriundos das culturas de tradição oral.
Isso significa que as ações criativas prescindem de qualquer instrumento de registro grafado ou gravado por meios externos, apoiando-se essencialmente num trabalho de aprendizado, cultivo e desenvolvimento das habilidades da memória oral. Estas habilidades envolvem fundamentalmente a voz-corpo com seus inúmeros tipos de cantos, falas e correspondentes performances expressivas (gestos, danças, teatralização, contação de histórias, rituais…) Também os instrumentos musicais, com suas características sonoras e simbólicas específicas, devem participar do processo criativo, dando suportes rítmicos, melódicos, timbrísticos e harmônicos, ora criando contrapontos, ora compondo um “cenário” propício para determinadas expressões culturais.
Tal como nas sociedades da oralidade, nesta experiência estética, a ação criativa nasce das necessidades individuais e/ou coletivas com base em referências locais da comunidade, podendo-se expandir até onde o horizonte dos desejos e do conhecimento possam ir, desde que seja de maneira significativa, isto é, com real capacidade expressiva e comunicativa.
Neste contexto, as interações estéticas entre a artista residente e o ponto de cultura em questão irá se pautar pelo diálogo criativo e abrangente de repertórios lítero-musicais tendo, como ponto de partida, elementos do cancioneiro popular paulistano, o qual, por sua própria natureza histórica cosmopolita, é especialmente rico em influências estéticas de diferentes culturas, diferentes falas sonoras: portuguesas, árabes, tupi(s), italiana, guarani, francesa, espanholas, inglesas, yorubá, bantu e de outras etnias africanas, … e ainda falas sonoras miscigenadas que já adquiriram personalidades próprias, tais como a caipira, cabocla, caiçara, que se entrelaçam com as regionais: maranhenses, pernambucanas, paraibanas, mineiras e paulistas (do interior) entre outras.
Neste universo sonoro, tipicamente brasileiro, naturalmente podemos criar e recriar formas musicais tais como jongos, sambas, valsas, modinhas, maçambiques, toadas de Bumba-Boi?, candombes, congos, ladainhas, fandangos, batuques, cirandas, choros, maxixes, xotes, marchas, ranchos, frevos, maracatus, modas-de-viola, carurus, catiras, ijexás e também rock, hip-hop, funk e blues. A riqueza das formas musicais que povoam São Paulo é enorme; há inúmeras culturas migrantes e imigrantes em constante movimento de ressignificação, que buscam a expressão de sua identidade através do diálogo com o outro que, às vezes, o escuta e o acolhe.
Nesta perspectiva, o objetivo deste projeto é trabalhar o contexto cultural de cada manifestação lítero-musical que irá surgir no processo criativo das pessoas, grupos e/ou comunidade, colocando o humano como o centro irradiador e receptor de um fazer artístico diferenciado, onde a palavra da música, dos gestos, das letras… enfim, a palavra das atitudes, quando proferida, seja ouvida, respeitada e reverenciada como expressão plena de um poder artístico transformador que todos nós possuímos e devemos cultivar.

Para atingirmos este fim, objetivamos realizar inúmeras interações estéticas através das ‘oficinas da oralidade’, prevendo obter como produtos finais:

  • 1. Construção da Togu’na: A Casa da Palavra dentro do espaço da escola e realização do respectivo ritual de iniciação.
  • 2. Produção coletiva de um livro/CD relatando a experiência da residência artística sob diferentes pontos de vista e de escuta.
  • 3. Produção coletiva de um vídeo documentário sobre o processo criativo das ‘oficinas da oralidade’ e a construção da Togu’na: A Casa da Palavra.
  • 4. Realização de um evento cultural aberto à toda a comunidade, no qual serão compartilhados os processos e resultados do projeto através de:

– vivências e interações estéticas entre os participantes na Togu’na.
– exibição do Vídeo: “A Casa da Palavra”.
– leitura interativa de um livro/CD.

Justificativa:

Introdução
Nas culturas de tradição oral que inspiram este trabalho, a noção de arte se desvanece diante de um cotiano impregnado de “fazeres artísticos”. A música invade praticamente todas as ações – rituais e/ou triviais (cotidianas) – dando e ampliando o sentido de cada gesto vivido. Nesta perspectiva, a arte não é mero entretenimento, mas cultura, em seu sentido pleno, isto é, de cultivo, ação que requer um trabalho contínuo e cuidadoso.
De maneira geral, compreende-se sociedades da oralidade como sendo aquelas que fundam sua existência no conhecimento transmitido de boca a ouvido, de mestre a discípulo por meio da palavra. O próprio conceito de tradição oral tem sido definido como “um testemunho transmitido oralmente de uma geração a outra.” Dessa forma, a idéia de tradição oral abarca a de transmissão oral do conhecimento. No entanto, é importante observar que a transmissão oral refere-se mais ao procedimento, enquanto que o conceito de tradição oral implica num conjunto de valores mais específicos, nos levando à discussão de quando, porquê e como essa transmissão ocorre; que tipo de conhecimentos e realidades ela veicula; quem são, e quais as características de seus transmissores; e também, como uma sociedade se constrói tendo, como alicerce, a palavra.
Referindo-se à tradição oral africana da qual é herdeiro, Hampaté Bâ explicita: “Fundada na iniciação e na experiência, a tradição oral conduz o homem à sua totalidade…” “Lá onde não existe a escrita, o homem está ligado à palavra que profere. Está comprometido por ela. Ele é a palavra, e a palavra encerra um testemunho daquilo que ele é. A própria coesão da sociedade repousa no valor e no respeito pela palavra.”
Essa palavra à qual Hampaté Bâ se refere, trespassa o universo restrito da fala implicando num universo mais amplo de ações e significados propostos pelas sociedades da oralidade. Como assinala Leite , nestas sociedades, “a palavra é, sem dúvida, instrumento do saber, mas sua condição vital lhe garante o estatuto de manifestação do poder criador como um todo, transmitindo vitalidade e desvendando interdependências. Sua capacidade de comunicação possui essência diversa daquela proposta pela escrita.”
Assim, é importante perceber que o que caracteriza as sociedades da oralidade não é simplesmente o fato destas prescindirem da escrita, mas a maneira diferenciada como elas concebem sua própria existência. “A oralidade é uma atitude diante da realidade e não a ausência de uma habilidade.”
Esta atitude revela-se, por exemplo, no fato de a música se inserir em praticamente todos os momentos decisivos da vida destas sociedades. Encontramos música nos processos de preparação da terra, sacralização, semeadura e colheita; na administração, circulação e distribuição dos bens nos mercados e em rituais de troca; nas fases iniciáticas dos processos de socialização (ritos de passagem e de permanência); nos atos que marcam a alteração de papéis sociais (nascimento, casamento e morte); e ainda nas práticas de diagnóstico e cura

A Oralidade no Brasil Contemporâneo
Em mais de vinte anos de atuação artística e pesquisas aqui e no exterior, tenho observado que o Brasil apresenta uma composição única na sua cultura musical onde, aliada às formas contemporâneas de transmissão do conhecimento, mantém-se vivos vários aspectos da tradição oral. Estou convencida de que estes aspectos são exatamente os elementos fundamentais responsáveis pela vitalidade de nossa música.
Esta vitalidade tem sua referência cultural, ancestral e histórica na noção indígena tupi-mondé de ti, a alma, a vida que anima todos os seres vivos, e também na noção negro-africana de força vital, compreendida como uma “energia inerente a todos os seres que faz configurar o ser-força ou força-ser, não havendo separação possível entre as duas instâncias, que, dessa forma, constituem uma única realidade.”
A noção de força vital implica uma capacidade específica de nos relacionarmos com determinada energia universal (e ancestral), de tal forma que as ações sociais devem conseguir materializar sua potencialidade criadora original. Neste contexto, a própria noção de pessoa proposta pelas sociedades da oralidade, não pode ser dissociada da força vital, que é o elemento primordial da existência da pessoa. Enquanto que a palavra, seja ela manifesta em música, fala, gestos,… é considerada como a expressão plena dessa simbiose entre a pessoa e a força vital.
Assim, ao trabalharmos nas “oficinas da oralidade” a dinâmica da palavra e as diferentes formas de apreensão e transmissão oral de um dado conhecimento lítero-musical, estaremos trabalhando este complexo indissociável de conceitos que abrangem a noção de pessoa, força vital e palavra.
Por esta via, acreditamos que a música se transforma numa porta, um portal expressivo sutil e poderoso que pode nos levar à compreensão das diferenças enquanto cria condições singulares para a expressão e construção de talentos e identidades individuais e/ou coletivas, despertando a consciência da sobrevivência, em nossa cultura miscigenada, dessa dimensão vital da música.
Dessa maneira, trazer à tona os inúmeros elementos que compõem estas manifestações sonoras é uma das formas de reatar os laços entre a contemporaneidade da música brasileira e sua ancestralidade africana, indígena, européia e médio-oriental, questionando os elementos da memória oral: sua dinâmica, características, sustentabilidade e diálogo com os atuais processos tecnológicos de criação, registro, seleção e transmissão de informações e saberes.

Interação e Integração com a Dinâmica de Ações do Ponto de Cultura
O plano de trabalho do projeto está fundado no objeto central do Ponto de Cultura “Oficinas Culturais Amorim Lima” que se propõe a desenvolver oficinas culturais e atividades que envolvam a comunidade, incentivando o desenvolvimento de novos talentos a partir da consciência de si e da construção de uma identidade cultural consistente e significativa. Assim, trabalhando tanto na grade curricular acadêmica como no espaço extracurricular, as ações aqui propostas pretendem impulsionar concepções estéticas e expressões culturais já existentes na comunidade a que se destina, bem como propor novas experiências artísticas, compreendidas como “novos caminhos criativos de nos relacionarmos com o mundo”.
Estes “caminhos”, tradicionalmente pisados por inúmeras culturas da oralidade, articulam organicamente em suas manifestações estéticas, as linguagens artísticas da música, dança, teatro, poesia, teatro, literatura oral e artes plásticas. As percepções do mundo sensível, sejam elas sonoras, visuais, tácteis, olfativas ou mesmo palatáveis, se entrelaçam num todo pleno de significados. Não é à toa que nas sociedades da oralidade, ritos de iniciação e festas religiosas sejam acontecimentos múltiplos, envolvendo comidas, vestimentas e ornamentos, performances, músicas, danças, falas e cantos específicos…. enfim, todo um aparato simbólico preciso e precioso que se traduz e se comunica através de elementos que nós denominamos de artísticos.
Dentro desta concepção de arte, todas as questões se cruzam: educação, cultura, identidade, tradição e contemporaneidade. Por exemplo, nos exercícios de percepção e improvisação criativa, iremos aprender que não somente os instrumentos são portadores de mensagens advindas das palavras, como as próprias estruturas musicais são, na maioria das vezes, concebidas a partir das vozes humanas e/ou de seus ancestrais. Assim, a noção de força vital de uma “expressão artística” atravessa a matéria sonora alinhavando-a à sua realidade histórica, à sua origem mítica e à trama de significados que as pessoas, grupos, comunidades lhes conferem.
Num segundo momento do trabalho nas “oficinas”, passamos a compreender como a noção da palavra refere-se a um conjunto de enunciados e atitudes que abarcam praticamente todos os âmbitos da vida. Através de vivências criativas e interações estéticas, poderemos perceber como a força vital inerente a essa palavra remonta ao fato dela estar vinculada às ações cotidianas no momento presente, ao testemunho e à memória; enfim, ações e dizeres que entrelaçam e sustentam a vida em sociedade.
Considerando que o Ponto de Cultura “Oficinas Culturais Amorim Lima” é o único no Brasil que existe dentro de uma escola pública propondo um trabalho cultural que transborda os parâmetros educacionais clássicos da relação professor/aluno para fazer ressoar, na esfera da comunidade de pais, amigos, colaboradores e moradores da região, várias das questões acima mencionadas, prevemos que a nossa residência artística irá colaborar de maneira significativa na “construção de novos paradigmas para a formação e o exercício da cidadania de um ser humano íntegro e integrado – consigo, com o outro, com o meio ambiente.”
Nestes novos paradigmas, a arte é fundamental porque é fundamento. Ela está na base da elaboração do mundo sensível da pessoa. É através da arte que construímos nossa percepção e relação com o mundo externo e também com o nosso mundo interior. Ela é via expressa de expressão do nosso ser, dando-lhe forma, existência, numa dimensão estética que permite a manifestação de um diálogo em níveis profundos do ser. E é importante lembrar que nem tudo o que se manifesta na arte é compreendido pela razão ou pelo intelecto. A arte é experiência, aqui compreendida como iniciação, transformação, ação de atravessar fronteiras.
Neste sentido, pretendemos dar continuidade às preocupações do Ponto de Cultura “Oficinas Culturais Amorim Lima” de inserir as ações rituais em seus contextos culturais e educacionais. Se toda expressão artística envolve diferentes níveis de aprendizagem e desenvolvimento da pessoa – coordenação motora, capacidade de concentração e discernimento, criatividade – a música é especialmente generosa em sua capacidade educacional pois tem a habilidade de fazer confluir diferenças e diferentes, num infinito processo de transformação da matéria sonora. Ela trabalha o sensível diretamente. Assim, a partir dos próprios parâmetros musicais – harmonia, timbre, ritmo, consonância, dissonância e ressonâncias – poderemos trabalhar o humano. Por exemplo, através de exercícios de improvisação, poderemos vivenciar não só importantes questões musicais e estéticas, como também trabalhar aspectos como autodisciplina, respeito, tolerância, capacidade de compartilhar, criar, refletir, ouvir… Vale salientar que a proposta deste ano apresentada pelo Ponto de Cultura é trabalhar a questão ritual das ‘rodas das palavras’: rodas de choro, de samba, de capoeira; rodas em torno do fogo, da comida; rodas de dança, de brincadeiras; rodas de prosa e conversas. Dentro desta dinâmica, nosso projeto se insere organicamente, colaborando na dissolução da relação palco-platéia, artista-público, reconstruindo outros espaços de expressão artística, outras possíveis relações e hierarquias da palavra.
Ainda em sintonia com as propostas das “Oficinas Culturais Amorim Lima” que buscam novos paradigmas culturais na educação, propomos refletir como a idéia da música enquanto forma artística criada por uma categoria específica de trabalhadores – os artistas – torna-se restritiva e insuficiente na elaboração de uma atitude criativa frente às demandas do mundo contemporâneo. Durante todas as atividades do projeto poderemos aprender, com as sociedades da oralidade, outras dimensões fundamentais da estética e da arte. Por exemplo, entre os Dogon do Mali, não existe a idéia de forma musical. Toda e qualquer “música” vem associada à inteligibilidade da mensagem proferida; e também ao contexto em que é proferida, à performance de seus intérpretes, à classe de idade, gênero e papel social vivido pela pessoa que a produz, seja na comunidade, seja individualmente, sempre num momento determinado. Fora desse contexto, a “música” deixa de existir como tal, transformando-se num ruído indesejável e ameaçador.
Como afirma H. J. Koellreutter, “só um conhecimento vivido das culturas não-ocidentais e originárias, isto é, um verdadeiro ‘diálogo das civilizações e culturas’, permite dar resposta às indagações de hoje, em escala planetária, integradora. Permite realizar a grande reviravolta cultural necessária, tornando relativo o que se convencionou chamar ciências e artes, situando as duas áreas no contexto infinitamente mais vasto de uma sabedoria, na qual nossas relações com a natureza não são apenas de manipulação e conquista, mas de amor e participação; uma abordagem em que o relacionamento de um com o outro e com a sociedade não é o de um individualismo, mas de comunidade, onde nossas ligações com o futuro não são definidas por simples extrapolação do presente e do passado, mas por ruptura, superação e transcendência: a criação de um futuro realmente novo”.
Para finalizar, observamos três pontos fundamentais que temos em comum com a dinâmica do Ponto de Cultura “Oficinas Culturais Amorim Lima” e que irão orientar a nossa residência artística:

  • Compreensão da arte e da educação como um processo que ocorre em diferentes camadas do ser. Um ser cultural, que apesar de estar vivendo num espaço coletivo, está sendo “construído” enquanto pessoa (no sentido dado pelas sociedades da oralidade).
  • Compreender que a identidade de uma pessoa, de um aluno, de uma escola, de uma comunidade, de um país, de uma família, é construída no cotidiano, na elaboração de determinados valores que irão nortear suas existências.
  • Ter a criação, isto é, o cuidado, como elemento prioritário em qualquer projeto cultural, artístico e/ou educativo, onde e quando a relação entre criar e cultivar – seja uma planta, seja uma canção – deixe de ser metafórica para expressar uma atitude criativa real que nasce das histórias pessoais individuais e coletivas.

Plano das Atividades

1. Oficinas da Oralidade:

As oficinas serão ministradas pela artista residente que promoverá diferentes linguagens de interação estética, sempre com grupos de até vinte pessoas. Estas interações são propostas a partir de exercícios de criação e improvisação lítero-musicais, que podem se desdobrar em pequenas encenações, contação de histórias, danças, expressões visuais e plásticas, além das expressões musicais propriamente ditas. O conteúdo será definido tendo como referência a bagagem de cada participante aliada às contribuições da própria artista com base em suas pesquisas etnomusicológicas e produções artísticas.

Seguindo sugestão do próprio Ponto de Cultura as oficinas serão ministradas para duas turmas: alunos da 1ª série e alunos da 5ª série, em grupos de até 20 (vinte) participantes, perfazendo um total de 200 (duzentas) crianças e pré-adolescentes. A duração dos encontros será de 1h 30 minutos. Os encontros estarão inseridos na grade curricular e acontecerão no primeiro semestre de 2009. Nesta conformação, a artista estará em contato direto com cada grupo, observando pequenos intervalos de três ou quatro dias entre cada encontro. Essa frequência possibilita a realização da proposição central do projeto, ou seja, trabalhar a expressão da oralidade com base na memória (afetiva, intelectual, cultural,…). Este exercício da memória é a pedra fundamental deste tipo de processo criativo que, como uma planta, precisa ser regularmente regado e cuidado para manter o seu frescor.
Além destes grupos, as oficinas serão ministradas também para um outro grupo formado pela comunidade abrangente, obedecendo a mesma lógica de frequência de encontros, com a diferença do perfil dos participantes e no horário noturno das 19:00hrs. No caso, poderão participar famílias inteiras e pessoas de diferentes idades, desde que estejam envolvidas e motivadas pela proposta.
Em nenhum dos casos é necessário que o participante tenha, como pré-requisito, qualquer formação ou habilidade artística, pois o objetivo é trazer à tona talentos e/ou saberes nem sempre prestigiados socialmente, e desenvolver, durante as oficinas, as potencialidades musicais, poéticas e performáticas de cada pessoa e/ou do grupo como um todo.
No decorrer do processo, além das expressões musicais – vocais e corporais – é previsível (e desejável) que alguns instrumentos musicais, bem como outros meios expressivos tais como teatro de bonecos, autos populares, histórias, etc… sejam incorporados no processo, ampliando o espectro estético-cultural dos elementos significativos do trabalho.

As oficinas da oralidade estão projetadas em três fases distintas:

  • aprendizado e transmissão de saberes tradicionais; exercícios de improvisação e vivências estéticas; compreensão e desenvolvimento do processo criativo com base na oralidade.
  • reflexão crítica dos processos de registro e difusão de saberes no mundo globalizado: a escrita, os aparatos tecnológicos digitais (vídeos, áudios, edições não-lineares, hipermídias) e os meios de difusão e reprodução dos saberes (ações de criar, compartilhar, copiar, comprar, vender, dar e receber).
  • exercícios de compartilhar os processos criativos e seus resultados: a) trabalho conjunto com as oficinas de linguagem audiovisual (produção do DVD); b) registro gráfico (em palavras, desenhos, pinturas, gravuras, …) das experiências artísticas vividas na 1ª fase das oficinas com vistas à criação do Livro-CD; c) compartilhar resultados durante o Evento Final do projeto.

2. Produção do Livro/CD
O primeiro produto previsto é um livro-CD com registro da experiência estética vivenciada, apresentada sob diferentes pontos de vista e de escuta. Para tanto, durante os primeiros três meses das oficinas da oralidade, a artista residente irá escrever o ‘diário da Casa da Palavra’. Escrito de maneira fluida, como se fosse um ‘diário de campo’, nestas notas diárias serão assinalados vários aspectos pertinentes e fundamentais do processo de aprendizagem, criação e transmissão do conhecimento que a artista considere relevante. Este diário, escrito fora do contexto das oficinas, tem como objetivo servir de base (e/ou referência) para o Livro/CD a ser elaborado, coletivamente, no final do processo.
No final do projeto, este livro-CD poderá (ou não) ser impresso e multiplicado em vários exemplares. O importante é que um exemplar fique no Ponto de Cultura para ser lido, relido e escutado com um olhar e uma audição distanciada, no tempo e no espaço, e outros sejam compartilhados com seus criadores e comunidade participante.
Também acreditamos que este produto possa servir, num futuro próximo, como uma interessante referência pedagógico-artística para os desafios da implantação dos ‘cursos de música’ que entrarão em vigor nos próximos anos como obrigatórios no ensino fundamental.

3. Produção do Vídeo “A Casa da Palavra”
No decorrer das oficinas da oralidade, projetamos, neste grupo, a discussão e inclusão de temas referentes às formas de compartilhar o conhecimento no mundo contemporâneo. Nesta fase do projeto, as questões de registro – grafado e/ou gravado – bem como os meios de difusão dos saberes e criações artísticas serão redimensionados em função das experiências vividas nos processos criativos apoiados unicamente na memória oral (individual e coletiva).
Paralelamente, iniciaremos uma outra oficina denominada ‘a palavra compartilhada’, voltada para a construção do discurso audiovisual, com base em conceitos e metodologia da antropologia compartilhada.
Esta oficina será oferecida para um novo grupo de participantes (alunos da 6ª a 8ª séries e comunidade), que não tenham participado das oficinas da oralidade . Este outro grupo será o responsável pela realização de um vídeo documentário sobre os processos criativos vividos por seus colegas nas oficinas da oralidade e as diferentes etapas de construção da Togu’na, A Casa da Palavra.
Para tanto, trabalharemos metodologias de pesquisa de campo, pois este grupo irá realizá-la, e também questões específicas da linguagem audiovisual: técnicas de gravação, edição não-linear, produção de um vídeo e sua difusão em situações presenciais (exibições públicas) e/ou virtuais (por exemplo, na rede da internet).
Este grupo da oficina ‘a palavra compartilhada’ irá trabalhar diretamente na realização do vídeo, utilizando recursos técnicos e econômicos tanto do Ponto de Cultura, quando do atual projeto, cumprindo as seguintes etapas: pesquisa, roteiro, pré-produção, gravações, decupagem, edição e finalização.

4. Togu’ná, a Casa da Palavra
“Continuávamos andando por Songo quando Indègenê me mostrou aquele que parecia ser o lugar por excelência de encontro e repouso das palavras acaloradas. Sombreado, esse abrigo avarandado era extremamente convidativo e aconchegante. Seu teto baixo nos obrigava baixar a cabeça, num gesto de humildade. Somente quando já estávamos lá dentro, com a vista acostumada à luminosidade da sombra, pudemos discernir os olhares e sorrisos tênues dos anciões presentes. Saudações. Estávamos dentro da Togu’ná, a Casa da Palavra Dogon.”

A Construção

Dentro de nosso projeto de interação estética, visualizamos duas atividades de maior abrangência que irão mobilizar a escola e a comunidade como um todo, pois demandam esforços e participação em diferentes níveis de envolvimento e compreensão do profundo significado da palavra em sociedades da tradição oral.
A primeria refere-se à construção de uma Casa da Palavra. Inspirada na Togu’ná, a Casa da Palavra Dogon, esta casa será erguida num local interno da escola, respeitando vários aspectos rituais e simbólicos de sua existência. De maneira resumida, A Casa da Palavra é, na sociedade negro-africana Dogon (Mali), o lugar privilegiado da fala . Nesta sociedade, o dizer e o ouvir, o som e o silêncio assumem, no cotidiano, uma importância fundamental. Não se fala a esmo, não se dirige a palavra a qualquer um, de qualquer jeito, em qualquer hora. Há uma herarquia no dizer, um cuidado, pois a vida é sustentada pela palavra proferida. E é esta dimensão de responsabilidade, de comprometimento, de compreensão do respeito pelo poder criador e transformador da palavra bem dita que pretendemos trabalhar na Casa da Palavra.
Tradicionalmente, a Togu’na é o lugar de encontro entre as pessoas vivas e seus ancestrais. A cobertura da Casa da Palavra é feita com um material semelhante ao nosso sapé; são pequenos feixes de madeira que simbolizam, em camadas, as várias gerações de ancestrais que ali habitam. Numa determinada hora do dia, quando os anciões se reúnem, a presença destes ancestrais é reverenciada. Também não se profere qualquer palavra dentro deste espaço sacralizado em rituais de iniciação e permanência. Cuida-se do que é dito, cuida-se da conversa, ouve-se e fala-se com respeito pela Palavra.
Assim, durante o processo de construção da nossa Togu’na A Casa da Palavra, pretende-se trabalhar todos estes valores civilizatórios que herdamos das sociedades negro-africanas, e que também reconhecemos em outras sociedades de tradição oral (indígenas e orientais).

Ritual de Iniciação
Num segundo momento, pretendemos propor um ritual de iniciação a todos os alunos e comunidade, população com a qual o Ponto de Cultura “Oficinas Culturais Amorim Lima” realiza sua dinâmica de trabalho. Trata-se de um ritual aparentemente simples, no qual, um pequeno grupo aprende, antes de entrar na Togu’na, seu significado a partir do ‘mito de origem da Palavra Dogon’ (e respectivos elementos simbólicos: água, fogo, tear e ferreiro.) Aprendemos também que estes elementos fazem parte da herança negro-africana presente na cultura brasileira.
Em seguida, obedecendo a determinados gestos simbólicos e atitudes rituais necessárias, as pessoas do grupo entram e vivenciam o silêncio, a escuta. Este pequeno ritual, aparentemente banal, pode ser uma experiência intensa e profunda, que redimensione o próprio ato de falar e de ouvir (o outro e a si mesmo).

5. Evento Final: Compartilhando Experiências de Criar e Cultivar Saberes
Como última etapa de nossa residência, propomos um evento final que, como uma grande “roda da palavra” – tema central a ser elaborado pelo Ponto de Cultura “Oficinas Culturais Amorim Lima” em 2009 – faça confluir, num só momento e espaco, todo o movimento e resultados dos processos criativos desenvolvidos durante os seis meses de interações estéticas.
Para tanto, serão realizadas, dentro da Togu’na, A Casa da Palavra, uma série de vivências estéticas no formato de “rodas da palavra” – rodas de música, de poesia, de performances – como se estivéssemos num sarau, quando e onde o espectador é também ator-participante. É neste espaço e momento que os resultados da oficinas da oralidade serão compartilhados com os outros colegas da escola, amigos, familiares e comunidade da região.
Os conteúdos trabalhados, tais como “a música do corpo e o corpo da música”, “ o timbre e a personalidade do som”, “diálogo e ressonâncias”, “paisagens sonoras e o imaginário nos cantos, contos, mitos e provérbios de sociedades da oralidade” serão apresentados em suas diversas formas expressivas.

O objetivo deste último grande encontro é reafirmar as palavras de Hampaté Bâ: “O testemunho, seja escrito ou oral, no fim não é mais que testemunho humano, e vale o que vale o homem.”

Projeto Pedagógico

I – Dos primórdios do Projeto

Da derrubada das grades à derrubada das paredes

A hoje denominada EMEF Desembargador Amorim Lima nasceu em 1956 como 1a. Escola Isolada de Vila Indiana. Começou a ocupar o endereço atual em 1968. Em 1969 passou a chamar-se Escola de 1o. Grau Desembargador Amorim Lima e, com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em 1999, recebeu a denominação atual.

Situada em bairro de alta heterogeneidade social e cultural, próxima a pólos científico-culturais da importância da Universidade de São Paulo, de áreas mais pobres de seu entorno e de pólos de importantes manifestações culturais, como o Morro do Querosene, a Amorim Lima teve, ao longo dos anos, o privilégio de receber também uma clientela heterogênea e múltipla.

Se essas características fizeram da Amorim Lima uma escola desde há muitos anos diferenciada, com uma comunidade ativa e participativa, foi a partir de 1996, com a chegada de Ana Elisa Siqueira como diretora que a escola passou a viver suas transformações mais profundas.

Preocupada com a alta evasão _ e ciente do triste fim que vinham a ter os alunos evadidos visto que, para muitos, era a escola o único vínculo social concreto _ o primeiro esforço da nova diretoria foi no sentido de manter os alunos na escola, durante o maior tempo possível. Foi o tempo de derrubar os alambrados que cerceavam a circulação no pátio, num voto de respeito e confiança, de abrir a escola nos fins de semana, de melhorar os espaços tornando-os agradáveis e voltados à convivência. De abrir, enfim, a escola à comunidade.

A sala da diretoria deixou de ser o panóptico de uma instituição totalizante, a ameaça ao aluno desviante, para, sempre de portas abertas, ser o epicentro de uma transformação radical. Alunos de séries mais avançadas começaram a freqüentar e viver a escola fora de seus horários de aula, como monitores em atividades várias. Com apoio e o engajamento crescente dos pais e mães de alunos e da comunidade, a escola passou a oferecer atividades extracurriculares. Instalaram-se Oficinas de Cultura Brasileira, de Capoeira, de Educação Ambiental, de Teatro. A maior participação dos pais e mães passou a se refletir na organização das festas (Festa Junina, Festa da Cultura Brasileira, em agosto, Festa do Auto de Natal, com a colaboração de Conceição Acioli e Lydia Hortélio), na criação do Grupo de Teatro de Mães, no trabalho voluntário. O Instituto Pichón-Riviere? e o Instituto Veredas foram convidados a fazer intervenções na escola. Conseguiu-se apoio financeiro externo para uma série de atividades _ primeiro do Projeto Crer para Ver, da Fundação Abrinq, por dois anos, e depois da Fundação Camargo Correia.

Em 2002, o Conselho de Escola, fortemente constituído, começou a discutir meios de melhorar o nível de aprendizado e de convivência na escola. No sentido de melhor diagnosticar a situação real, e de tratar as questões de forma mais objetiva, foi realizada uma reunião em 11/06/02, com a presença de 52 pais e 21 professores, quando se instituiu uma Comissão com o objetivo de levantar e analisar os seguintes dados:

  • número de alunos, com sexo e idade, por sala;
  • número de alunos com conceito NS (não satisfatório) em português e matemática para as 1as. a 4as. séries, e em qualquer matéria para as 5as. a 8as. séries;
  • alunos com mais do que 20% de faltas no semestre;
  • número de aulas que os alunos efetivamente tiveram;
  • número de aulas previstas e aulas dispensadas ou dadas por outro professor.

Foram diagnosticados como problemas centrais: indisciplina e alto índice de falta de alguns alunos e aulas vagas devido à elevada ausência de alguns professores. Ainda que localizada, e concentrada em algumas disciplinas (o levantamento nas 5as. a 8as. séries indica, nos primeiros meses de 2002, ausência superior a 50% nas aulas de matemática em 5 das 11 turmas), a ausência de professor assumiu, no diagnóstico da comissão, lugar central, pois se entendeu que as outras questões _ indisciplina e falta dos alunos _ estariam a ela associadas.

No decorrer de 2002 a comissão foi acolhendo e encaminhando propostas, no sentido de resolver os problemas levantados. Relatório da comissão de dezembro de 2002 avaliou como tendo havido progresso em alguns pontos _ atendimento de pedido da escola para alocação de 2 professores eventuais pela manhã e 2 à tarde, por exemplo _ mas sendo outros de difícil solução.

No inicio de 2003 a Comissão e o Conselho de Escola, examinando o texto do Projeto Político Pedagógico preparado para o período letivo que se iniciava, entendeu que havia grande dissonância entre o texto e a prática cotidiana na escola. Não tendo, todavia, os instrumentos teóricos que lhes permitissem aprofundar a análise da prática educativa em cotejo com o proposto no Projeto, no intuito de sugerir e cobrar mudanças que implicassem numa efetiva melhora das condições de ensino, em agosto de 2003 o Conselho convidou a psicóloga Rosely Sayão _ interlocutora da escola desde 2001 _ a formular, com eles, esses critérios de análise. No decorrer desta interlocução, a psicóloga Rosely Sayão apresenta-lhes um vídeo sobre a Escola da Ponte, de Portugal, que causa grande impacto nos membros do Conselho: de imediato é percebida a grande semelhança entre os valores que os animavam e aqueles que o vídeo sobre o cotidiano na Escola da Ponte faziam transparecer. É vislumbrada como possível a adequação da prática aos valores propostos no Projeto Político Pedagógico da escola.

Tendo recém visitado a Escola da Ponte, e notando o entusiasmo da comunidade da Amorim Lima pelo Projeto Fazer a Ponte (consulte www.eb1-ponte-n1.rcts.pt ), a psicóloga Rosely Sayão, a pedido do Conselho de Escola, formulou e apresentou, em setembro de 2003, uma proposta de assessoria, no sentido de se ir implantando, na Amorim Lima, dispositivos inspirados naqueles da escola portuguesa.

Respaldados no trabalho já feito e no compromisso com a melhoria da escola já evidenciado nos anos anteriores, o Conselho de Escola e a Direção apresentaram, no final de 2003, à Secretaria Municipal de Educação essa proposta de transformação, formalizada no pedido de aprovação da assessoria externa.

A assessoria foi aprovada pela SME, e realizou-se na escola de janeiro de 2004 a maio de 2005.

A história e o percurso acima descritos, o trabalho da direção, professores comprometidos e demais educadores e funcionários administrativos, os arte-educadores convidados e voluntários, os pais, mães, a comunidade, os alunos, a assessoria externa e as demais forças que ajudaram a construir o que é hoje a escola são, pois, os responsáveis pela elaboração dos parâmetros que, consubstanciados no Projeto Pedagógico a seguir formalizado, e após a apreciação e aprovação pelo Conselho de Escola, deverão reger e iluminar, doravante, o funcionamento da EMEF Desembargador Amorim Lima.

II _ Dos valores que fundamentam o projeto

Ascendermos todos _ alunos, educadores, pais e comunidade _ a graus cada vez mais elevados de elaboração cultural e a níveis cada vez mais elevados de autonomia moral e intelectual, num ambiente de respeito e solidariedade, é o objetivo que fundamenta o Projeto EMEF Desembargador Amorim Lima.

Para tanto, a prática diária deve apontar:

  • Para a elevação do grau de compromisso com a realização deste Projeto, por parte de todos os segmentos da escola, nos limites de suas atribuições definidos no Regulamento Interno que o integra e dele é parte.
  • Diferentemente daquela escola em que cabe ao professor ensinar, e ao aluno aprender, esse Projeto visa um compromisso coletivo em que todos os seus agentes se engajem sempre mais num processo de aprimoramento cultural e pessoal de todos, de forma integral, e na construção de uma intencionalidade educativa clara, compartilhada e assumida por todos.
  • Esta intencionalidade educativa, calcada nos valores da autonomia, solidariedade, democraticidade e responsabilidade deve ditar o funcionamento organizacional e relacional da escola, preservando e reforçando o papel do professor e dos educadores, e tendo o Conselho Pedagógico como responsável direto pela formulação e implantação das práticas pedagógicas que a sustentarão _ sempre em consonância com o Projeto Pedagógico aprovado pelo Conselho de Escola. Reconhece-se, no escopo desse Projeto, o papel de educadores à totalidade dos trabalhadores e trabalhadoras da escola, no âmbito de suas funções específicas.
  • Sendo que uma tal intencionalidade educativa, apoiada nos valores da solidariedade e da democraticidade, só se realiza e produz sentido se fortemente apoiada pela totalidade dos agentes envolvidos, deve-se buscar, sempre mais, a participação e o apoio dos pais e da comunidade na vida da escola, preservadas as atribuições elencadas neste Projeto e melhor formuladas no Regulamento Interno, que regerá sua correta aplicação. Reconhece-se a importância do trabalho dos diversos agentes implicados na melhoria da EMEF Desembargador Amorim Lima ligados não formalmente a ela, seja na forma de voluntariado, seja sob a forma de apoio institucional e financeiro.
  • Para a elevação dos graus de autonomia de todos os envolvidos neste Projeto: e1) do ponto de vista da autonomia intelectual, outorgando sempre mais ao aluno o domínio sobre os processos e meios de aprendizagem, auxiliando-o a encontrar e desenvolver os meios que lhe possibilitem construir e viver um percurso intelectual próprio; e2) do ponto de vista da autonomia moral, devem ser sempre aprimorados os mecanismos que favoreçam e estimulem, por parte dos alunos, a assunção de mais responsabilidades no sentido do melhor funcionamento da escola e da mais eficaz implantação deste Projeto, visto que a mesma só se dá frente a um coletivo no qual se inscreve e na medida em que também se assuma e respeite as diretrizes e os projetos traçados por este mesmo coletivo.
  • Se antes cabia ao professor formar-se individualmente para dar conta de uma docência expositiva e solitária, numa relação dual com os alunos, o funcionamento deste Projeto passa a exigir: f1) uma prática compartilhada e solidária, visto que o professor não trabalha mais intra-muros, solitariamente e com uma turma específica; f2) uma formação diversificada e múltipla, no sentido de poder acompanhar e incentivar a transversalidade curricular pretendida, sem contudo abrir mão de seu conhecimento mais aprofundado em uma área específica; f3) a mudança de foco na relação com os alunos, visto que a exposição de conteúdos passa a dar lugar ao incentivo constante à pesquisa, à orientação quanto o melhor uso dos Roteiros Temáticos, à solução das dúvidas que nascem dos mais diversos e inesperados lugares; f4) o descentramento do papel do professor como detentor de saber para um papel de colaborador na construção de saber, visto que lhe cabe, neste novo funcionamento, mais orientar que explicar, mais pesquisar que ensinar. Sendo, pois, variadas e profundas as demandas que a implantação deste Projeto dirige aos professores, devem os agentes todos que dão suporte à sua implantação comprometer-se no esforço de propiciar, aos educadores de forma geral, e aos professores especificamente, uma formação continuada de qualidade, voltada à sua prática diária e às suas questões mais prementes.
  • Uma atitude de respeito para com as diferenças culturais, raciais, de credo e quaisquer outras, de todos e para com todos. A convicção de que cada aluno é único, pode e deve permanentemente construir e exercer sua identidade no seio de um coletivo que não a mitigue ou aplaque. A convicção de que toda a criança é capaz de aprender e desenvolver-se, em ritmo e forma próprios, sendo-lhe dadas as condições para que o faça.
  • A compreensão do ser humano como ser integral. A convicção de que toda a aprendizagem significativa do mundo é também conhecimento e desenvolvimento de si, numa dialética que equipara a elaboração intelectual à elaboração pessoal e psíquica (Pichón-Riviere).
  • Pautando-se num critério de democraticidade e transparência cada vez mais elevados, deverão as diversas forças que compõem este Projeto, em seus diversos âmbitos, comprometer-se a um esforço constante de esclarecimento de suas ações e atitudes, frente ao coletivo da escola. Sendo este um projeto educacional coletivo, caberá aos diversos segmentos que o compõem a tarefa de manifestarem suas convicções e justificarem suas ações de forma clara e coerente, logicamente sustentadas. Os diferentes lugares de poder que tomam os detentores de diferentes saberes e diferentes fazeres, no escopo deste Projeto e salvaguardados em seu Regulamento, não devem servir de pretexto à atitude autoritária, arrogante, isolada, por parte de nenhum de seus membros. Os canais de diálogo e de divulgação, no âmbito dos diversos segmentos do Projeto, serão melhor explicitados no seu Regulamento Interno.

III _ Das bases conceituais do Projeto, da aprendizagem e do currículo.

O Projeto Pedagógico EMEF Desembargador Amorim Lima é um projeto único, nascido do esforço de uma comunidade específica e voltado a suprir as demandas e anseios desta comunidade. Para tanto, está construindo estratégias, encontrando soluções e criando os dispositivos pedagógicos que julga melhor se adequarem ao universo de seus alunos e educadores, no sentido de alcançar seus objetivos de forma plena e eficaz. É, portanto, um projeto que em tudo se apóia e em tudo coerente com o propugnado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB).

As grandes linhas pedagógicas do Projeto são absolutamente consonantes com aquelas que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) indicam como objetivo a se esperar dos alunos do ensino fundamental, e cuja importância justifica reiterar:

  • compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;
  • posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;
  • conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao País;
  • conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais;
  • perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente;
  • desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania;
  • conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva;
  • utilizar as diferentes linguagens _ verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal _ como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;
  • saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;
  • questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação.

No esforço de adequação e observância aos fundamentos aqui relatados, o Projeto propugna uma série de transformações dos dispositivos pedagógicos anteriormente praticados na escola. Estas transformações, já implantadas, em fase de implantação e em fase de projeto, podem ser assim definidas:

  • No sentido de aumentar a implicação dos alunos no processo de aprendizagem, melhor favorecer o desenvolvimento de seus graus de autonomia e ainda, no sentido de melhor adequar o currículo objetivo aos ritmos e predisposições individuais, o Projeto privilegia o trabalho de pesquisa. A aula expositiva deixa de ser o instrumento preferencial de transmissão e aquisição de saber, passando a ser um recurso utilizado pontualmente: 1) seja nos momentos em que o grau de autonomia não permita, ainda, a vinculação a um projeto de pesquisa; 2) seja nos momentos em que os educadores entendam que uma explanação possibilite um avanço no processo, esgotados todos os outros recursos; e 3) seja, finalmente, nas ocasiões em que características momentâneas do Projeto em implantação não permitam adequar a prática pedagógica aos princípios que a fundamentam.
  • O trabalho de pesquisa é norteado por Roteiros Temáticos de Pesquisa, concebidos segundo a Teoria dialógica da linguagem do Círculo de Bakhtin, e apoiado nos livros didáticos e paradidáticos, num contexto predominantemente grupal. Apesar de usar tais livros de forma particular e não seqüencial, privilegiando uma transversalidade temática, e apesar de não se restringir a eles, o Projeto reconhece o Programa Nacional do Livro Didático como uma outra sua importante base prática e conceitual, além da sustentação em uma Política Pública Federal.
  • De implementação gradativa a partir de 2004, e abrangendo a totalidade dos alunos desde o início de 2006, o dispositivo extingue as três classes de cada série, dividindo os alunos em 21 grupos de 5 membros cada.
  • Além do acompanhamento grupal e individual em sala, são os alunos acompanhados mais de perto por um tutor que, ao ater-se a um grupo menor de alunos, preferencialmente durante todo o período de formação escolar, pode orientá-los com olhar mais atento e agudo, indicando e corrigindo rumos. Sendo a busca da autonomia um valor matricial do Projeto, e somente podendo ela fundar-se numa cada vez mais aprofundada auto-avaliação, caberá ao espaço da tutoria auxiliar os professores a implantar e fomentar a auto-avaliação, numa gradual tomada de consciência, por parte dos alunos, de suas capacidades e de suas dificuldades.
  • Dados os fundamentos aqui apresentados, é pretensão do Projeto oferecer, além de uma adequada formação intelectual e cognitiva, um aprimoramento artístico, físico, estético, enfim voltado às mais diversas formas de manifestação expressiva do ser humano, num clima de valorização do amadurecimento das relações interpessoais sem a banalização dos afetos. O trabalho dos arte-educadores assume, pois, lugar de grande importância, devendo as diversas forças que compõem o coletivo esforçar-se por viabilizar, segundo critérios do Conselho Pedagógico, a sua sustentada e permanente presença na escola _ seja empenhando-se em incluí-los no escopo do quadro funcional estável, seja buscando os recursos que possibilitem a manutenção de um contrato autônomo.
  • É reconhecida e valorizada, no âmbito deste Projeto, a importância das novas tecnologias no que concerne ao acesso e à construção do conhecimento. A utilização de tais ferramentas tecnológicas _ notadamente a informática _ deve pois sempre mais se integrar ao trabalho diário de pesquisa e produção em sala de aula.
  • A EMEF Desembargador Amorim Lima possui importante acervo de mais de 18.000 volumes. Reformada, e em processo de completa informatização, a sala de leitura transformou-se em biblioteca circulante, expandindo o acesso a seu acervo à toda a comunidade.

Além do já citado, são bases conceituais do projeto, entre outras:

1) As contribuições de Jean Piaget quanto à formação dos conhecimentos e quanto às autonomias moral e intelectual;

2) A imensa contribuição do grande educador Paulo Freire _ em primeiro lugar como fonte de referência de toda a pedagogia que se pretenda libertária; em segundo por ter contribuído fortemente na criação dos avançados parâmetros normativos da educação brasileira atual _ sem os quais seguramente este Projeto teria muitas mais dificuldades em ser implantado; e

3) Cabe ressaltar a importância, para a existência deste Projeto, daquele outro implantado na pequena Vila das Aves, em Portugal, sob o nome Fazer a Ponte. Além de nos mostrar que “a utopia é possível”, como bem o disse o professor José Pacheco, a Escola da Ponte é uma fonte permanente de inspiração e reflexão, pois que soube, em seus quase 30 anos, ir criando mecanismos e dispositivos pedagógicos coerentes com seus valores e princípios _ e que são os mesmos que nos animam. Sabemos bem que uma coisa é ter princípios, outra bem diversa é aplicá-los. Nesse sentido a Ponte, em sua generosa proposição de fazer públicos sua história, seu trajeto, suas dificuldades e seu estágio atual, é fonte importantíssima de consulta e interlocução.

Aprovado na Reunião Extraordinária do Conselho de Escola de 10 de agosto de 2005, com modificações posteriores.

CLEIDE TUTORIA 2008

Representantes dos Pais

  • Maria do Carmo Rosa
  • Kimberly Cober


Alunos

3º ano (D)

  • Eric
  • Victor Enamuel
  • Caíque
  • Isabela Cardoso
  • Marcelo
  • Sarah Habib
  • Branca

4º ano (K)

  • Beatriz Brunelli
  • Bianca
  • Laís
  • Charles

4º ano (L)

  • Isabel
  • Francisco
  • Isabela
  • Ian

4º ano (P)

  • Ângela
  • Vinicius
  • Pedro
  • Fernanda
  • Mariane

Informática Educacional

 
PARCERIA EMEF DESEMBARGADOR AMORIM LIMA E PLANETA EDUCAÇÃO

O Portal Planeta Educação, confirmando sua atuação transformadora no sistema educacional brasileiro, estabeleceu contrato de parceria com a Escola Desembargador Amorim Lima, pioneira no Brasil na implantação de um projeto pedagógico fundamentado na experiência consagrada e de sucesso da Escola da Ponte, em Portugal, com os seguintes objetivos:

  • Participar de uma iniciativa inovadora, cooperando na construção do projeto,
  • Valorizar projetos pedagógicos que visam a formação de cidadãos mais autônomos e responsáveis pelo seu processo de aprendizagem,
  • Contribuir com todo seu conhecimento e expertise na área de Informática Educacional, compartilhando materiais, softwares educacionais e seus programas de ensino, para a utilização da Informática como recurso pedagógico no projeto e
  • Proporcionar aos Estudantes e Educadores da Escola, o acesso e o uso adequado das Tecnologias da Comunicação e Informação, desenvolvendo habilidades tecnológicas, extremamente necessárias ao cidadão do século XXI.

Trata-se, portanto, de um Projeto inovador que merece o apoio de empresas sérias, que acreditam que através da Educação nós podemos construir um país melhor.

A atuação da empresa compreende na realização diária de Oficinas de Informática Educacional com os estudantes e apoio nos salões de pesquisa enriquecendo assim a matriz curricular proposta pela escola.

Através do acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação os estudantes têm a possibilidade de concluir seus roteiros, realizar pesquisas em sites educacionais, trabalhar temas pertinentes às atividades que estão sendo desenvolvidas na escola, além de realizar atividades extras no Espaço Educacional Sala José Pacheco, sempre orientados pelos educadores e Mediadores de Aprendizagem do Planeta Educação.

A parceria promove ainda, aos sábados, um Curso de Inclusão Digital, com o módulo Conceitos Básicos, no horário das 9h às 11h, para os integrantes da comunidade escolar.

O curso compreende também uma turma que freqüenta o Módulo Avançado destinado aos concluíntes das turmas do ano de 2006 e 2007, onde os estudantes recebem uma formação mais avançada no Pacote Office.

O objetivo do curso desenvolvido por nossa empresa em parceria com a Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima, é oferecer à comunidade o acesso às Novas Tecnologias proporcionando aos participantes a aquisição de habilidades tecnológicas necessárias para a vida e para o mundo do trabalho.

Carta de Princípios

Carta de Princípios de Convivência

Todos merecemos ser tratados com respeito

 

  • Todos devem saber ouvir e saber falar.
  • Todos devem levantar a mão para pedir a palavra.
  • Ninguém deve sofrer ameaças.
  • Ninguém deve receber apelidos desrespeitosos.
  • Ninguém deve ser xingado ou ofendido.

Todos temos direito a uma escola tranqüila, limpa e organizada

 

  • Todos devem cuidar das plantas e do jardim.
  • Todos devem se esforçar para manter os banheiros limpos.
  • Todos devem jogar o lixo nos cestos.
  • Ninguém deve correr nos corredores.
  • Ninguém deve pular os muros da escola.
  • Todos devem ter calma, para que não haja brigas.
  • Não devemos pichar ou rabiscar as paredes e muros.
  • Na escola não devemos falar palavrões.

Todos temos que levar a escola a sério

 

  • Ninguém deve cabular as aulas.
  • Os horários devem ser respeitados por todos.
  • Todos devem vir à escola com roupas adequadas.
  • Não devemos mascar chicletes nas aulas.
  • Não devemos fumar na escola.

Todos temos direito a materiais de estudo e livros limpos e bem conservados

 

  • Não devemos rabiscar as carteiras.
  • Devemos cuidar dos livros e dos outros materiais de uso coletivo, não rabiscando ou rasgando.
  • Devemos respeitar os materiais dos outros, não roubando ou mexendo em mochilas sem autorização.
  • Só devemos trazer para a escola os materiais que vamos usar para estudar e dos quais poderemos cuidar. Não devemos trazer MP3, e celular só se for muito necessário.
  • Devemos ser solidários e emprestar nossos materiais, que devem ser bem cuidados e devolvidos após o uso.

Todos temos direito a fazer as refeições em local limpo e tranqüilo

 

  • Devemos nos servir somente da quantidade que pretendemos comer, para não desperdiçar comida.
  • Não devemos brincar com a comida, nem jogá-la no chão ou nos outros.
  • Todos devem respeitar a fila para pegar os pratos.
  • Não devemos comer em locais inadequados.

Todos temos direito a uma escola que funcione organizadamente

 

  • Os horários das atividades devem ser definidos e respeitados.
  • Todos os roteiros e trabalhos dos alunos devem ser corrigidos.
  • O número de educadores deve ser suficiente.

Capoeira Ceaca – Ponto de Cultura e Ação Griô

Capoeira Ceaca – Ponto de Cultura e Ação Griô

Capoeira, uma luta e dança brasileira

A palavra é de origem indígena (Tupi), Kapu-era, que significa gaiola de carregar objetos, e também mato ralo, clareira onde os negros refugiados se escondiam para fazer suas casas (Kilombos). A própria palavra denuncia sua origem “rural”, diz o Antropólogo Oderpe Serra da Universidade Federal da Bahia, mas há quem diga que a capoeira foi nascida na zona urbana, isso afirma o pesquisador baiano Waldeloir Rego (Ensaio Etnográfico sobre a capoeira angola).

Dança da Zebra ou N’ogolo, é um ritual (luta) de Angola (África), onde os rapazes da aldeia disputam (lutam), e o vencedor fica (casa) com a moça que atingiu a idade de casar. Waldeloir Rego conclui que N’ogolo virou folguedo; um divertimento praticado pelos escravos nos Domingos e Feriados. Com o tempo, a prática teria se transformado em exibição de habilidade, destreza e leveza de movimentos, chegando ao jogo de capoeira no século XIX. Mas a capoeira existe desde o início do século XVIII, tendo seu auge em todo o século XIX, com a chegada da família real no Brasil, em 1808.

Há quem diga que capoeira é uma arte “marcial” brasileira de origem africana, uma dança-luta de defesa pessoal praticada ao som do berimbau, agogô, pandeiro e atabaque. Ao ritmo destes instrumentos os lutadores gingavam o tempo todo (dançam), e essa dança luta preparava os negros para o desigual combate com os portugueses. Normalmente praticada nas senzalas, os feitores não entendiam o que estavam acontecendo e não entendiam os dialetos negros: cabinda-gêge-angola-moçambique-ganhola bunda-congo-mina-malê-calabá-queto e ijecha etc. A história da capoeira é muito complexa, e as pesquisas científicas são recentes, levando em consideração os 500 anos da “descoberta” do Brasil.

Hoje a capoeira se encontra em outra situação. Ela está nas escolas de ensino fundamental e médio, nas Universidades, Teatros e Cinema; está na literatura e na televisão, com as telenovelas. Ela é um forte objeto de estudo nos meios científicos com dissertação de mestrado e teses de doutorado no Brasil e no exterior. Está em vários países da Europa, EUA, Ásia e América Central. Nós, do CEACA, já ensinamos capoeira nos Estados Unidos, na Universidade Estadual do Colorado, na cidade de Fort Collins; para crianças de ensino fundamental,médio e universitário – Universidade de Denver – Universidade de Golden. Na França, em Bordeaux, e em Porto Rico, na cidade de San Juan, para comunidade de crianças carentes.

Mestre Alcides de Lima

Ponto de Cultura Amorim Rima e Ação Griô

A tradição oral tem como característica fundamental a incansável repetição fidedigna do discurso do fato narrado, isso para que haja uma reprodução da narrativa daquilo que deve ser repassado das antigas gerações para as novas, se faz necessário uma linguagem simples e associada a dinâmica do dia a dia do indivíduo (pode ser também um conto ou um mito ligado a ancestralidade daquele grupo) e/ou de sua comunidade.

A hierarquia e o reconhecimento da sabedoria dos mais velhos são pontos fundamentais, são o ápice do fundamento na manutenção das tradições da oralidade, isso se reconhece e se expressa nas manifestações da cultura popular como: festas religiosas, casamentos, rezas e rituais de passagem.

No primeiro caso analisaremos a letra de uma música cantada por Clementina de Jesus, e reproduzida muitas vezes pelo Griô da Tradição Oral Alcides de Lima,

“Xique xique Macambira,
filho de preto d’angola,
inda bem não sabe lê
já qué sê mestre de escola”

Nessa quadra podemos observar a fala, ou o recado de alguém que conhece os fundamentos da tradição oral, ele está criticando um mais jovem que acha que está acima dos mais velhos, é como o ditado, “quer ensinar Pai nosso ao Vigário”, isso geralmente é cantado quando se quer mandar um recado a alguém, e ele deve entender a mensagem, mais muitos não entendem.

“Obedece, Obedece
O filho não dá no Pai
E discipulo num dá em Mestre

Veja que a barba cresce
Na hora do jogo duro
Discípulo cai em apuros
quando desobedece

Mas as vezes ele oferece
até uma boa imagem
E sai fora da rodagem
Pra ver se o povo se esquece”

Nesses versos cantados muitas vezes em aula pelo Mestre Griô Durval, traduzido para o ensino formal, nos diz sobre a importância e o respeito que os mais novos devem ter perante os mais velhos, ou seja, os alunos pelos professores, os filhos pelos pais, os discípulos pelos Mestres, pois, esses por terem mais tempo e vivências adquiriam experiências e conhecimentos e estão mais preparados para enfrentar o mundo e as dificuldades da vida, podendo assim indicar – lhes o melhor caminho a ser seguido, caminho onde poderão colher bons frutos.
“O jogo de capoeira
Na cidade e no sertão
Joga negro e joga branco
Em perfeita união

Capoeira antigamente
Violenta e matadeira
Hoje é arte e esporte
Nesta terra brasileira

Jogo em cima jogo em baixo
Jogo em pé jogo no chão
Vou calçado ou descalço
Todos somos cidadãos”

Essa música de autoria e cantado pelo Griô da Tradição Oral Dorival dos Santos, nos remete a enterder que, antigamente devido ao “pré-conceito” quanto à cultura afro-brasileira, a capoeira era vista como coisa só de negros, no verso – calçado ou descalço – traduz que a capoeira ultrapassou a barreira do “pré-conceito” estando hoje em todas as classes sociais, centros esportivos, escolas e universidades, complementando o ensino formal.

Trecho do Registro de vivência – Ação Griô / Ponto de Cultura Amorim Rima – São Paulo/SP

Ponto de Cultura Amorim Rima
4ª Encontro Regional Griôs da Tradição Oral – 09/2007
Rio do Sul/Presidente Getúlio – SC

Griô Mestre da Tradição Oral: Durval Antônio da Silva (Sr.Durval)
Griô da Tradição Oral: Alcides de Lima (Mestre Alcides)
Griô da Tradição Oral: Dorival dos Santos (Mestre Dorival)
Griô Aprendiz da Tradição Oral: Rodrigo Matins Garcia (Pança)

Conheça melhor o Ceaca no endereço:
www.capoeiraceaca.org.br

Intercâmbio de Viagens

Intercâmbio de Viagens

Em 20 de maio de 2006 foi inaugurada a nossa nova sala de artes, à qual demos o nome de “Espaço Conceição Acioli”. Esse novo espaço, além de hoje abrigar de forma bastante adequada tanto a sala de artes quanto a biblioteca, nos dotou de dois banheiros com acessibilidade para cadeirantes. Graças ao empenho de pais e colaboradores arquitetos conseguimos conciliar, no projeto desses banheiros, um espaço de vestiário, inclusive dotado de chuveiros.
Dessa forma, pudemos completar a infra-estrutura necessária para receber e alojar adequadamente alunos de outras cidades na escola, e instrumentalizar um sonhado projeto de intercâmbio de viagens.

O que quem recebe oferece

Nossa proposta de intercâmbio com escolas de outras cidades visa possibilitar que tanto os nossos alunos, quanto os alunos dessas cidades, realizem viagens culturais e de estudo de meio a custos bastante baixos.

Alunos de outras cidades serão recebidos na escola, que oferecerá:

  • Alojamento – colchonetes em salas de aula; banheiros.
  • Alimentação – café da manhã, almoço, jantar e lanche da noite.
  • Programações culturais e científicas gratuitas, ou a custo muito baixo. Estamos formatando roteiros culturais e científicos aproveitando a vasta e maravilhosa oferta de locais e eventos da cidade. Visitas monitoradas ao Parque Zoológico de São Paulo – o maior da América Latina; Instituto Butantan e Museus da USP; Sala São Paulo e Museu da Língua Portuguesa; Estação Ciências; Pinacoteca do Estado e Parque da Luz; Masp; Centro Histórico (Patteo do Colégio, Catedral da Sé, Igreja e Mosteiro de São Bento); os SESCs; os CEUs; enfim, uma vasta, variada e interessante gama de atrações.
  • O grupo visitante arcaria com as despesas de transporte, e educadores e/ou pais acompanhariam os estudantes nas viagens.

A contrapartida do recebimento dessas escolas e desses alunos seria a viagem de nossos alunos a essas cidades, em que seriam recebidos nos mesmos moldes.

Grupo de Estratégias em Educação

GRUPO DE ESTRATÉGIAS EM EDUCAÇÃO

Quem somos

O  Grupo de Estratégias em Educação começou seu trabalho na escola no início de 2004, primeiro ano do Projeto Amorim Lima, a partir da chegada de uma criança da Pré-Escola? Terapêutica Lugar de Vida, que atende crianças com diagnóstico de autismo e psicose infantil.
Constituído por cinco psicólogas voluntárias, tinha como proposta, inicialmente, auxiliar a entrada na escola de algumas crianças com necessidades educacionais especiais: desde síndromes genéticas até os quadros mais diversos de sofrimento psíquico. Esse auxílio consistia tanto num acompanhamento direto de alguns alunos, como no acolhimento das respectivas famílias e na realização de reuniões com a equipe escolar e com as equipes de tratamento.
Embora desde o início estivesse bastante claro que a intenção não era constituir um grupo de “especialistas especialmente especializados” que funcionasse como um corpo estranho à escola, foi necessário um processo de intenso trabalho para que esse grupo fosse se reconhecendo e sendo reconhecido como um grupo de educadores que está dentro da escola.
Isso se explicitou com a mudança de nome _ o Grupo de Inclusão constituído por psicólogas passou a se denominar Grupo de Estratégias em Educação constituído por educadores com formação em psicologia.
Essa mudança de nomeação visava enfatizar três questões básicas.
A primeira referente ao objetivo desse trabalho. Não se trata de incluir tal ou qual aluno, mas de incluir as questões que ele suscita nos outros, questões que ele traz e que reverberam em todos e em cada um: seja com seu corpo, que não se movimenta da maneira comum; seja com seus ritmos inusuais e sua circulação pelos espaços da escola. Isso significa incluir na escola, trazer para dentro da escola, questões que já estão dentro, mas não aparecem de maneira tão explícita. Significa cada um se deparar com o temor do fracasso, a angústia de aprender, o desamparo, o medo, o limite, que aparecem estampados em alguém, mas pertencem a todos.
E com isso poder fazer da escola também um espaço de transposição disso, para que possam emergir verdadeiros alunos-desejantes, movidos pela pulsão epistemofílica, o impulso por aprender.
A segunda questão que fica sublinhada com o nome Grupo de Estratégias em Educação é que a ênfase está nas estratégias que precisam ser criadas a partir dos “alunos portadores de questões, alunos portadores de perguntas”. Eles carregam no corpo, no gesto e na fala, a pergunta: “Que estratégias a escola vai criar para que eu possa aprender?”.
A terceira questão se refere à coerência desse grupo com o projeto da Escola Amorim Lima.
Nessa escola, somos educadoras com formação em psicologia e psicanálise, assim como existem educadores com formação em artes, educadores com formação em pedagogia, educadores com formação em capoeira, etc. Ou, conforme o Projeto Pedagógico da Escola: todos somos educadores, nas especificidades de nossas funções.

O que fazemos

A partir do momento que se percebe e se identifica alguma questão vinda dos educadores, dos pais ou dos alunos, esse grupo vai criando junto com os outros educadores da escola determinada estratégia. Algumas são estratégias grupais e podem durar alguns meses; como por exemplo no ano passado, o “Espaço de Descobertas”, realizado durante o segundo semestre, com o primeiro ano da manhã. Ou um grupo de conversas onde participaram alguns alunos e suas respectivas famílias, durante vários meses de 2006. Ou ainda, o trabalho de transição realizado junto a alguns alunos para ajudá-los na passagem para o período noturno, uma vez que se julgava que era o mais adequado para a faixa etária e o momento de vida deles. Ou os grupos de conversas com diversas configurações visando elaborar determinadas conflitivas grupais, que vêm funcionando desde o ano passado e têm se ampliado esse ano. E ainda o recém iniciado “grupo de pais, mães, avós e responsáveis”.
Outras estratégias são mais focadas, como encontros com um aluno e a família dele; ou algum encaminhamento para um atendimento com profissionais fora da escola. Pode ser ainda, juntamente com o tutor, a criação de um “Roteiro Alternativo de Estudo”, um roteiro de estudo personalizado que melhor se adapte a um aluno específico.
Sejam grupais ou individuais, mais duradouras ou pontuais, as estratégias surgem com a demanda e a identificação de uma necessidade.

Configuração Atual da Equipe

A equipe está composta, nesse momento, por cinco educadoras com formação em psicologia/ psicanálise e uma estagiária de psicologia:
Simone de Camargo Silva, Ana Paula Musatti Braga, Evelyn Madeira e Larissa Patti Gomes, fazem parte desde 2004. Raquel Ribeiro Foresti, desde o início de 2007.
Marcela Pezzi está concluindo a graduação de psicologia e começou seu estágio também no início de 2007.
Além dos horários fixos durante a semana, em que são marcados os grupos de conversa, cada profissional tem alguns horários de trabalho que são marcados conforme a necessidade de acompanhamento de algum aluno, alguma família ou alguma instituição. Por ser um trabalho voluntário, que até esse momento não contou com nenhum tipo de financiamento, o número de horas que cada uma das profissionais consegue permanecer na escola ainda é insuficiente para atender a demanda. Embora existam crianças e adolescentes interessados em entrar no Amorim que permanecem em fila de espera, o trabalho tem se expandido e tem sido possível receber a cada ano novos alunos com as mais diversas questões psíquicas ou físicas.

Apoios e Parcerias

O trabalho deste grupo não estaria sendo possível se não houvesse profissionais e instituições que realizam o acompanhamento de vários alunos fora da escola, nas mais diferentes especialidades.
Agradecemos enormemente aos seguintes apoios e parcerias: Pré- Escola Terapêutica Lugar de Vida, Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar, Centro de Saúde Escola Butantã, Trapézio: Grupo de Apoio à Escolarização e aos psicanalistas Maria Laura Cury Silvestre, Eduardo Afonso Furtado, Lívia Barros, Débora M. Gleizer e Fernanda Santos.

Vigilantes da Natureza

VIGILANTES DA NATUREZA

VIGILANTES DA NATUREZA

A história da Educação Ambiental em nossa escola começou em 1998 quando criamos um grupo de alunos de 5ª à 8ª série, chamados “VIGILANTES DA NATUREZA”, que se reunia semanalmente para discutir e atuar em benefício do Meio Ambiente.
O trabalho de sensibilização era meta fundamental em nossos encontros. Para estimular o grupo, fazíamos lanches naturais, como por exemplo, pão de cenoura, hambúrguer de abobrinha, suco de couve, erva cidreira, beterraba etc.
Procurávamos fazer entender a importância de cuidar do Meio Ambiente que começa no seu interior, no seu corpo e onde vive (casa, rua, bairro, cidade, escola).
Mostrávamos sempre que através de pequenas ações no dia-a-dia garantíamos vida saudável e praticávamos o exercício de cidadania.
Várias ações são desenvolvidas através de oficinas de artes, vídeo, horta, jardinagem, reciclagem, mosaico, tecelagem, pintura etc.
Produzimos viveiros, composteiras, murais, folders e jornais; produzimos papel artesanal, música, rap, concurso de redação com premiação e muita lição.
Estudamos vários textos sobre a história do lixo em São Paulo e entendemos e/ou aprendemos que o lixo deve ser reciclado e gerenciado principalmente em se tratando da cidade de São Paulo, onde se produz 18 mil toneladas/dia de lixo.
O Grupo Vigilantes da Natureza tem a responsabilidade ambiental de cuidar das caixas de reciclagem das salas de aula, regar as plantas, cuidar da horta, vistoriar as torneiras, produzir cartazes enfocando atitudes ecologicamente corretas, enfim cuidar da escola.

Equipe Responsável pelo Projeto:

• Adelina de Barros Carneiro
• Regina Moretti
• Fernanda Moretti Ferrari.
• Elen Cristina Faht


Sementes de Maracujá

Na oficina de Educação Ambiental, os alunos do 1º ano prepararam sementeira de maracujá que foram plantadas em tubetes. Acompanharam todo o processo de germinação e pesquisaram que o maracujá amarelo é originário da América Tropical, com mais de 150 espécies nativas.
É uma planta pendente, que se alastra pelos muros, formando belíssimas cercas vivas. O maracujá é uma fruta muito consumida, cuja polpa, muito suculenta, é usada para sucos, sorvetes, bolos, doces, mousses etc. Sua casca é fitoterápica – fonte de vitaminas e minerais.
Após atingir cerca de 5 cm de crescimento os alunos transplantaram as mudas de maracujá em saquinhos e levaram para plantar em lugar que tenha sol na sua casa ou em uma praça.
As sementes eram tão férteis que todas germinaram. O grupo “Vigilantes da Natureza” ganhou mudas e ainda sobrou um pouco para doar à comunidade.”

Atividade realizada em setembro de 2008. Veja mais fotos em Sementes em tubetes.

Veja fotos do prosseguimento do trabalho, em Vigilantes 01outubro2008.

Professora Adelina de Barros Carneiro


Oficina de Serigrafia realizada em 29/05/08

No dia 29 de maio de 2008 a Professora Adelina coordenou uma oficina de serigrafia para estampar o novo logo da Oficina em camisetas dos alunos. O logo foi concebido por Massumi Guibu, arquiteta e designer colaboradora da escola, umas das coordenadoras da Oficina ARTEcomCIÊNCIA. Veja mais fotos em Oficina 29 de maio.


Grupo vigilantes da Natureza produz Calendário do Advento, reciclando telas de silk screen já obsoletas e molduras recolhidas de caçamba nas ruas…

Dezembro – 2007


Terrário

O Terrário é um ecossistema engarrafado que permite observarmos o ciclo da vida. Essa idéia foi desenvolvida por acaso pelo botânico amador Daniel Ward quando observava uma crisálida de borboleta dentro de uma garrafa. A terra da garrafa tinha uma raiz de samambaia misturada e ela brotou e cresceu. Ele testou outras plantas e concluiu que, com um pouco de luz e umidade, os vegetais poderiam viver por anos num ambiente lacrado.

Parece uma coisa simples, mas graças ao terrário, mudas das mais variadas plantas puderam atravessar os oceanos sem sofrerem danos.

Partindo dessas informações os “Vigilantes da Natureza” desenvolveram uma pesquisa e criaram o seu próprio terrário.

Telas de frapos de tecidos

O grupo Vigilantes da Natureza que tem encontros semanais para conversar sobre a impontância de cuidar do meio ambiente onde vive, confeccionou telas de frapos de tecidos, as quais foram produzidas à acrílica. No próximo encontro cada um deverá dar título à sua obra.
Produzindo arte com reciclagem garante-se um compromisso de trabalho baseado na sustentabilidade. Este é o nosso grande compromisso.

Arte com Ciência

Sobre o primeiro semestre de 2007

Iniciamos o semestre com um desafio: que outras vidas existiriam na escola?
Depois de um passeio em grupo por todo o espaço externo da escola, fizemos a nossa primeira coleta.

Com essa ação, muito simples, iniciamos a construção do “olhar pesquisador”. Ao estimularmos a observação, em detalhe, com cuidado, estamos introduzindo uma nova “maneira de olhar” o mundo, essa qualidade essencial na formação de um futuro pesquisador.

O passo seguinte… olhar mais de perto, através de microscópios, das lupas, das lentes de aumento.
O passo essencial: documentar o que foi observado, detalhar, desenhar.

O desenho, “a Arte”, surge como um “instrumento” importante no processo de apreensão do conhecimento. O desenho é a representação/documentação do que foi pesquisado com os olhos, com o tato, com o olfato, com todos os sentidos em alerta.

O estímulo constante a essa “curiosidade alegre” em relação às pequenas coisas, aos acontecimentos, ao cotidiano , sensibiliza nosso futuro pesquisador a uma atitude investigativa, enriquecendo e desmistificando a capacidade de se expressar através da Arte, pois compreendemos que a Beleza surge como consequência do adensamento dos conteúdos trabalhados, pois reflete uma qualificação de repertório real sobre o objeto em questão.

E, sempre com esses conceitos presentes, demos prosseguimento ao nosso percurso: após o estudo dos insetos e animais pequenos, passamos para os animais vertebrados, com esqueleto. Através de um empréstimo de esqueletos e animais taxidermizados da Faculdade de Medicina Veterinária da Usp, pudemos observar as diferentes formas e especializações em esqueletos de ave (pingüim), de mamíferos, voadores e quadrúpedes (o morcego , o cão e o gato) , sentir a textura do couro da cobra, passar a mão no pelo da cotia.

E então passamos para o reconhecimento de nós humanos, com a observação do próprio corpo, através de detalhes, com o objetivo de não permitir que o desenho esquemático e clichê se instalasse, e sim, desse lugar a uma observação cuidadosa e detallhada. Na aula seguinte trouxemos um esqueleto humano de resina, do tamanho natural, para que entendessem como somos por dentro, como nos estruturamos, introduzindo e adensando o auto-conhecimento físico.

E o que não enxergamos, não existe? A partir desse novo desafio, criamos hipóteses, juntamente com as crianças, sobre onde poderiam “morar ” bichinhos invisíveis, e fizemos várias coletas e cultivamos em placas de ágar (um tipo de alga ) estéreis, como as usadas em laboratórios. Coletamos saliva, entre os dedos do pé, ramelinho do olho, cutucamos um nariz, coletamos na pia do banheiro, na torneira, em uma moeda, na privada, telefone,…Com o crescimento dos micro-organismos, pudemos demonstrar para nossos futuros cientistas, a importância da higiene, e como lavar a mão corretamente e o por quê, como pode se dar o contágio, os cuidados para com eles mesmos e para com os outros.

E tudo isso sempre documentado através de desenhos, de representações variadas, como colagens, costuras, trabalhando a habilidade fina, a coordenação que contribuirá também para o exercício da escrita.

Acreditamos que a beleza dos trabalhos de nossos queridos alunos está na verdade da representação do conhecimento por eles adquirido, essa conquista necessária para a construção de um estudande interessado, alegre e curioso, futuro cidadão consciente e participativo.

Massumi e Vania, professoras da 1ª série (1º semestre de 2007)

Trabalho apresentado no 24o. Congresso Brasileiro de Microbiologia

Regulamento Interno

Regulamento Interno

I _ Objetivos e âmbito de aplicação

O presente Regulamento, aprovado pelo Conselho de Escola, é parte integrante do Projeto Político Pedagógico EMEF Desembargador Amorim Lima, e visa:

  • Explicitar as diversas instâncias de poder que compõem o coletivo da escola, organizando-as no sentido da melhor implantação do Projeto Pedagógico e do mais harmônico e eficaz funcionamento da escola. Apesar de propor instâncias e uma particular relação entre elas, o propugnado neste Regulamento procura se coadunar absolutamente com as normativas que regem a educação brasileira, tanto a nível federal quanto a nível municipal, cabendo destacar:

1.1) O Estatuto da Criança e do Adolescente

1.2) As Leis de Diretrizes e Bases da Educação

1.3) O Regimento Geral das Escolas Municipais de São Paulo

1.4) O Regimento da EMEF Desembargador Amorim Lima

  • Favorecer a tomada compartilhada de decisões procurando, todavia, não incorrer em excesso de burocracia que venha a prejudicar a agilidade necessária ao atendimento das demandas do funcionamento diário.

Apesar de os dispositivos propostos pelo Projeto Pedagógico não estarem ainda implantados em toda a escola, o presente Regulamento deverá, a partir de sua aprovação, reger o funcionamento de todo o coletivo da EMEF Desembargador Amorim Lima, colaborando, assim, para a integração da totalidade da escola aos parâmetros do referido Projeto.

II _ Dos Órgãos da Escola e de suas atribuições

De acordo com este Regulamento, e a despeito de outras considerações, será o coletivo da escola organizado através das seguintes instâncias:

O Conselho de Escola

O Conselho de Escola, caracterizado no Regimento Geral das Escolas Municipais, e no Regimento específico da EMEF Desembargador Amorim Lima, é o órgão deliberativo máximo da escola. De caráter paritário, o Conselho de Escola é formado:

  • Por até 7 representantes dos alunos.
  • Por até 7 representantes dos pais / responsáveis pela educação.
  • Por até 7 representantes dos professores.
  • Por até 7 representantes da equipe técnica da escola, incluindo sua diretora, que tem no Conselho assento garantido.

Os representantes são eleitos por seus pares, com mandato anual.

Caberá ao Conselho de Escola, além das atribuições já definidas nos Regimentos acima citados:

  • Definir as grandes linhas educacionais da EMEF Desembargador Amorim Lima.
  • Discutir, sugerir modificações e aprovar o Projeto Pedagógico, zelando por sua implantação.
  • Discutir, sugerir modificações e aprovar o Regulamento Interno, ratificando a formação do Conselho Pedagógico e outorgando-lhe poder para a elaboração e condução das práticas pedagógicas que julgar adequadas, sempre de acordo com o Projeto Pedagógico.

O Conselho Pedagógico

Ao Conselho Pedagógico caberá a coordenação e orientação pedagógica da escola, em consonância com o determinado e aprovado no Projeto Pedagógico. São atribuições do Conselho Pedagógico:

2.1) A elaboração e coordenação das bases curriculares da escola.

2.2) A aprovação dos contratos de parceria que interfiram no funcionamento da escola, devendo todavia tal aprovação ser apreciada e ratificada pelo Conselho de Escola anteriormente à sua implementação. Incluem-se, nestas parcerias com a Escola, as ONGs designadas pela Prefeitura Municipal de São Paulo, para a contratação de arte-educadores encarregados das oficinas extra-classe, criadas na nova grade horária estabelecida para o ensino fundamental pela referida Prefeitura.

2.3) A gestão dos dispositivos de formação continuada da equipe educativa, escolhendo as estratégias e aprovando os profissionais que irão desenvolvê-las.

2.4) A seleção e coordenação da equipe de educadores voluntários.

2.5) No que tange aos educadores contratados, caberá ao Conselho Pedagógico: a) pronunciar-se quanto às necessidades e às prioridades das funções e cargos; b) entrevistar e avaliar os candidatos aos cargos e funções; e c) submeter, tanto as sugestões de cargo quanto as dos candidatos, ao exame do Conselho de Escola, que irá, ou não, referendá-los.

2.6) Pronunciar-se acerca da utilização dos recursos financeiros, estabelecendo as prioridades no sentido da melhor implantação do Projeto Pedagógico.

O Conselho Pedagógico será formado:

  • Pelo Coordenador Geral do Projeto, cargo exercido pela diretora regimental da EMEF Desembargador Amorim Lima, que o presidirá e que terá, nele, poder de veto.
  • Pelos 2 Coordenadores Pedagógicos regimentais da escola.
  • Por 3 professores, escolhidos por seus pares, com mandato anual, procurando-se observar que sejam de periodos e séries diversos no sentido de aumentar sua representatividade.
  • Por 2 educadores convidados, comprometidos com o Projeto específicamente e com a escola pública de forma geral, escolhidos e referendados pelo Conselho de Escola a partir de sugestões do coletivo da EMEF Des. Amorim Lima.
  • Por 2 representantes dos pais, escolhidos pelo Conselho de Escola, com direito a voz mas sem direito a voto.

O Conselho de Gestão Financeira

O Conselho de Gestão Financeira será o órgão responsável pela administração dos recursos financeiros obtidos através da APM _ Associação de Pais e Mestres _ e de outras fontes, inclusive da ONG Educação Cidadã.

O Conselho de Gestão Financeira será composto:

  • Pela diretora da EMEF Desembargador Amorim Lima.
  • Por dois representantes da Associação de Pais e Mestres, sendo um titular e um suplente.
  • Por dois representantes da ONG Educação Cidadã, sendo um titular e um suplente.
  • Por dois 2 representantes dos pais, escolhidos por seus pares, com mandato anual renovável.

A gestão financeira deverá ser bimestralmente aprovada por um Conselho Fiscal, formado por 2 representantes dos pais e 2 representantes dos professores, escolhidos por seus pares, com mandato anual renovável.

São atribuições do Conselho de Gestão Financeira.

3.1) Elaborar, em consonância com o Conselho Pedagógico, o Orçamento Financeiro Anual, apresentando-o para aprovação ao Conselho de Escola até 01 de março de cada ano. Do Orçamento deverá constar:

3.1.1) As previsões de arrecadação e de gastos mensais, discriminados por rubricas específicas determinadas pelo Conselho de Escola.

3.1.2) A determinação dos graus de prioridade das despesas, estabelecidos através de níveis de 0 a 4, onde o grau 0 é o grau máximo de prioridade.

3.2) Acompanhar a execução do orçamento financeiro aprovado pelo Conselho de Escola, operacionalmente a cargo do assistente da diretoria ou de funcionário indicado pela diretora da escola. Nesta execução:

3.2.1) Os compromissos financeiros deverão obedecer aos graus de prioridade constantes do orçamento e aprovados pelo Conselho de Escola.

3.2.2) Será permitido ao Conselho de Gestão Financeira um remanejamento de até 20% da verba prevista para cada rubrica aprovada no Orçamento, desde que o gasto suplementar não prejudique a verba alocada em outras rubricas. Qualquer desvio superior a 20% deverá ser submetido à nova aprovação pelo Conselho de Escola, independentemente de haver recurso disponível.

3.3) Caberá ao CGF divulgar bimestralmente um Relatório de Gestão, explicitando as contribuições e a detalhada utilização dos recursos.

3.4) O Relatório de Gestão deverá ser bimestralmente submetido à apreciação do Conselho Fiscal, para sua conferência e aprovação unânime. Eventual ressalva de quaisquer dos Conselheiros deverá ser encaminhada ao Conselho de Escola.

A Assembléia de Alunos

A Assembléia de Alunos é a instância organizativa da participação do aluno na vida da escola. De caráter consultivo, caberá à Assembléia de Alunos recolher as sugestões e demandas dos alunos, no sentido de que sejam encaminhadas, por seus representantes, ao Conselho de Escola.

São atribuições da Assembléia de Alunos:

4.1) Ler e discutir o Projeto Pedagógico e a proposta de Regulamento da escola, colhendo sugestões de acréscimos ou emendas e os encaminhando à reunião do Conselho de Escola.

4.2) Estabelecer, através de votação direta pela totalidade dos alunos e em sintonia com o Projeto Pedagógico, a lista de Direitos e Deveres dos alunos, a fim de que seja examinada e acatada pelo Conselho de Escola.

4.3) Criar, escolher os membros e verificar o adequado funcionamento dos Grupos de Responsabilidade que julgar pertinentes.

4.4) Acolher críticas e sugestões de modificação dos dispositivos e do funcionamento geral da escola, encaminhando-as ao Conselho de Escola.

4.5) Outras que julgar adequadas.

Os Grupos de Trabalho de Gestão Compartilhada

Os Grupos de Trabalho de Gestão Compartilhada poderão ser de caráter permanente ou transitório, e serão formados pelos pais, alunos, professores e comunidade, na medida de seus interesses e possibilidades. São grupos de trabalho com tarefa específica, e terão sua formação referendada pelo Conselho de Escola, instância à qual irão se reportar diretamente. São exemplos de Grupo de Gestão Compartilhada os grupos formados ou que poderão se formar para implantar e gerenciar: o portal da escola; o jornal; o Projeto Amorim Rima; a Comissão de Festas.

Aprovado na Reunião Ordinária do Conselho de Escola de 07/12/05, com modificaçoes posteriores.

Projeto Político Pedagógico

Projeto Político Pedagógico

I – Dos primórdios do Projeto

Da derrubada das grades à derrubada das paredes

A hoje denominada EMEF Desembargador Amorim Lima nasceu em 1956 como 1a. Escola Isolada de Vila Indiana. Começou a ocupar o endereço atual em 1968. Em 1969 passou a chamar-se Escola de 1o. Grau Desembargador Amorim Lima e, com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em 1999, recebeu a denominação atual.

Situada em bairro de alta heterogeneidade social e cultural, próxima a pólos científico-culturais da importância da Universidade de São Paulo, de áreas mais pobres de seu entorno e de pólos de importantes manifestações culturais, como o Morro do Querosene, a Amorim Lima teve, ao longo dos anos, o privilégio de receber também uma clientela heterogênea e múltipla.

Se essas características fizeram da Amorim Lima uma escola desde há muitos anos diferenciada, com uma comunidade ativa e participativa, foi a partir de 1996, com a chegada de Ana Elisa Siqueira como diretora que a escola passou a viver suas transformações mais profundas.

Preocupada com a alta evasão _ e ciente do triste fim que vinham a ter os alunos evadidos visto que, para muitos, era a escola o único vínculo social concreto _ o primeiro esforço da nova diretoria foi no sentido de manter os alunos na escola, durante o maior tempo possível. Foi o tempo de derrubar os alambrados que cerceavam a circulação no pátio, num voto de respeito e confiança, de abrir a escola nos fins de semana, de melhorar os espaços tornando-os agradáveis e voltados à convivência. De abrir, enfim, a escola à comunidade.

A sala da diretoria deixou de ser o panóptico de uma instituição totalizante, a ameaça ao aluno desviante, para, sempre de portas abertas, ser o epicentro de uma transformação radical. Alunos de séries mais avançadas começaram a freqüentar e viver a escola fora de seus horários de aula, como monitores em atividades várias. Com apoio e o engajamento crescente dos pais e mães de alunos e da comunidade, a escola passou a oferecer atividades extracurriculares. Instalaram-se Oficinas de Cultura Brasileira, de Capoeira, de Educação Ambiental, de Teatro. A maior participação dos pais e mães passou a se refletir na organização das festas (Festa Junina, Festa da Cultura Brasileira, em agosto, Festa do Auto de Natal, com a colaboração de Conceição Acioli e Lydia Hortélio), na criação do Grupo de Teatro de Mães, no trabalho voluntário. O Instituto Pichón-Riviere? e o Instituto Veredas foram convidados a fazer intervenções na escola. Conseguiu-se apoio financeiro externo para uma série de atividades _ primeiro do Projeto Crer para Ver, da Fundação Abrinq, por dois anos, e depois da Fundação Camargo Correia.

Em 2002, o Conselho de Escola, fortemente constituído, começou a discutir meios de melhorar o nível de aprendizado e de convivência na escola. No sentido de melhor diagnosticar a situação real, e de tratar as questões de forma mais objetiva, foi realizada uma reunião em 11/06/02, com a presença de 52 pais e 21 professores, quando se instituiu uma Comissão com o objetivo de levantar e analisar os seguintes dados:

  • número de alunos, com sexo e idade, por sala;
  • número de alunos com conceito NS (não satisfatório) em português e matemática para as 1as. a 4as. séries, e em qualquer matéria para as 5as. a 8as. séries;
  • alunos com mais do que 20% de faltas no semestre;
  • número de aulas que os alunos efetivamente tiveram;
  • número de aulas previstas e aulas dispensadas ou dadas por outro professor.

Foram diagnosticados como problemas centrais: indisciplina e alto índice de falta de alguns alunos e aulas vagas devido à elevada ausência de alguns professores. Ainda que localizada, e concentrada em algumas disciplinas (o levantamento nas 5as. a 8as. séries indica, nos primeiros meses de 2002, ausência superior a 50% nas aulas de matemática em 5 das 11 turmas), a ausência de professor assumiu, no diagnóstico da comissão, lugar central, pois se entendeu que as outras questões _ indisciplina e falta dos alunos _ estariam a ela associadas.

No decorrer de 2002 a comissão foi acolhendo e encaminhando propostas, no sentido de resolver os problemas levantados. Relatório da comissão de dezembro de 2002 avaliou como tendo havido progresso em alguns pontos _ atendimento de pedido da escola para alocação de 2 professores eventuais pela manhã e 2 à tarde, por exemplo _ mas sendo outros de difícil solução.

No inicio de 2003 a Comissão e o Conselho de Escola, examinando o texto do Projeto Político Pedagógico preparado para o período letivo que se iniciava, entendeu que havia grande dissonância entre o texto e a prática cotidiana na escola. Não tendo, todavia, os instrumentos teóricos que lhes permitissem aprofundar a análise da prática educativa em cotejo com o proposto no Projeto, no intuito de sugerir e cobrar mudanças que implicassem numa efetiva melhora das condições de ensino, em agosto de 2003 o Conselho convidou a psicóloga Rosely Sayão _ interlocutora da escola desde 2001 _ a formular, com eles, esses critérios de análise. No decorrer desta interlocução, a psicóloga Rosely Sayão apresenta-lhes um vídeo sobre a Escola da Ponte, de Portugal, que causa grande impacto nos membros do Conselho: de imediato é percebida a grande semelhança entre os valores que os animavam e aqueles que o vídeo sobre o cotidiano na Escola da Ponte faziam transparecer. É vislumbrada como possível a adequação da prática aos valores propostos no Projeto Político Pedagógico da escola.

Tendo recém visitado a Escola da Ponte, e notando o entusiasmo da comunidade da Amorim Lima pelo Projeto Fazer a Ponte (consulte www.eb1-ponte-n1.rcts.pt ), a psicóloga Rosely Sayão, a pedido do Conselho de Escola, formulou e apresentou, em setembro de 2003, uma proposta de assessoria, no sentido de se ir implantando, na Amorim Lima, dispositivos inspirados naqueles da escola portuguesa.

Respaldados no trabalho já feito e no compromisso com a melhoria da escola já evidenciado nos anos anteriores, o Conselho de Escola e a Direção apresentaram, no final de 2003, à Secretaria Municipal de Educação essa proposta de transformação, formalizada no pedido de aprovação da assessoria externa.

A assessoria foi aprovada pela SME, e realizou-se na escola de janeiro de 2004 a maio de 2005.

A história e o percurso acima descritos, o trabalho da direção, professores comprometidos e demais educadores e funcionários administrativos, os arte-educadores convidados e voluntários, os pais, mães, a comunidade, os alunos, a assessoria externa e as demais forças que ajudaram a construir o que é hoje a escola são, pois, os responsáveis pela elaboração dos parâmetros que, consubstanciados no Projeto Pedagógico a seguir formalizado, e após a apreciação e aprovação pelo Conselho de Escola, deverão reger e iluminar, doravante, o funcionamento da EMEF Desembargador Amorim Lima.

II _ Dos valores que fundamentam o projeto

Ascendermos todos _ alunos, educadores, pais e comunidade _ a graus cada vez mais elevados de elaboração cultural e a níveis cada vez mais elevados de autonomia moral e intelectual, num ambiente de respeito e solidariedade, é o objetivo que fundamenta o Projeto EMEF Desembargador Amorim Lima.

Para tanto, a prática diária deve apontar:

  • Para a elevação do grau de compromisso com a realização deste Projeto, por parte de todos os segmentos da escola, nos limites de suas atribuições definidos no Regulamento Interno que o integra e dele é parte.
  • Diferentemente daquela escola em que cabe ao professor ensinar, e ao aluno aprender, esse Projeto visa um compromisso coletivo em que todos os seus agentes se engajem sempre mais num processo de aprimoramento cultural e pessoal de todos, de forma integral, e na construção de uma intencionalidade educativa clara, compartilhada e assumida por todos.
  • Esta intencionalidade educativa, calcada nos valores da autonomia, solidariedade, democraticidade e responsabilidade deve ditar o funcionamento organizacional e relacional da escola, preservando e reforçando o papel do professor e dos educadores, e tendo o Conselho Pedagógico como responsável direto pela formulação e implantação das práticas pedagógicas que a sustentarão _ sempre em consonância com o Projeto Pedagógico aprovado pelo Conselho de Escola. Reconhece-se, no escopo desse Projeto, o papel de educadores à totalidade dos trabalhadores e trabalhadoras da escola, no âmbito de suas funções específicas.
  • Sendo que uma tal intencionalidade educativa, apoiada nos valores da solidariedade e da democraticidade, só se realiza e produz sentido se fortemente apoiada pela totalidade dos agentes envolvidos, deve-se buscar, sempre mais, a participação e o apoio dos pais e da comunidade na vida da escola, preservadas as atribuições elencadas neste Projeto e melhor formuladas no Regulamento Interno, que regerá sua correta aplicação. Reconhece-se a importância do trabalho dos diversos agentes implicados na melhoria da EMEF Desembargador Amorim Lima ligados não formalmente a ela, seja na forma de voluntariado, seja sob a forma de apoio institucional e financeiro.
  • Para a elevação dos graus de autonomia de todos os envolvidos neste Projeto: e1) do ponto de vista da autonomia intelectual, outorgando sempre mais ao aluno o domínio sobre os processos e meios de aprendizagem, auxiliando-o a encontrar e desenvolver os meios que lhe possibilitem construir e viver um percurso intelectual próprio; e2) do ponto de vista da autonomia moral, devem ser sempre aprimorados os mecanismos que favoreçam e estimulem, por parte dos alunos, a assunção de mais responsabilidades no sentido do melhor funcionamento da escola e da mais eficaz implantação deste Projeto, visto que a mesma só se dá frente a um coletivo no qual se inscreve e na medida em que também se assuma e respeite as diretrizes e os projetos traçados por este mesmo coletivo.
  • Se antes cabia ao professor formar-se individualmente para dar conta de uma docência expositiva e solitária, numa relação dual com os alunos, o funcionamento deste Projeto passa a exigir: f1) uma prática compartilhada e solidária, visto que o professor não trabalha mais intra-muros, solitariamente e com uma turma específica; f2) uma formação diversificada e múltipla, no sentido de poder acompanhar e incentivar a transversalidade curricular pretendida, sem contudo abrir mão de seu conhecimento mais aprofundado em uma área específica; f3) a mudança de foco na relação com os alunos, visto que a exposição de conteúdos passa a dar lugar ao incentivo constante à pesquisa, à orientação quanto o melhor uso dos Roteiros Temáticos, à solução das dúvidas que nascem dos mais diversos e inesperados lugares; f4) o descentramento do papel do professor como detentor de saber para um papel de colaborador na construção de saber, visto que lhe cabe, neste novo funcionamento, mais orientar que explicar, mais pesquisar que ensinar. Sendo, pois, variadas e profundas as demandas que a implantação deste Projeto dirige aos professores, devem os agentes todos que dão suporte à sua implantação comprometer-se no esforço de propiciar, aos educadores de forma geral, e aos professores especificamente, uma formação continuada de qualidade, voltada à sua prática diária e às suas questões mais prementes.
  • Uma atitude de respeito para com as diferenças culturais, raciais, de credo e quaisquer outras, de todos e para com todos. A convicção de que cada aluno é único, pode e deve permanentemente construir e exercer sua identidade no seio de um coletivo que não a mitigue ou aplaque. A convicção de que toda a criança é capaz de aprender e desenvolver-se, em ritmo e forma próprios, sendo-lhe dadas as condições para que o faça.
  • A compreensão do ser humano como ser integral. A convicção de que toda a aprendizagem significativa do mundo é também conhecimento e desenvolvimento de si, numa dialética que equipara a elaboração intelectual à elaboração pessoal e psíquica (Pichón-Riviere).
  • Pautando-se num critério de democraticidade e transparência cada vez mais elevados, deverão as diversas forças que compõem este Projeto, em seus diversos âmbitos, comprometer-se a um esforço constante de esclarecimento de suas ações e atitudes, frente ao coletivo da escola. Sendo este um projeto educacional coletivo, caberá aos diversos segmentos que o compõem a tarefa de manifestarem suas convicções e justificarem suas ações de forma clara e coerente, logicamente sustentadas. Os diferentes lugares de poder que tomam os detentores de diferentes saberes e diferentes fazeres, no escopo deste Projeto e salvaguardados em seu Regulamento, não devem servir de pretexto à atitude autoritária, arrogante, isolada, por parte de nenhum de seus membros. Os canais de diálogo e de divulgação, no âmbito dos diversos segmentos do Projeto, serão melhor explicitados no seu Regulamento Interno.

III _ Das bases conceituais do Projeto, da aprendizagem e do currículo.

O Projeto Pedagógico EMEF Desembargador Amorim Lima é um projeto único, nascido do esforço de uma comunidade específica e voltado a suprir as demandas e anseios desta comunidade. Para tanto, está construindo estratégias, encontrando soluções e criando os dispositivos pedagógicos que julga melhor se adequarem ao universo de seus alunos e educadores, no sentido de alcançar seus objetivos de forma plena e eficaz. É, portanto, um projeto que em tudo se apóia e em tudo coerente com o propugnado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB).

As grandes linhas pedagógicas do Projeto são absolutamente consonantes com aquelas que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) indicam como objetivo a se esperar dos alunos do ensino fundamental, e cuja importância justifica reiterar:

  • compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;
  • posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;
  • conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao País;
  • conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais;
  • perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente;
  • desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania;
  • conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva;
  • utilizar as diferentes linguagens _ verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal _ como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;
  • saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;
  • questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação.

No esforço de adequação e observância aos fundamentos aqui relatados, o Projeto propugna uma série de transformações dos dispositivos pedagógicos anteriormente praticados na escola. Estas transformações, já implantadas, em fase de implantação e em fase de projeto, podem ser assim definidas:

  • No sentido de aumentar a implicação dos alunos no processo de aprendizagem, melhor favorecer o desenvolvimento de seus graus de autonomia e ainda, no sentido de melhor adequar o currículo objetivo aos ritmos e predisposições individuais, o Projeto privilegia o trabalho de pesquisa. A aula expositiva deixa de ser o instrumento preferencial de transmissão e aquisição de saber, passando a ser um recurso utilizado pontualmente: 1) seja nos momentos em que o grau de autonomia não permita, ainda, a vinculação a um projeto de pesquisa; 2) seja nos momentos em que os educadores entendam que uma explanação possibilite um avanço no processo, esgotados todos os outros recursos; e 3) seja, finalmente, nas ocasiões em que características momentâneas do Projeto em implantação não permitam adequar a prática pedagógica aos princípios que a fundamentam.
  • O trabalho de pesquisa é norteado por Roteiros Temáticos de Pesquisa, concebidos segundo a Teoria dialógica da linguagem do Círculo de Bakhtin, e apoiado nos livros didáticos e paradidáticos, num contexto predominantemente grupal. Apesar de usar tais livros de forma particular e não seqüencial, privilegiando uma transversalidade temática, e apesar de não se restringir a eles, o Projeto reconhece o Programa Nacional do Livro Didático como uma outra sua importante base prática e conceitual, além da sustentação em uma Política Pública Federal.
  • De implementação gradativa a partir de 2004, e abrangendo a totalidade dos alunos desde o início de 2006, o dispositivo extingue as três classes de cada série, dividindo os alunos em 21 grupos de 5 membros cada.
  • Além do acompanhamento grupal e individual em sala, são os alunos acompanhados mais de perto por um tutor que, ao ater-se a um grupo menor de alunos, preferencialmente durante todo o período de formação escolar, pode orientá-los com olhar mais atento e agudo, indicando e corrigindo rumos. Sendo a busca da autonomia um valor matricial do Projeto, e somente podendo ela fundar-se numa cada vez mais aprofundada auto-avaliação, caberá ao espaço da tutoria auxiliar os professores a implantar e fomentar a auto-avaliação, numa gradual tomada de consciência, por parte dos alunos, de suas capacidades e de suas dificuldades.
  • Dados os fundamentos aqui apresentados, é pretensão do Projeto oferecer, além de uma adequada formação intelectual e cognitiva, um aprimoramento artístico, físico, estético, enfim voltado às mais diversas formas de manifestação expressiva do ser humano, num clima de valorização do amadurecimento das relações interpessoais sem a banalização dos afetos. O trabalho dos arte-educadores assume, pois, lugar de grande importância, devendo as diversas forças que compõem o coletivo esforçar-se por viabilizar, segundo critérios do Conselho Pedagógico, a sua sustentada e permanente presença na escola _ seja empenhando-se em incluí-los no escopo do quadro funcional estável, seja buscando os recursos que possibilitem a manutenção de um contrato autônomo.
  • É reconhecida e valorizada, no âmbito deste Projeto, a importância das novas tecnologias no que concerne ao acesso e à construção do conhecimento. A utilização de tais ferramentas tecnológicas _ notadamente a informática _ deve pois sempre mais se integrar ao trabalho diário de pesquisa e produção em sala de aula.
  • A EMEF Desembargador Amorim Lima possui importante acervo de mais de 18.000 volumes. Reformada, e em processo de completa informatização, a sala de leitura transformou-se em biblioteca circulante, expandindo o acesso a seu acervo à toda a comunidade.

Além do já citado, são bases conceituais do projeto, entre outras:

1) As contribuições de Jean Piaget quanto à formação dos conhecimentos e quanto às autonomias moral e intelectual;

2) A imensa contribuição do grande educador Paulo Freire _ em primeiro lugar como fonte de referência de toda a pedagogia que se pretenda libertária; em segundo por ter contribuído fortemente na criação dos avançados parâmetros normativos da educação brasileira atual _ sem os quais seguramente este Projeto teria muitas mais dificuldades em ser implantado; e

3) Cabe ressaltar a importância, para a existência deste Projeto, daquele outro implantado na pequena Vila das Aves, em Portugal, sob o nome Fazer a Ponte. Além de nos mostrar que “a utopia é possível”, como bem o disse o professor José Pacheco, a Escola da Ponte é uma fonte permanente de inspiração e reflexão, pois que soube, em seus quase 30 anos, ir criando mecanismos e dispositivos pedagógicos coerentes com seus valores e princípios _ e que são os mesmos que nos animam. Sabemos bem que uma coisa é ter princípios, outra bem diversa é aplicá-los. Nesse sentido a Ponte, em sua generosa proposição de fazer públicos sua história, seu trajeto, suas dificuldades e seu estágio atual, é fonte importantíssima de consulta e interlocução.

Aprovado na Reunião Extraordinária do Conselho de Escola de 10 de agosto de 2005, com modificações posteriores.

Alunos

  • AGATHA SIMONDI TAVARES
  • ALESSANDRA BIANCHI SHIRASSU
  • ALESSANDRO ANDRE PEREZ RODRIGUEZ
  • ALEX WITIUK DE BARCELLOS
  • ALEXANDRE FERRAZ DE OLIVEIRA SILVA
  • ALEXANDRE FERREIRA DA SILVA
  • ALEXANDRE MOGHRABI
  • ALEXSANDER BARONI DO NASCIMENTO HILARIO
  • ALEXSANDER MONIZ
  • ALICE MAGALHAES RIBEIRO
  • ALINE LUCHINI COLUCCI
  • ALISSON RODRIGUES ALVES
  • ALLAN DOUGLAS PLACIDO FREITAS
  • ALLAN VINICIUS ALVAREZ VAINI
  • ALVARO GABRIEL SILVA DE JESUS
  • AMANDA ALVES DA SILVA
  • AMANDA FERREIRA DIAS SILVA
  • AMANDA SILVA MARTINS DOS SANTOS
  • ANA BEATRIZ CAETANO GOUVEIA
  • ANA BEATRIZ DANTAS ROLIM DE LIRA
  • ANA CARLA DE LIMA SILVA
  • ANA CAROLINA LEAL FALVELA
  • ANA CAROLINA STASI
  • ANA CAROLINE DA SILVA OLIVEIRA
  • ANA CAROLINE VIEIRA DE AZEREDO
  • ANA EVELYN BARRETO ARAUJO LOBO
  • ANA KAROLINE LIMA DE CARVALHO
  • ANA LETICIA PEDROSO DOS SANTOS
  • ANA LUIZA MAFRA FERNANDES CONCEICAO
  • ANA PAULA BORGES VIANA
  • ANA PAULA FERREIRA DA SILVA
  • ANA PAULA RODRIGUES
  • ANA VICTORIA MAIA BARBOSA
  • ANDERSON DA CRUZ OLIVEIRA
  • ANDRE AFFONSO MARTINS
  • ANDRE FAJERSZTAJN DE ALMEIDA
  • ANDRE GARDE ALDAY
  • ANDRE HENRIQUE ALVES DA SILVA
  • ANDRE SOUZA MENDES
  • ANDRE TSUYOSHI ITIZYO
  • ANDREIA OLIVEIRA SANTOS
  • ANDREZA FULGENCIO DE SOUSA
  • ANDREZA TAMIRES DA CRUZ
  • ANGELA BATISTA DOS SANTOS
  • ANNA VITORIA CUNHA DE OLIVEIRA
  • ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA PANCA JUNIOR
  • ANTONIO LUIZ RODRIGUES ROCHA
  • ARIANE LUNA BARBOSA
  • ARIANE RODRIGUES FARINELLI
  • ARIANNA MANUELA SALAZAR VELASQUEZ
  • ARTHUR DO NASCIMENTO DE CASTRO
  • ARTHUR MENEZES MEDEIROS
  • ARTHUR PEREIRA DE JESUS
  • ARTHUR RODRIGUES STIEBLER
  • ARTUR AMORIM AGUIAR
  • ARUAN DAMOUS SCHROEDER QUEIROZ
  • ATHILA SANTOS DE ALCANTARA E SILVA
  • BARBARA LUISA SATTO VILELA ADRIAO
  • BARBARA SANTOS GREGORIO DUTRA
  • BARBARA VITORIA RIBEIRO MIRANDA
  • BEATRIZ ALVES CORREA
  • BEATRIZ APARECIDA DO NASCIMENTO
  • BEATRIZ BRUNELLI ZIMMERMANN
  • BEATRIZ CORREA FERNANDES
  • BEATRIZ CRISTINA DE SOUZA SEBASTIAO
  • BEATRIZ DE AZEVEDO CARDOSO
  • BEATRIZ GARCEZ DE PAULA CONCEICAO
  • BEATRIZ LARISSA CRUZ TORRES
  • BEATRIZ MARTINS SIMOES DA SILVA
  • BEATRIZ OLIVEIRA DOS SANTOS
  • BEATRIZ RODRIGUES DA COSTA
  • BEATRIZ RODRIGUES DA ROCHA
  • BIANCA ARGUELHO DE SOUZA
  • BIANCA CAROLINE URIAS ALVES DE LIMA
  • BIANCA CHAGAS
  • BIANCA CONCEICAO DOS SANTOS
  • BIANCA DI PACE VANTINI
  • BIANCA INACIO FERNANDES DE OLIVEIRA
  • BIANCA LACERDA LINHARES
  • BRUNA APARECIDA DE ANDRADE FERREIRA
  • BRUNA BRATFISCH SILVA
  • BRUNA COSTA ALVES
  • BRUNA DA ROCHA MARTINS
  • BRUNA DA SILVA DAMIANI
  • BRUNA DE MATOS VICALVI
  • BRUNA TEIXEIRA BARBOSA
  • BRUNO AMORIM DA ROCHA
  • BRUNO ESCAPELLI GONCALVES FERREIRO
  • BRUNO FERNANDES DE MORAIS
  • BRUNO IROSHI RABELO DE OLIVEIRA
  • BRUNO LOPES SAO PIETRO
  • BRUNO MILFORD DE OLIVEIRA
  • BYANCA GARCIA DE SOUZA
  • CABIAN DAURIA ROCHA
  • CACIELY MARTINS CAMARA SILVA
  • CAIO GAROFALO DE PIERI
  • CAIO LOURENCO LIMA
  • CAIO REZENDE LOPES
  • CAIQUE COBER SOUZA
  • CAIQUE PARISI DE MOURA
  • CAMILA CAMPOS OLIVEIRA
  • CARINA LELLIS GENIOLI
  • CARLOS AUGUSTO PEREIRA DA SILVA
  • CARLOS EDUARDO ALVES DE FREITAS
  • CARLOS EDUARDO DA SILVA
  • CARLOS IGOR DA SILVA RIBEIRO
  • CARLOS RASCIO KLIZAS
  • CARLOS VINICIUS MENDES E SILVA
  • CAROLINA KUREBAYASHI VELLOSO
  • CAROLINA REBELO CABRAL PORTAS
  • CAROLINA ZANDONA GOMES
  • CAROLINE DEL PINO CECCHI
  • CASSIA RIBEIRO COSTA NILO
  • CASSIA TAMIRES PLACIDO FREITAS
  • CASSIA VANESSA DOS SANTOS SILVA
  • CASSIEL LUIZ JESUS SENA
  • CATARINA ALVES DA SILVA
  • CELIA REGINA SILVA
  • CESAR AUGUSTO BORGES
  • CHARLES ROSA DE ALMEIDA
  • CHRISTIAN CAMPOS OLIVEIRA
  • CLARA REGINA DE OLIVEIRA
  • CLARISSA REGINA DE OLIVEIRA
  • CLAUDIA DE OLIVEIRA VAZ
  • CLEITON DE AZEVEDO SILVA
  • CRISTIAN VINICIUS ROCHA PROCOPIO
  • CYNTIA TYEMI SATO
  • DAGOBERTO LUIZ PERRONI JUNIOR
  • DAISY DIAS ARAGAO
  • DANDARA BRAGA SANTOS
  • DANIEL CESAR OLIVEIRA VITORIO DA SILVA
  • DANIEL DA SILVA PEREIRA DANTAS
  • DANIEL LIMA DA SILVA
  • DANIEL MINORU SATO
  • DANIEL NICOLAU DE OLIVEIRA
  • DANIEL VIEIRA OLIVEIRA
  • DANIELA DE CAMPOS MORAIS
  • DANIELA DE MATOS VICALVI
  • DANIELA MARIA LIMA DE OLIVEIRA
  • DANIELA SOUSA SANTOS
  • DANIELE PEREIRA DELGADO
  • DANIELLI ARGUELHO DE SOUZA
  • DANILO GOMES DE MATOS
  • DANILO GONCALVES DOS SANTOS
  • DANILO TAVERNA MARTINS PEREIRA DE ABREU
  • DAVI OLIVEIRA GONCALVES FERREIRO
  • DAVID BEZERRA E SILVA
  • DAVID PRESTES TEIXEIRA
  • DAYANA APARECIDA CATARINO
  • DEBORA CRISTINA DA SILVA MIRANDA
  • DEBORA DE FATIMA DA COSTA FRAMESCHI
  • DEBORA MARTINS RODRIGUES
  • DENI DE PAULA CAVALCANTI
  • DENIS DE CASTRO
  • DERICK DANIEL SANTOS ALCIDES
  • DIANA CATARINA BARBOSA
  • DIANA DA SILVA FERNANDES
  • DIEGO DOS SANTOS AZEVEDO
  • DIEGO LIMA DOS SANTOS
  • DIOGO FULGENCIO DE SOUSA
  • DIOGO OLIVEIRA GOMES
  • DJALMA DE SOUZA BRITO JUNIOR
  • DOUGLAS BRITO SOUSA
  • DUANE FERNANDA CONCEICAO TEIXEIRA
  • EDGAR LOPES SOUZA
  • EDSON FELIPE DA SILVA
  • EDUARDO BARROS BOVINO
  • EDUARDO FERREIRA DE MATOS
  • EDUARDO HENRIQUE GUILHERME DE SOUSA BARRA
  • EDUARDO MOREIRA
  • EDUARDO SILVA BARBOSA
  • ELAINE CRISTINA REIS DOS SANTOS
  • ELLEN BEATRIZ MOREIRA GONCALVES SANCHES
  • ELLEN DE MATOS MOURA
  • ELLEN MOREIRA BATISTA
  • EMANUELE ROCHA MENDONCA PALAZON
  • EMILLY FRANCIELI DA SILVA PEREIRA
  • ENRIQUE TEIXEIRA DE SOUSA
  • ERIC PEREIRA DE OLIVEIRA TACIANO
  • ERIC PEREIRA DOS SANTOS
  • ERICA NASCIMENTO DE JESUS
  • ERICK CAVALCANTE VASCONCELOS LIMA
  • ERICK TEIXEIRA DE SOUSA
  • ERIKA ARAUJO SOUZA
  • ERIVAM ARAUJO SOUZA
  • EVELYN TIEMI KUGUIO DE ALMEIDA
  • EWERTON OLIVEIRA SANTOS
  • FABIANA DE OLIVEIRA VASCONCELOS
  • FABIO HENRIQUE RODRIGUES DA SILVA
  • FELIPE ALVES DA SILVA SANTOS
  • FELIPE DANIEL DA SILVA
  • FELIPE GONCALVES BRAGA
  • FELIPE MESSIAS DA SILVA
  • FELIPE NOVAIS GOMES DE OLIVEIRA
  • FERNANDA DA COSTA POTYE
  • FERNANDA DOS SANTOS VARGES
  • FERNANDA JANAYNA BISPO NASCIMENTO
  • FERNANDA SAMARITANO PEREIRA BAFFICO MELO
  • FERNANDO ALVES DA SILVA
  • FERNANDO VASCO DE SOUZA
  • FILIPE MARTINS SILVA
  • FRANCIELE PEREIRA DOS SANTOS
  • FRANCISCO MAGALHAES RIBEIRO
  • FRANCISCO MUSATTI BRAGA
  • FRANKLES LEY ROSA ALVES
  • GABRIEL ALVES DA SILVA SANTOS
  • GABRIEL AUGUSTO MARTINS
  • GABRIEL BEZERRA BRITO
  • GABRIEL CELESTE SOUZA
  • GABRIEL DE JESUS CRUZ AMORIM
  • GABRIEL DE LUCAS SAMPAIO
  • GABRIEL FELIPE CABRAL ALVES
  • GABRIEL FELIPPE DE SOUSA RODRIGUES
  • GABRIEL FUSCO
  • GABRIEL HENRIQUE DE AMORIM
  • GABRIEL MONIZ
  • GABRIEL MONTEIRO DA SILVA
  • GABRIEL SANTANA DIAS
  • GABRIEL SANTOS ALVES
  • GABRIEL SOUSA SILVA
  • GABRIEL TEIXEIRA GALLEGO
  • GABRIEL ULISSES LIMA BILLAFRANCA
  • GABRIEL VINICIUS DUARTE TEIXEIRA
  • GABRIELA BARROS DE ARAUJO
  • GABRIELA BUZZETTI SANCHES
  • GABRIELA COSTA ALVES
  • GABRIELA DA SILVA PERAZOLLI GARCIA PINTO
  • GABRIELA DE MATTOS COELHO
  • GABRIELA PEREIRA DE JESUS
  • GABRIELA SOUSA SANTOS
  • GABRIELLA COSTA FERREIRA
  • GABRIELLA DE ANDRADE CARDOSO
  • GABRIELLA OLIVEIRA PEREIRA
  • GABRIELLE REGINA DE OLIVEIRA
  • GABRYEL MELCHIORI ARAUJO LUNA
  • GEANE FERREIRA FORTUNATO
  • GEOVANNA PIERAMI
  • GIORGIO BORBA JORGE
  • GIOVANNA APPEL
  • GIOVANNA GABRIELLE BORBA JORGE
  • GIOVANNA PARISI DE MOURA
  • GIOVANNI APARECIDO DELGADO
  • GISELE RODRIGUES BUENO
  • GRAZIELA NASCIMENTO TAVARES
  • GUILHERME DA SILVA LINHARES
  • GUILHERME DA SILVA NARCISO
  • GUILHERME LUIS NASCIMENTO TAVARES
  • GUILHERME MALDONADO TORRES
  • GUILHERME MENDONCA DE SOUZA
  • GUILHERME PAULINO DOS SANTOS
  • GUILHERME THEODORO SILVA LORENCATO
  • GUSTAVO AUGUSTO MAXIMO
  • GUSTAVO BOAVENTURA DA SILVA ROQUE
  • GUSTAVO CERQUEIRA SANTOS
  • GUSTAVO FEULO DO ESPIRITO SANTO
  • GUSTAVO MACEDO NOVAIS
  • GUSTAVO MARQUIOLE MARCONDES
  • GUSTAVO ZANELLA FELICIANO
  • HECTOR FONSECA DOS SANTOS
  • HELENA CRISTINA DE MORAES FRANCA
  • HELENA GALVAO SIQUEIRA
  • HENRIQUE DE SOUZA LIRA
  • HENRIQUE DUARTE
  • HENRIQUE FERREIRA SOARES DA SILVA
  • HENRIQUE GONCALVES BRAGA
  • HENRIQUE SANTOS ROMERO
  • HERICK TOBIAS DE OLIVEIRA
  • HIROMI MIYAZAKI
  • HUDSON DE OLIVEIRA SANTOS
  • HUGO CAICO ARAUJO DOS SANTOS
  • HUGO DE LIMA CARVALHO
  • IAGO DE OLIVEIRA VIANA FERREIRA
  • IAGO SILVA DE CARVALHO
  • IAN CAMARGO FERRARI
  • IAN COBRA SLOVACEK
  • IAN SILVA DE CARVALHO
  • ICARO HUDSON BARBOSA ALVES
  • IGHOR RIBEIRO DE QUEIROZ
  • IGOR ALVES DE SOUZA
  • IGOR DA COSTA PEREIRA
  • IGOR KALANI NOMURA BELZ
  • IGOR OLIVEIRA MARIANO
  • IGOR PASSADOR BRITO
  • IGOR PRADO PINTO
  • IGOR SAVIOLI CONIDI
  • IGOR TREVISAN QUEIROZ DE FREITAS
  • INAIA SILVA DE CARVALHO
  • INGRID CAROLINE DE OLIVEIRA SANTOS
  • INGRID DA SILVA OLIVEIRA
  • INGRID DE PAULA CELESTE SOUZA
  • INGRID KASMIERCZAK PAIXAO
  • INGRID MACHADO CRISTINO
  • INGRID MACIEL DE JESUS
  • INGRID NASCIMENTO DA SILVA
  • IOANNIS CASARINI
  • IRIE AKIO SERRALVO ZAPATER MUNHOZ
  • ISABEL CHAPUIS FONSECA
  • ISABELA DA SILVA SOARES
  • ISABELA FERREIRA DA SILVA
  • ISABELA LUIZA LIMA DE CARVALHO
  • ISABELA MARIA FERNANDES CONCEICAO
  • ISABELLA APPEL
  • ISABELLA DENTELLO
  • ISRAEL LUIZ VAZ
  • IVAN DOS SANTOS ALVES
  • JACKSON BATISTA DOS SANTOS
  • JACKSON DE OLIVEIRA SANTOS
  • JAMES WILLIAM MACIEL DE JESUS
  • JANAILTON VICENTE DA SILVA
  • JANAINA DE MELO FERREIRA
  • JANAINA ROSALEN DE PAULA
  • JANAINA VIEIRA FERREIRA
  • JASMINE MOREIRA
  • JEFFERSON MARTINS DOS SANTOS
  • JESSICA CAMPELO DE SOUZA
  • JESSICA NEIVA DE AZEVEDO CARDOSO
  • JHEFFREY PEREIRA TOBIAS
  • JHONATAN VIANNA LESSE
  • JOAO FRANCISCO MALLMANN FRANCO
  • JOAO LUIS SANTOS DE SOUZA
  • JOAO PAULO ALMEIDA FERNANDES
  • JOAO VICTOR ALMEIDA MAIA
  • JOAO VICTOR ANTUNES SOUSA
  • JOAO VICTOR DE OLIVEIRA BELO
  • JOAO VICTOR MIRANDA LIMA
  • JOAO VICTOR PEREIRA FRANCA
  • JOAO VICTOR VIEIRA PEREIRA
  • JOAO VICTOR VIEIRA PEREIRA
  • JOAO VITOR DO NASCIMENTO
  • JOAO VITOR DOS SANTOS LIMA
  • JOAS MARTINS RODRIGUES
  • JOHNATHAN ORLANDO BARBOSA
  • JOICE OLIVEIRA REIS
  • JONATAS LEAL FALVELA
  • JONATAS MARTINS RODRIGUES
  • JONATHAN SANTOS CRUZ ARAGAO
  • JONATHAS LUIZ VAZ
  • JOSE ANTONIO FERREIRA DA SILVA
  • JOSE BERGAMIN RODRIGUES
  • JOSE HENRIQUE XAVIER DOS SANTOS
  • JOYCE FERREIRA DA SILVA
  • JUAN SOARES SANTOS
  • JUAN VITOR TEIXEIRA SEBASTIAO
  • JUAREZ MATOS DOS SANTOS
  • JULIA BRANCO DA LUZ
  • JULIA DE ALMEIDA CATARINO PEREIRA
  • JULIA DUARTE
  • JULIA KIMIE SATO
  • JULIA MURANO PEREIRA
  • JULIANA CAGGIANO RAMOS MARTINI
  • JULIANA DA SILVA RAMOS
  • JULIANA DE SOUZA SAMPAIO ALVES
  • JULIANA FRANCIULLI MARTINS FERREIRA
  • JULIANA LUCIO DE CARVALHO
  • JULIANA OLIVEIRA DA COSTA
  • JULIANA PETRELLI COLLANGE
  • JULIANA SOUSA SANTOS
  • JULIANA SOUZA DE OLIVEIRA
  • JULIANA TOBIAS OLIVEIRA
  • JUREMA APARECIDA PIRES MACIEL
  • JUSSARA MATOS DOS SANTOS
  • KAIO CESAR SIMAO MOISES
  • KAIQUE GUILHERME DE SOUSA BARRA
  • KAMIXA PEREIRA TOBIAS
  • KARINA DE LIMA BRITO
  • KARINA STASI DA CONCEICAO
  • KARLA KAROLINE TORTORELLI CANO DA SILVA
  • KAROLINI MIQUELINO DE SOUZA
  • KAROLYN CAMPOS FIGUEIRA
  • KATHLEEN DELFINO DA SILVA
  • KATHLEEN FERNANDES DE MELLO
  • KAUA PAULO DE OLIVEIRA
  • KAUA RIBEIRO SANTOS
  • KAUAN CESAR MIQUELINO COELHO
  • KAYAN GARRAMONA SILVA
  • KELLY CHIEMEKA OHANWE
  • KELLY CRISTINA CELIBERTO
  • KEREN FELIZARDO RODRIGUES
  • KETHELLY VITORIA BALDI PIRES
  • KEVIN DOUGLAS VIEIRA SILVA
  • KEVIN PEREIRA SANTOS
  • KEYTH CRISTINA PEREIRA
  • KEZIA FELIZARDO RODRIGUES
  • LAIS YUKARI KANESHIRO
  • LAIZA DE FATIMA FERREIRA MUNIZ
  • LANNA MARIA DOS SANTOS COSTA
  • LARA ANDRESSA ARVATI RIBEIRO DE SOUZA
  • LARISSA APARECIDA COSTA CORDEIRO
  • LARISSA DE NOVAIS GOMES
  • LARISSA DOCAL SPINA
  • LARISSA DOS SANTOS LIMA
  • LARISSA SOUZA BARBOSA
  • LARYSSA HARUMI KUGUIO DE ALMEIDA
  • LARYSSA VITORIA CABRAL DAMASCENO
  • LAYSLA VITORIA DOS SANTOS
  • LEANDRO RIBEIRO QUEIROZ
  • LEONARDO ALVES MODESTO
  • LEONARDO DE SOUZA MENDES
  • LEONARDO GARCEZ DE PAULA CONCEICAO
  • LEONARDO HABIB NOGUEIRA
  • LEONARDO RIBEIRO REIS DA SILVA
  • LEONARDO SIQUEIRA DOS SANTOS
  • LETICIA DA CRUZ OLIVEIRA
  • LETICIA DE FRANCA BARBOSA
  • LETICIA FREITAS CAGGIANO
  • LETICIA IRIS DOS SANTOS RIBEIRO
  • LETICIA RIBEIRO DOS SANTOS
  • LETICIA VIEIRA DA COSTA
  • LIVIA RIZZO MENDES
  • LUAN LIRA VIEIRA
  • LUAN VICTOR SANTOS BARBOSA DA SILVA
  • LUANA NAMIE KAGUIYAMA
  • LUANDA BRAGA SANTOS
  • LUCAS BENEDITO BARBOSA
  • LUCAS CRUZ DA SILVA
  • LUCAS DANIEL DE OLIVEIRA LIMA
  • LUCAS DE LIMA
  • LUCAS ESTEVAN SILVA BARBOSA
  • LUCAS FERNANDES RIBEIRO
  • LUCAS JAMES JERNIGAN
  • LUCAS KALAMI NOMURA BELZ
  • LUCAS LIMA PIRES
  • LUCAS NASCIMENTO BRANCO DA LUZ
  • LUCAS RAFAEL DE OLIVEIRA FERNANDES
  • LUCAS SANTOS DE SOUZA
  • LUCCA RIZZO MENDES
  • LUCIANA COSTA ALVES
  • LUCIMAR DA SILVA OLIVEIRA
  • LUDMILA DE PINHO SOUZA LOPES
  • LUIKE OLIVEIRA DE SOUZA
  • LUIS FELIPE DE OLIVEIRA
  • LUIS HENRIQUE DA SILVA NASCIMENTO
  • LUIS HENRIQUE FERNANDES DE OLIVEIRA
  • LUIZ FELIPE BONI
  • LUIZ FELIPE DA SILVA PEREIRA DANTAS
  • LUIZ FELIPE LEME DOS SANTOS
  • LUIZ FELIPE LEME DOS SANTOS
  • LUIZ GUSTAVO FERNANDES SILVA
  • LUIZ GUSTAVO NOVAES PALHARES
  • LUIZ HENRIQUE ALVES PIRES
  • LUIZ HENRIQUE DOS SANTOS LIRA
  • LUIZA BERGAMIN PORTELLA
  • MACIEL BEZERRA CAMPOS JUNIOR
  • MAIRA COSTA MARTINS DA SILVA
  • MAISHA COBRA
  • MANOELA BARROS DE ARAUJO
  • MANUELA SALATINI TOLEDO
  • MANUELA TOTH CARNAVAL DO NASCIMENTO
  • MARCELA LADISLAO AZEVEDO
  • MARCELO AMORIM AGUIAR
  • MARCELO DOS SANTOS DE LIRA
  • MARCOS PAULO FORTES PEREIRA
  • MARCUS XAVIER DA SILVA
  • MARIA DAS GRACAS LIMA DA SILVA
  • MARIA EDUARDA LADISLAO AZEVEDO
  • MARIA FERNANDA MEDEIROS PRUDENCIO
  • MARIA RAIMUNDA BATISTA DE CARVALHO
  • MARIA VICTORIA FERREIRA LEITE
  • MARIANA ADELIA KUNC DANTAS
  • MARIANA BRANCO DA LUZ
  • MARIANA DE OLIVEIRA SANTOS
  • MARIANA HENRIQUE CARVALHO
  • MARIANA HUANCA IACOMUSSI
  • MARIANA LEAL DOMINGUES
  • MARIANA LIMA BILLAFRANCA
  • MARIANA NICOLAU DE OLIVEIRA
  • MARIANE TREVISAN DE FREITAS
  • MARINA CORDEIRO DE QUEIROZ
  • MARINA FERREIRA DE OLIVEIRA
  • MARUAN TEIXEIRA CALASSO
  • MARVIN HUSSEIN MEIRA SMIDI
  • MATEUS CARLOS DA SILVA SANTOS
  • MATHEUS ABRANTES DE OLIVEIRA
  • MATHEUS ABRANTES DE OLIVEIRA
  • MATHEUS AUGUSTO BENICIO DE ANDRADE
  • MATHEUS BOCUDO DE OLIVEIRA MARTINS
  • MATHEUS BORGES VIANA
  • MATHEUS CATARINO FREITAS
  • MATHEUS DA SILVA BIANCO FAVIERE
  • MATHEUS ESTEVAM DA SILVA BARBOSA
  • MATHEUS FERREIRA DE SOUZA
  • MATHEUS GONCALVES CABRAL
  • MATHEUS LEAL DE CARVALHO
  • MATHEUS PEREIRA DE JESUS
  • MATHEUS PEREIRA TOBIAS
  • MATHEUS RIBEIRO QUEIROZ
  • MATHEUS ROCHA SILVA
  • MATHEUS RODRIGUES
  • MAURICIO VIEIRA DE OLIVEIRA
  • MAURO DE AZEVEDO MARQUES
  • MAYARA DOS SANTOS OLIVEIRA
  • MAYARA GOMES MARIANO MIQUELINO
  • MELISSA GOMES MARIANO MIQUELINO
  • MESSIAS RAMOS DA COSTA
  • MICHAEL FERNANDO SILVA COSTA
  • MICHAEL GYURISICS ANTAL
  • MICHAEL WILLIAN DOS SANTOS
  • MIGUEL NERY DE SANT ANNA
  • MILENE NOGUEIRA VERAS
  • MURILO PIERRE LIMA DA SILVA
  • NAATAN GASA PASCHOALINI LAGOA
  • NAIMA DAURIA ROCHA
  • NAOMI DRUCK DE AGUIAR
  • NAOMI NAMIE KUGUIO DE ALMEIDA
  • NATALIA BATISTA DE SOUZA
  • NATALIA DEL PINO CECCHI
  • NATALIA PERES PEREIRA
  • NATALIA SAMARITANO PEREIRA BAFFICO MELO
  • NATALIE RODRIGUES STIEBLER
  • NATALY FRANCISCA FERREIRA SANTOS
  • NATANAEL SILVA DE NOVAES
  • NATHALIA MAYARA FIGUEIREDO SALES
  • NATHALIA SANTOS PAULA
  • NATHALIA SILVA DE MENEZES
  • NAYARA AGATHA MACHADO ARAUJO
  • NAYARA LIMA DE OLIVEIRA
  • NAYARA NOVAIS DE SOUZA
  • NAYARA RIBEIRO SANTOS
  • NICHOLAS DE OLIVEIRA SENA
  • NICOLAS DOS SANTOS LIEBENBERGER
  • NICOLAS MACEDO BUENO GONCALVES
  • NICOLE ESTEVAM GERARD
  • NICOLE TREVISAN
  • NICOLLE LOUISE MITIE KIMURA
  • OSVALDO DE JESUS SENA ALVES
  • PALOMA DE OLIVEIRA FERREIRA
  • PAMELA FELICIO CARVALHO DE MEDEIROS
  • PAOLA NOMURA SEVERINO
  • PATRICIA APARECIDA LOPES QUINA
  • PAULO HENRIQUE BATISTA DIAS
  • PAULO ROBERTO BISPO NASCIMENTO
  • PAULO SERGIO DOS REIS GONCALVES JUNIOR
  • PEDRO AUGUSTO DA SILVA BORGES
  • PEDRO GABRIEL RIBEIRO MIRANDA
  • PEDRO GHILARDI
  • PEDRO HENRIQUE BARBOSA BERTIM
  • PEDRO HENRIQUE FERREIRA DA SILVA
  • PEDRO HENRIQUE GREGORIO DUTRA
  • PEDRO HENRIQUE ROMANO DE SOUZA
  • PEDRO HENRIQUE SOARES PEREIRA
  • PEDRO IVO BATISTA CORREA
  • PEDRO LETIERI VIEIRA
  • PEDRO RAVEL DA COSTA
  • PEROLA RASCIO KLIZAS
  • PHELIPE FERNANDES
  • PHILLIP VIEIRA GONCALVES
  • PRISCILA MARTINS RODRIGUES
  • PRISCILA VANESSA FULGENCIO DE SOUSA
  • PRISCILLA PEREIRA BIZERRA
  • RAFAEL ALVES FERREIRA
  • RAFAEL DOMINGUES ALVES
  • RAFAEL FERNANDES DE ALMEIDA
  • RAFAEL LASALA DUARTE
  • RAFAEL LIRA VIEIRA KRESKO
  • RAFAEL PERES DE LARA
  • RAFAEL PIRES DE VASCONCELOS
  • RAFAEL ROCHA DE FREITAS
  • RAFAELA DE FATIMA ALCANTARA PENNA
  • RAFAELLA BOCUDO DE OLIVEIRA MARTINS
  • RAISSA BORGES ARAUJO DE ASSIS
  • RAMON FERREIRA OLIVEIRA PAIVA
  • RAONE FERREIRA OLIVEIRA PAIVA
  • RAPHAEL RODRIGUES DA ROCHA
  • RAQUEL APARECIDA DA SILVA MATIAS
  • RAYSSA LARISSA MENDONCA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO
  • RENAN DA SILVA TEIXEIRA
  • RENAN SANTANA HAYASHI
  • RENATA ANTUNES PORTIS
  • RENATA CAMPOS DA SILVA
  • RENATA CAVALCANTE RODRIGUES
  • RENATA DE MELLO DOS SANTOS
  • RENATA TABORDA RIBAS
  • REVERSON DOS SANTOS SILVA
  • RICARDO FERREIRA DA SILVA
  • RICK WITALLO ALVES DA SILVA
  • RODRIGO DOS SANTOS
  • RODRIGO FERNANDES DE OLIVEIRA
  • RODRIGO LUIZ CONCEICAO
  • RODRIGO TAVARES AIRES
  • ROGERIO LUNA BARBOSA
  • RONALDO DE ALMEIDA CECILIO COSTA
  • RONILSON DA CRUZ
  • SABRICIA VIEIRA DA COSTA
  • SABRINA NISHIOKA
  • SAMIRA RODRIGUES DE LIMA
  • SAMUEL CAPRIO GARRIDO MOTTA
  • SANNY BOTECHIA VIVIAM
  • SARA MARIA SOUZA ALVES
  • SARA REGINA DE OLIVEIRA
  • SARAH AUGUSTO BENICIO DE ANDRADE
  • SARAH HABIB NOGUEIRA
  • SAVIO CAMPOS DE SOUZA
  • SERGIO SILVA GONCALVES
  • SILVIO BERNARDINO DIAS
  • SOPHIA CAMARGO GOBERSTEIN
  • STANA MARTA GYURISICS
  • STEFANIE MACHADO CRISTINO
  • STEPHANIE SUCONIC
  • STEPHANNY NOGUEIRA DE ALMEIDA
  • STEPHANY CRISTINA CRUZ TORRES
  • SYLVIO MACHADO RIBEIRO NETO
  • TAMARA DONATO BAPTISTA
  • TAMIRES DA SILVA BARBOSA
  • TAMIRES DOS SANTOS ARAUJO
  • TAMIRES WITIUK DE BARCELLOS
  • TARSILA COBER SOUZA
  • TATIANE SANTOS SOUZA
  • TAYNA ANDRE SAGARIO
  • TAYNA DE MELLO AMORIM ROMANO
  • TAYNARA AQUINO DOS SANTOS
  • THAINA PEDROSO SOARES
  • THAIS DOS SANTOS EVANGELISTA
  • THAIS LIBERAL CAMPOS
  • THAIS RONARA DE LIMA
  • THAIS SILVA RIBEIRO
  • THALITA ANDRADE BEVERARI
  • THALITA SANTANA DE ALMEIDA
  • THALLYS VIANA LEMOS
  • THATYANE CAMILA GUILHERME
  • THAYLA CRISTINE MORAES SILVA
  • THAYSSA GOMES GARCIA
  • THIAGO APOLINARIO DOS SANTOS SOUZA
  • THIAGO AUGUSTO ARAUJO DE SOUZA
  • THIAGO LEAL DOMINGUES
  • THIAGO OLIVEIRA SANTOS
  • TIAGO THOME PIGNATARI OLIVEIRA
  • TIFFANY SANDRINI CRUZ TORRES
  • TOMAS GARCIA LEVY
  • ULLY HERRERA BUSONI
  • VAGNER ROMILDO DA SILVA
  • VALENTINA AMARAL CORREA SA PELEGRINI
  • VANESSA DE OLIVEIRA MARQUES DA SILVA
  • VANESSA MAXIMIANO ROSA
  • VANESSA MAXIMO FERNANDES
  • VANESSA RANGEL DE ANDRADE
  • VANESSA SPACASSASSI CARDOSO
  • VERONICA DE OLIVEIRA SANTOS
  • VICTOR ALEXANDRE FERREIRA DE ALMEIDA
  • VICTOR ANDRADE DA COSTA
  • VICTOR AUGUSTO GOMES CORDEIRO
  • VICTOR DOS SANTOS FERNANDES
  • VICTOR DOS SANTOS SILVA
  • VICTOR GONZALEZ MARQUES
  • VICTOR HENRIQUE SIMAO MOISES
  • VICTOR RODRIGUES DE OLIVEIRA
  • VICTOR VIEIRA RUFINO SANTOS
  • VICTOR VINICIUS DE JESUS REIS
  • VICTORIA OLIVEIRA BARRETO
  • VINICIUS CARVALHO MARTINS
  • VINICIUS RAMOS DE LIMA CAVALCANTE
  • VINICIUS REIS SOUSA DA SILVA
  • VIRGINIA SANTOS PAULA
  • VITOR BRANCO DA LUZ
  • VITOR FRAGA MARQUES
  • VITOR HENRIQUE DE OLIVEIRA
  • VITOR HUGO BARBOSA ALVES
  • VITOR HUGO FERNANDES DE MORAIS
  • VITOR HUGO GONCALVES FERREIRO
  • VITOR HUGO SILVA RIBEIRO
  • VITOR MARTINS DO NASCIMENTO
  • VITOR SPECHT BATISTA
  • VITORIA CAMPOS FIGUEIRA
  • VITORIA DA SILVA TEIXEIRA
  • VITORIA FLORILDES DA CONCEICAO SANTOS
  • VIVIANE BELTRAO ARRUDA
  • WAGNER DE JESUS MONIZ FILHO
  • WAGNER UVA DOS REIS GONCALVES
  • WALLAS RIBEIRO DE MAGALHAES
  • WANDERLEY FERNANDES DOS SANTOS JUNIOR
  • WASHINGTON AUGUSTO TOBIAS DE OLIVEIRA
  • WELINGTON DONIZETE SANTOS SILVA
  • WELLINGTON TAVARES DA SILVA
  • WESLEY DE SOUSA SILVA
  • WILLIAN BRENDO SILVA DOS PASSOS
  • WILLIAN CARDOSO FERREIRA
  • YAGO AUGUSTO DE OLIVEIRA SENA
  • YASMIN SARRO DA SILVA
  • YGOR DE AGUIAR RODRIGUES
  • YNAE DE OLIVEIRA BOMFIM

Equipe

Diretora da Escola

 

  • Ana Elisa Pereira Flauqer de Siqueira

Assistentes da Diretora

 

  • Maria Aparecida Monge
  • Midori Hayakawa

Coordenadoras Pedagógicas

 

  • Regina Helena Gammardella Rizzi
  • Renata Camargo Cortese Baroukh

Educadores

 

  • Adelina de Barros Carneiro
  • Alex Sandro do Nascimento Ribeiro
  • Ana Cristina Anciães
  • Ana Carina da Cunha Marques
  • Ana Elidia de Barros Araujo
  • Ana Lúcia Leibruder
  • Anna Cecilia Koebcke de Magalhaes Couto Simoes
  • Betânia Paranhos dos Santos
  • Carla Rodrigues de Oliveira
  • Cleide Maria Oliveira Portis
  • Cristiane Paiva da Silva
  • Danielle Rocha
  • Edneia Moresse Coelho
  • Egle Brighi Sanches
  • Eliane Regina Munhoz Rosário
  • Eliete Maria Dos Santos Azzato
  • Elisângela Almeida de Souza
  • Elisângela da Silva Costa
  • Gladys Medeiros Pavanello
  • Heleny Soares de Lima Serrano
  • Joana Alves da Silva
  • Joana Alves Portugal
  • José Evando Vieira de Melo
  • Luccas Ribeiro do Couto
  • Luciana Caparro Costa
  • Luiz Carlos Fabre
  • Marcelo Abruzzini Benedito
  • Marcos Eugênio Dias
  • Maria Elisa Bodião
  • Maria Eugenia Santin Guerra
  • Maria Isabel Radanovic
  • Maria Silvia Braga Rios
    • Marose Leila e Silva
  • Marymar Crepaldi Penteado Galli
  • Miriam Regina Scarpelli Rodrigues da Costa
  • Mônica Ulson Brandão Teixeira
  • Rafael Augusto Agena
  • Silvana de Oliveira Martinelli
  • Simone de Castro Paier
  • Solange Maria Pereira Martins
  • Tereza Guimarães da Silva
  • Vilma Cristiane da Silva Petrin

Equipe de Apoio Operacional

 

  • Brasilina Salustiana Rodrigues
  • Marcelo Silveira Da Costa
  • Neide Borges Ferreira
  • Euvaldo Carneiro da Silva

Equipe de Apoio Administrativo

 

  • Douglas Boni
  • Luiz Fernando Neves
  • Terezinha Maria Da Silva
  • Thais Helena Crisostomo Marques
  • Benivaldo Bezerra de Albuquerque
  • Cláudia Prates Leme de Souza
  • Fagner de Paiva Siqueira

Capoeira

 

  • Alcides De Lima (Mestre)
  • Adelvan De Lima (Esquilo)
  • Emerson Marinheiro (Lagarto)
  • Fábio Rocha (Soneca)
  • Mário Sales (Gaúcho)
  • Paulo Henrique (Barauma)
  • Rodrigo Garcia Martins (Pança)

Informática

 

  • Elaine Malaspina
  • Luís Gustavo Baruel

Oficineiros

 

  • Flávia Moretti Ferrari
  • Suzana P. B. Arruda
  • Vania Dos Santos Meira

Estagiária

 

  • Estela Rosa Silva

Educadores Voluntários

 

  • Fernanda Ferrari
  • Kimberly Cober
  • Massumi Guibu
  • Regina Chaves
  • Regina Moretti
  • Shane Dale
  • Vania Carvalho
  • Ana Paula Musatti Braga
  • Luis Braga
  • Simone Camargo Silva
  • Tarsila Krücken Martin
  • José Luiz Catão Dias
  • José Carlos Iacomussi
  • Ílio De Nardi Jr.
  • Júlia de Carvalho Catão Dias
  • Ederon Marques

História do Desembargador Amorim Lima

História do Desembargador Amorim Lima

Alexandre Delfino de Amorim Lima era filho de José de Amorim Lima (tenente-coronel) e Georgina Delfino de Amorim Lima. Nasceu no Rio de Janeiro, no dia 3 de maio de 1896.
Neto do poeta Luiz Delfino, Amorim Lima veio para São Paulo aos 8 anos. Iniciou seus estudos no antigo Colégio João de Deus, ingressando mais tarde no Instituto de Ciências e Letras. Após o secundário, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, colando grau de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 1917. Serviu como delegado de polícia a partir de 1919, nos municípios paulistas de Batatais, Itatiba, Socorro, Ipaussú e Cerqueira César.
Em maio de 1923, ingressou na magistratura, iniciando-se como juiz de direito substituto do então Distrito Judicial com sede em Palmeira.
Em 1926, foi nomeado juiz titular da Comarca de Ubatuba; em 1927, removeu-se para Areias; em 1928, foi promovido à juiz de direito de Pirajuí; em 1933, foi promovido para a Comarca de Itápolis, onde permaneceu até 1935.
Passou a juiz da 7ª Vara Cível na Capital (S.P.) em 1935, de onde foi guindado para o Tribunal de Apelação. Durante o estado de sítio serviu como juiz comissionado para a inquirição dos presos políticos, nos termos da Constituição Federal de 16 de julho de 1934. Com o aparecimento do novo Código de Processo Civil, fez parte do grupo de juízes que publicou uma série de comentários a esse importante estatuto legal, encarregando-se dos primeiros 22 títulos do Livro IV.
Foi promovido a desembargador em 1941, ingressou na Segunda Câmara Criminal. No Tribunal de Justiça, emprestou brilho excepcional aos julgamentos por 24 anos. Ali foi também corregedor geral de junho de 1943 a dezembro de 1947.
De 1942 a 1943, atuou na 1ª Conferência de Desembargadores, quando se discutia o novo Código Penal da República, e, em 1942, participou do Primeiro Congresso Nacional do Ministério Público, em São Paulo.
Foi eleito presidente da Corte de Justiça de São Paulo, para um biênio, 55/56, após o qual passou a integrar a primeira Câmara Criminal.
Amorim Lima foi pregador notável da ordem jurídica e da soberania da lei, na disputa dos direitos. Na Magistratura Civil e Penal, com a eloqüência que difundia os seus votos que eram um primor de profundeza jurídica e elegância de forma, elevou seu prestígio a mais alta admiração, inscrevendo o seu nome dentre os maiores juízes de todos os tempos.
Aos ditames da lei penal, jamais faltou o seu coração, para que a justiça não fosse insensível ao grande drama da humanidade. Em sua carreira de juiz, deixou a lição magistral de seus excepcionais dotes, para a função que tanto dignificou.
Assim, de Amorim Lima, pode-se afirmar que foi um jurista emérito, que, além das eruditas lições contidas em suas sentenças, votos e acórdãos, enriqueceu as letras jurídicas do País com vários trabalhos doutrinários, que bem revelam seus magníficos dotes intelectuais.
Foi casado com Anna Cândida Rocha de Amorim Lima. Faleceu no dia 12 de janeiro de 1966.

Texto Retirado do livro: “Identidade”
Prefeitura Municipal de São Paulo
Secretaria Municipal de Educação.
Patronos das Escolas Municipais de São Paulo
Ensino Fundamental
Ensino Fundamental e Médio
Educação Especial
Página 32

História da Amorim Lima

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima surgiu de uma escola isolada, a primeira Escola Isolada da Vila Indiana, situada na Rua Corinto, s/nº, em São Paulo, tendo como sua organizadora e dirigente a professora Yolanda Limongelle, nomeada pela Portaria publicada em D.O.M. (Diário Oficial do Município) de 19/11/1956, tendo iniciado exercício no dia 20/11/1956.

Pelo Decreto nº 4.570, de 18 de janeiro de 1960, são criadas e instaladas outras classes, passando à categoria de Escolas Reunidas de Vila Indiana, Pelo Decreto nº 7.440, de 10 de abril de 1968, passou a denominação de Escola Agrupada Municipal de Vila Indiana, com 14 classes.

A partir de 15 de março de 1968, a escola passou a funcionar em prédio próprio, de alvenaria, à Rua 5, s/nº, atualmente denominada Rua Professor Vicente Peixoto, s/nº.

Pelo Decreto nº 8.984, de 27 de março de 1969, passou a denominar-se Escola de Primeiro Grau “Desembargador Amorim Lima”.

Essa última denominação foi mantida até 31 de dezembro de 1998, a partir de 1999, com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em 1996, Lei nº 9.394, passou a denominar-se Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima. Quando obteve seu próprio regimento escolar nos termos da referida lei, da indicação do Conselho Municipal de Educação nº 04/97 e da Portaria da Secretaria Municipal de Educação nº 1.971/98, o qual foi aprovado pela Portaria nº 001/99 publicada em D.O.M. do dia 02 de fevereiro de 1999.

Escola Heterogênea

A área em que o projeto se insere é compreendida pelo distrito do Butantã, situado na região oeste do município de São Paulo. Sua área é de 12,5 km2, na qual se encontra uma população estimada em 50.737 habitantes, no ano de 2004, numa densidade demográfica de 4.058,96 habitantes por km2. De acordo com informações obtidas na subprefeitura local, a atividade econômica da área em que está situado o distrito do Butantã é concentrada no setor de serviços, com 61% da população economicamente ativa. A área do distrito é bastante heterogênea, do ponto de vista sócio-econômico, abrigando, de acordo com o Censo Demográfico de 2000, além dos 16.388 domicílios permanentes regulares, também 31 domicílios improvisados e 432 domicílios coletivos, que se distribuem entre vários pontos do mesmo. Examinados os dados relativos aos rendimentos das pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, levantados no referido Censo, observa-se uma concentração na faixa de renda maior que dez salários mínimos, o que se explicaria pela grande presença de docentes da Universidade de São Paulo (USP), localizada no distrito. Há, porém, um contingente de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares de cerca de 20%, que recebem rendimentos de até três salários mínimos e 6,16% delas, sem nenhum rendimento. A clientela da EMEF Amorim Lima, que alcança 19,6% da população situada na faixa etária entre 7 e 14 anos (4.294 habitantes, segundo projeção para 1.o de julho de 2004, da Fundação SEADE), reflete essa heterogeneidade sócio-econômica, pois tem, em seu corpo discente, alunos de todas as classes sociais, com predomínio dos que são membros de famílias de menor nível de renda. Do ponto de vista da formação solidária, essa heterogeneidade é altamente enriquecedora, conforme se observa na experiência da própria escola: alunos oriundos de famílias de renda muito diferenciada entre si estabelecem vínculos de amizade que favorecem a troca de experiências de vida.

A área dispõe de espaços científico-culturais importantes, como a Universidade de São Paulo e o Instituto Butantan, com os quais a EMEF Amorim Lima mantém relações de cooperação, seja no âmbito didático strictu sensu _ apoio das faculdades de Educação, Geociências, Estação Ciência e Psicologia da USP para as atividades de ensino – , seja no âmbito cultural, através de visitas e utilização pelos alunos das instalações culturais.


Vigilantes da Natureza


VIGILANTES DA NATUREZA

A história da Educação Ambiental em nossa escola começou em 1998 quando criamos um grupo de alunos de 5ª à 8ª série, chamados “VIGILANTES DA NATUREZA”, que se reunia semanalmente para discutir e atuar em benefício do Meio Ambiente.
O trabalho de sensibilização era meta fundamental em nossos encontros. Para estimular o grupo, fazíamos lanches naturais, como por exemplo, pão de cenoura, hambúrguer de abobrinha, suco de couve, erva cidreira, beterraba etc.
Procurávamos fazer entender a importância de cuidar do Meio Ambiente que começa no seu interior, no seu corpo e onde vive (casa, rua, bairro, cidade, escola).
Mostrávamos sempre que através de pequenas ações no dia-a-dia garantíamos vida saudável e praticávamos o exercício de cidadania.
Várias ações são desenvolvidas através de oficinas de artes, vídeo, horta, jardinagem, reciclagem, mosaico, tecelagem, pintura etc.
Produzimos viveiros, composteiras, murais, folders e jornais; produzimos papel artesanal, música, rap, concurso de redação com premiação e muita lição.
Estudamos vários textos sobre a história do lixo em São Paulo e entendemos e/ou aprendemos que o lixo deve ser reciclado e gerenciado principalmente em se tratando da cidade de São Paulo, onde se produz 18 mil toneladas/dia de lixo.
O Grupo Vigilantes da Natureza tem a responsabilidade ambiental de cuidar das caixas de reciclagem das salas de aula, regar as plantas, cuidar da horta, vistoriar as torneiras, produzir cartazes enfocando atitudes ecologicamente corretas, enfim cuidar da escola.

Equipe Responsável pelo Projeto:

• Adelina de Barros Carneiro
• Regina Moretti
• Fernanda Moretti Ferrari.
• Elen Cristina Faht


Sementes de Maracujá

Na oficina de Educação Ambiental, os alunos do 1º ano prepararam sementeira de maracujá que foram plantadas em tubetes. Acompanharam todo o processo de germinação e pesquisaram que o maracujá amarelo é originário da América Tropical, com mais de 150 espécies nativas.
É uma planta pendente, que se alastra pelos muros, formando belíssimas cercas vivas. O maracujá é uma fruta muito consumida, cuja polpa, muito suculenta, é usada para sucos, sorvetes, bolos, doces, mousses etc. Sua casca é fitoterápica – fonte de vitaminas e minerais.
Após atingir cerca de 5 cm de crescimento os alunos transplantaram as mudas de maracujá em saquinhos e levaram para plantar em lugar que tenha sol na sua casa ou em uma praça.
As sementes eram tão férteis que todas germinaram. O grupo “Vigilantes da Natureza” ganhou mudas e ainda sobrou um pouco para doar à comunidade.”

Atividade realizada em setembro de 2008. Veja mais fotos em Sementes em tubetes.

Veja fotos do prosseguimento do trabalho, em Vigilantes 01outubro2008.

Professora Adelina de Barros Carneiro


Oficina de Serigrafia realizada em 29/05/08

No dia 29 de maio de 2008 a Professora Adelina coordenou uma oficina de serigrafia para estampar o novo logo da Oficina em camisetas dos alunos. O logo foi concebido por Massumi Guibu, arquiteta e designer colaboradora da escola, umas das coordenadoras da Oficina ARTEcomCIÊNCIA. Veja mais fotos em Oficina 29 de maio.


Grupo vigilantes da Natureza produz Calendário do Advento, reciclando telas de silk screen já obsoletas e molduras recolhidas de caçamba nas ruas…

Dezembro – 2007


Terrário

O Terrário é um ecossistema engarrafado que permite observarmos o ciclo da vida. Essa idéia foi desenvolvida por acaso pelo botânico amador Daniel Ward quando observava uma crisálida de borboleta dentro de uma garrafa. A terra da garrafa tinha uma raiz de samambaia misturada e ela brotou e cresceu. Ele testou outras plantas e concluiu que, com um pouco de luz e umidade, os vegetais poderiam viver por anos num ambiente lacrado.

Parece uma coisa simples, mas graças ao terrário, mudas das mais variadas plantas puderam atravessar os oceanos sem sofrerem danos.

Partindo dessas informações os “Vigilantes da Natureza” desenvolveram uma pesquisa e criaram o seu próprio terrário.

Telas de frapos de tecidos

O grupo Vigilantes da Natureza que tem encontros semanais para conversar sobre a impontância de cuidar do meio ambiente onde vive, confeccionou telas de frapos de tecidos, as quais foram produzidas à acrílica. No próximo encontro cada um deverá dar título à sua obra.
Produzindo arte com reciclagem garante-se um compromisso de trabalho baseado na sustentabilidade. Este é o nosso grande compromisso.

Defensores do Mar

Os alunos do 3º e 4º anos puderam participar de um projeto muito especial, nos dias 06 a 10 de dezembro de 2010, coordenado por estudantes da Faculdade de Oceanografia da USP. Em grupos, as crianças participaram de diversas atividades lúdicas e artísticas sobre os seres do mar.